Coma, por favor.

No final, eu já tinha me acalmado e voltado a ficar nervosa só porque ele está me ignorando.

Ouvi conversar do lado de fora, deixe o jantar aqui e vá embora, eu não quero ninguém rondando o chalé por motivo nenhum, entenderam?

— Sim, senhor.

O silêncio reinou de novo, aí ouvi a chave girar na porta e Tony entrou com uma bandeja com o jantar, colocou na bancada, voltou e fechou a porta.

— Boa noite, Ragazza, está mais calma?

Veio até perto de mim e me abraçou. Continuei parada, feito uma estátua, desceu as mãos pelos meus braços, pegou minha mão e beijou.

— Você não vai dar boa noite para seu noivo?

Continuei parada, ele me pegou no colo e sentou na beira da cama, começou a beijar meu pescoço, cheirou meu cabelo e me beijou nos lábios. Eu me mantive firme sem reação.

— Não faz assim, sei que você me deseja, eu quero muito possuir seu corpo e falar para todos que você é minha mulher.

Ele levou a mão por dentro da blusa e tocou no meu seio. Dei um pulo e fiquei de pé, peguei a faca da mesa e apontei para ele.

— Não encosta em mim, eu não te dei essa liberdade, não quero você, eu não te conheço.

— Beatrice, você vai ser minha esposa querendo ou não, eu não vou renunciar a te ter em minha cama.

— Pois vai ter que me obrigar, por bem não vou.

— Eu estive em reunião até agora, estou cansado e vou tomar um banho, depois vamos jantar, quero sua companhia.

— Pode jantar sozinho, não tenho fome.

— Vem tomar um banho comigo, vou te ensinar como me satisfazer embaixo do chuveiro.

— Nem em sonhos, vou deixar você me tocar, eu tenho nojo de você.

— Veremos, minha Ragazza.

Ele entrou para tomar banho e eu fiquei ali, sem saber o que fazer, estou fechada nesse quarto com ele, o que será que Tony está planejando?

Alguém bateu na porta.

— Quem está aí? Mãe, é você?

 — Não, Lara, sou eu o Rodrigo, avisa o Don que a encomenda dele já está aqui, e se comporta que seu noivo é um homem bom.

Ouvi Rodrigo indo embora, comecei a chorar, mas ouvi a porta do banheiro abrindo e parei, não vou dar esse gostinho para ele.

— Seu capanga veio trazer sua encomenda.

— Ele não é meu capanga, é meu Consiglieri é bem diferente.

— Achei que pelo menos ele ia tentar me ajudar.

— Sou a lei, ninguém vai me enfrentar, principalmente porque você me pertence.

Eu não tinha me virado para falar com ele, quase perdi o fôlego, ele só colocou o short do pijama e o cabelo molhado, aquele peito definido. Quando cheguei no rosto, ele estava com um sorriso malicioso.

— Você quer tocar, te dou permissão, você deve lembrar como é a sensação.

 — Tocar no quê?

— Em mim, você está aí me comendo com os olhos.

Virei de costas para ele e fechei os olhos.

— Não quero nada com você.

 — O engraçado é que até ontem, quando você não sabia quem eu era, estava pronta para pular na minha cama.

Quando senti o cheiro dele tão perto de mim, sabia que estava quase encostado, mas quando ele falou perto da minha orelha, eu arrepiei inteira.

— Vira de frente comigo, Lara Beatrice, eu sou o mesmo homem que esteve com você no jardim, no parque, o mesmo que te tocou e te ensinou a ter prazer.

Senti suas mãos nos meus ombros, me fazendo virar, pegou minha mão e colocou no peito dele, senti um beijo no pescoço.

— Abre os olhos, Ragazza, eu estou aqui com você.

— Não quero, o que você fez comigo, não tem perdão, você me traiu.

— Só não te contei quem eu era, mas te dei meu nome, e você achou mesmo que seu segurança estava doente e não tinha outro para colocar com você? Fala a verdade, se não para mim, mas para você. Estava desconfiada de quem eu era, só não teve coragem de somar os pontos.

Senti ele pegar minha mão e deslizar pelo peito dele, subir com ela e colocar no rosto e lamber a palma, puxei a mão rapidamente e ouvi ele rindo.

Abriu a porta e eu abri o olho, curiosa para ver o que ele ia pegar, trouxe uma mala para dentro.

— São suas coisas, se você quiser tomar um banho e vestir roupas limpas, fique à vontade.

— Você mandou fazer minha mala?

— Claro, não quero que ninguém pense que maltrato minha noiva.

 — Você é um hipócrita.

 — Cuidado com suas palavras, eu sou o Don, e em público não vou admitir que me xingue.

— Fique tranquilo, passei minha vida inteira aprendendo a ser uma boa esposa e saber tudo o que posso ou não posso fazer para te agradar, serei uma boa esposa.

— Vamos jantar, Lara.

— Não estou com fome, pode comer.

 — Vai fazer greve de fome?

 — E se eu fizer, o que você vai fazer?

 — Vou fazer você comer, sente-se aqui perto de mim e coma.

— Não vou, você não manda em mim.

Vi ele fechar os olhos tentando manter a calma, vou tirar ele do sério, quem sabe se ele me machucar, meus pais me tiram daqui.

— Beatrice, para de ser teimosa e vem sentar aqui, não gosto de ser contrariando.

— Não vou, a comida vai me fazer mal, eu não suporto ficar olhando para sua cara.

Vi ele passar as mãos nos cabelos e levantar, fechei os olhos e me preparei para o tapa, porque meu pai, quando levantava, em seguida vinha o tapa.

Se passaram alguns segundos e nada, abri os olhos e Tony estava a centímetros de mim, ergueu a mão e tirou meu cabelo do rosto.

Se aproximou e me beijou, começou me lambendo o lábio, depois foi aprofundando o beijo e quando vi já estava com minhas mãos no meio dos cabelos dele, me deliciando com as sensações que ele me causa.

Sou uma fraca mesmo, ele sabe exatamente como me dobrar.

De repente, ele parou, me ergueu do chão, me colocou sentada na cadeira e me disse:

— Coma, por favor.

“Antônio”

Ela está fazendo deliberadamente, me conhece muito bem, quer me tirar do sério.

Será que vai ser assim agora? Vou ter que brigar com ela por tudo, disse que não vai comer e que eu não mando nela, me chamou de hipócrita, disse que a comida vai fazer mal.

 Eu não aguento, levantei e fui para o lado dela, nunca bati em uma mulher, só fui para tentar acalmá-la, mas ela fechou os olhos e se encolheu esperando uma agressão, parece um bichinho acuado.

Minha ragazza, não vou te bater, vou te amar tanto que vai esquecer as agressões que sofreu. Fiquei parado a centímetros dela, eu só ia pegá-la no colo e levar até a mesa.

Mas aqueles olhos verdes me atraem, tirei uma mecha de seu cabelo do rosto, abaixei e peguei o que é meu, e já estou sentindo falta.

 Ela amoleceu em meus braços, eu aprofundei o beijo, ela subiu as mãos e passou nos meus cabelos, quase perdi o controle, mas parei o beijo, levei-a até a cadeira e, com muito custo, me afastei. Você vai voltar a me olhar com amor, vai sim minha Ragazza.

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