Você vai para a Itália comigo.

“Lara”

Outro dia, o Tony colocou o dedo dentro de mim e eu já achei muito, como que aquilo tudo vai caber em mim?

Nossa, acho que não vou conseguir, o que faço? Senhor, me dê uma luz.

Vou fingir que aceitei essa situação, mas vou achar um jeito de fazer com que ele desista de mim, mas tenho que me acalmar para que ele não perceba que não quero ele.

Tony entrou no banheiro e, com as mãos no jeans, ficou me olhando. Eu não consigo olhar nos olhos dele, como vou falar para ele que não vai dar, que ele não cabe em mim? Vi ele tirar as mãos do bolso e vir perto, eu me encolhi mais por instinto de preservação do que por medo.

— Beatrice, fala comigo, por que você está com medo de mim de novo?

 — Não estou com medo de você, estou com medo de não conseguir te satisfazer, continuo achando que seu amigo não cabe em mim, ele é muito grande.

 — Vem comigo, sai desse banheiro.

 — Peguei a mão dele e fui de volta para a cama.

 — Vamos viver um dia de cada vez, só vamos testar se você está certa quanto ao meu amigo quando você fizer 18 anos, até lá só brincaremos de outras formas.

 — Vou tentar me acalmar.

— Preciso conversar duas coisas com você.

— Pode falar, eu estou pronta para te ouvir.

Dei risada do jeito dela, mas sei que a calma vai acabar assim que eu abrir minha boca.

 — Primeiro, vou te deixar livre, pode voltar a dormir em sua cama.

 — E se eu não quiser sair daqui?

— Você pode ficar, mas todos vão comentar.

— Estou presa com você já faz duas noites, você não acha que já estão falando?

 — Tem razão, faça como você quiser.

 — E a segunda coisa.

 — Vou voltar para a Itália no final de semana.

— Mas achei que você ia ficar até o casamento.

— Não posso ficar tanto tempo longe.

— Tudo bem, nós podemos falar toda noite, eu vou morrer de saudade.

 — Não vou deixar você aqui, vou te levar comigo.

— Mas nós não estamos casados, isso vai ser ruim, não vai dar.

— Beatrice não é uma opção, não vou te deixar aqui, minha mãe mora comigo, você vai estar segura.

 — Minha nossa, eu vou embora do país.

 — Hoje à noite jantamos com seus pais e vou avisar minha decisão.

— Mas Don, eu não posso simplesmente largar tudo e ir com você.

 — Minha Ragazza, você vai comigo, espero que seja por bem.

— Já que não tenho opção, vou com você, mas nestes seis meses, se nós não conseguirmos nos entender, você me traz de volta.

— Tem a minha palavra.

“Lara”

Consegui a palavra dele, sei que vai cumprir, é só eu fazer dar errado e vou voltar para casa.

Resolvi continuar fingindo para que ele não voltasse, levantei, fui perto dele e sentei em seu colo, lhe dei um beijo, passei as mãos no meio dos cabelos dele e senti ele me abraçando. Agora você está em minhas mãos, e todo mundo tem medo da sua inteligência.

Logo ele parou de me beijar, pegou minha mala e me levou de volta até a casa.

Batemos na porta e minha mãe veio atender. Quando me viu, correu para me abraçar, preciso manter a pose.

— Filha, deixa eu ver você.

Pegou meus braços e olhou os hematomas, olhou meu rosto.

— Você está machucada? Tem algum lugar que dói?

— Não, mãe, estou bem, foi só um desentendimento, mas já resolvemos, não é Antônio?

— Sim, minha Ragazza.

— Filha, você vai ficar aqui?

— Só até sexta-feira, depois vou com Antônio para a Itália.

Meu pai, que até então estava quieto, ficou vermelho e começou a falar.

— Do que você está falando, menina? Faltam seis meses para você fazer 18 anos.

Antônio entrou na frente, não o deixando chegar perto de mim.

— Rocco, se acalma, ela só está comunicando a vocês a minha decisão.

 — Como vai ser isso, você vai levá-la como sua noiva ou amante?

— Olha como você fala, nunca se esqueça de que sou o Don, e já tomei minha decisão, sua filha vai comigo e assunto encerrado.

Minha mãe me pegou pelo braço e me levou para cima.

— Vamos subir, minha filha, você deve querer separar suas coisas.

Antônio me chama de volta.

— Ragazza volte aqui, se despeça do seu noivo de um jeito adequado.

Fui até ele e dei um beijo no rosto, por respeito à minha família. Ele me abraçou e me beijou na testa.

— Volto à noite para jantarmos juntos.

— Tudo bem, tchau, até mais tarde.

Subi com minha mãe para meu quarto, entrei e tranquei a porta.

— Mãe, eu vou te contar meus planos, para a senhora ficar mais tranquila.

— Que planos?

— Mudei minha tática, vou ser compassiva com ele, vou fazer coisas que a senhora vai desaprovar, mas no final vou voltar para casa e ele que vai me trazer de volta.

— Filha, ele está te levando para morar com ele, como vai ser isso?

 — Ele me prometeu que só vai consumar o casamento na noite de núpcias, e que se nesses seis meses nós não conseguirmos nos entender, ele me liberta.

 — Ele prometeu isso?

— Sim, prometeu, e eu sei que ele é um homem de palavra e vai cumprir.

 — E se você se apaixonar por ele?

— Aí eu me caso, e vou viver com meu amor, mas se não acontecer, venho embora.

— Tá bom, filha, vou confiar em você e tomara que tudo aconteça como você planejou.

Nos abraçamos e logo ela se foi, eu fiquei sozinha com meus pensamentos, vou mostrar para aquele Capo que não vou me dobrar tão facilmente.

Fiquei no quarto a manhã toda, minha mãe veio me chamar para almoçar, desci, almocei com eles, depois peguei meu livro e fui sentar no meu pergolado. Vou sentir saudades dos beija-flores.

 Me deitei no banco e fiquei olhando como eles são tão delicados e fortes ao mesmo tempo, não sei quanto tempo fiquei ali, mas acabei dormindo, acordei com um beijo.

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