— Não…., quero uma roupa de jardineiro, vou me aproximar dela sem que ela saiba quem sou.
— Como? Não entendi.
— O senhor não falou que ela destruiu o canteiro de rosas.
— Sim, falei.
— Então, eu sou o jardineiro que o senhor contratou para arrumar, e ninguém vai falar para ela quem sou, tem um lugar fora da casa em que eu possa ficar?
— Tem um chalé, não é muito grande, mas é confortável.
Virei para Rodrigo.
— Leve minha bagagem lá para esse chalé, e deixe a chave embaixo do tapete, volte e fique aqui com seus pais, e se ela perguntar por mim, diga que tive que voltar para a Itália e virei outro dia conhecê-la.
Rocco ainda tenta me fazer desistir.
— Don, não acho isso uma boa ideia, minha filha é geniosa e inteligente, se perceber vai ficar mais revoltada do que já está.
— Por quê? O senhor está me escondendo alguma coisa a respeito de Lara.
— Não…. Ela está sendo bem guardada para o senhor, não é disso que se trata.
Odiei o jeito que ele falou dela, como se ela fosse um objeto, mas por agora não vou retrucar, ouvi um movimento, me virei e vi uma versão mais velha de Lara.
— Bom dia! Senhora.
— Bom dia. Querido, não sabia que teríamos visitas, e ainda chegaram bem no meio de uma de suas brigas com nossa filha.
— Eu também não sabia, querida, que Don Antônio viria em nossa casa.
Ela mudou até as feições, olhou ao meu lado e viu Rodrigo, correu até ele e lhe deu um abraço afetuoso.
— Rodrigo, que homem lindo você se tornou, sejam muito bem vindos à nossa casa.
Rocco falou com ela.
— Cristina, Don quer se disfarçar de jardineiro para se aproximar de nossa filha.
Ela olhou divertidamente para mim, começou a rir.
— Don, minha filha é inteligente, astuta, tome cuidado para ela não descobrir de primeira, mas vai ser divertido, vou auxiliar no que o senhor precisar.
— Pode me chamar de você, e agradeço a ajuda, mas acho que dou conta de uma menina.
— Não subestime Lara, ela sabe ser geniosa. Pode ser inocente em alguns aspectos, mas em outros conhece bem nosso mundo.
Rocco fala para Cristina.
— Lara destruiu o canteiro de rosas que plantei para você.
— Nossa, a briga dessa vez foi feia, eu achei que logo vocês iam parar.
— Foi feia, ela gritou comigo e me mandou matá-la.
Cristina vira para mim e pergunta:
— E o senhor presenciou toda a discussão?
— Só o final, mas vi o tapa que Rocco deu nela, também.
Cristina colocou a mão na cintura e disse para Rocco.
— Você bateu nela de novo? Sabe que isso só vai piorar as coisas.
“Antônio”
Resolvi parar com a conversa, isso não vai levar a nada.
— Vamos resolver as coisas antes que Lara entre e estrague meus planos, quero ver como estão as rosas.
Cristina olha para Rocco com uma pergunta nos olhos.
— Como Lara destruiu o canteiro de rosas, Don vai ser o jardineiro que contratamos para consertar.
— Entendi, por favor, me acompanhe Don, vou arrumar uma roupa de jardineiro que te sirva.
“Cristina”
Nossa! O noivo da minha filha é tão forte que só de olhar para ele dá um frio na barriga, mas, ao mesmo tempo, já gostei dele porque defendeu minha filha da fúria do pai dela, achei uma roupa que vai ficar boa nele, pelo menos acho que vai.
Entreguei e ele entrou no banheiro da cozinha para se trocar. Quando saiu sem a boina, é que vi a cicatriz em seu rosto e vi que ele ficou desconfortável com meu olhar, mas logo superou, jogou o cabelo cobrindo e voltou a sua pose superior.
— Tenta manter seu ar de Capo italiano escondido, senão ela não vai acreditar que você é só um jardineiro, e arranje uma desculpa para esse sotaque.
— Pode deixar que sei o que fazer, pede para seu marido chamar o guarda de volta e orientá-lo, que quando eu estiver com Lara ele deve se afastar, se possível sumir.
— Vou falar, mas ela vai estranhar, o guarda é quase uma sombra dela, nunca a deixa sozinha.
— Ele fica com ela até em casa?
— Não precisa ficar com ciúmes do Marcos, ele é fiel ao Rocco e nunca sequer falou com Lara.
— Eu só achei exagerada o tanto de proteção.
— Quando conhecer, Lara vai entender.
— Eu não quero ninguém vendo nós dois juntos.
— Tudo bem, tome cuidado, ela é esperta.
— Sei me cuidar, eu cuidarei de sua filha com minha vida, ela vai estar protegida enquanto estiver comigo.
Saí para o jardim, sempre gostei de plantas em casa, tenho os jardineiros, mas, sempre que posso, também ajudo a cuidar das rosas. Logo vi o segurança, cheguei perto dele e fiz sinal para ir para a casa. Ele olhou para mim sem entender.
— Vá e fale com D. Cristina que ela vai te explicar.
— Tenho ordens para não deixar a senhorita Lara sozinha, ainda mais com um homem estranho por perto.
— Cuido dela, vá lá falar com a D. Cristina agora. Isso é uma ordem.
Vi ele ir contrariado e virei dar uma olhada em minha noiva, ela está deitada no banco de madeira chorando, ela tem um corpo lindo, cintura fina, seios fartos e um belo traseiro. Fiquei parado pensando em como me aproximar, tem que ser de um jeito que pareça natural.
Peguei o material de jardinagem, dei a volta e vim para passar em frente ao banco.
Passei rente ao banco como se não tivesse a visto ali, quando minha perna roçou o braço dela que estava esticado, ela se levantou em um salto e gritou. Eu fingi que me assustei com o grito dela e deixei tudo que estava em minhas mãos cair no chão.
Coloquei a mão no coração e falei:
— Nossa, ragazza, você me assustou.
Ela olhou para trás à procura do segurança, voltou a olhar para mim.
— Quem é você? Como se atreveu a encostar em mim?
— Sou o jardineiro, vim devido às rosas.
Lara olhou para trás, para o canteiro de rosas destruído e deu uma torcida no nariz.
— Meu pai, que te mandou cuidar das preciosas rosas dele? Dessa vez, ele foi rápido.
— Sim, senhorita, ele me disse que uma praga destruiu o canteiro todo.
Vi uma fagulha passar por aqueles olhos verdes, que agora vendo de perto parecem me hipnotizar.
— Uma praga em… Pois, vai lá fazer seu serviço e não chegue muito perto de mim, porque eles serão capazes de arrancar seus olhos só por me olhar e, como falou comigo, acho que vai perder a língua também.
Me fiz de desentendido.
— Não entendo, ragazza, por que não posso te olhar? Você é uma beleza.
— Porque sou igual a esse canteiro de rosas que você vai cuidar, faço parte da casa e ninguém pode se aproximar, tenho um dono ciumento.
— Posso saber pelo menos seu nome.
— Olha, eu tenho sempre um segurança comigo, e ele não vai gostar se te ver falando comigo. Se você tem amor à sua vida, fique longe de mim.
— Você tem uma doença contagiosa?
— Tenho, se chama Antônio.
Fiquei olhando ela dar meu nome e fiquei incomodado, não sou uma doença. Mas vou continuar levando a conversa como se não tivesse entendido.
— Nunca ouvi falar, esta doença é perigosa? É viral ou bacteriana?
— Muito perigosa, você pode pagar com sua vida. Acho que é viral e melhor você ficar longe.
Vim até onde ela está e sentei no banco, ela se encolheu e ficou me olhando assustada.
— Você não sabe mesmo quem eu sou? Não ouviu nada do que falei?
— Cheguei hoje da Itália, só conheço a D. Cristina, que me contratou.
Vi ela sorrir e olhar para trás de novo e resolvi perguntar.
— Você está com medo de alguma coisa?
— Estou com medo do que pode acontecer com você, não sei o que aconteceu com meu segurança, mas se ele ver você conversando comigo, você vai morrer. Mas antes vão bater em você na minha frente.
— Por que bateriam em mim na sua frente?
— Para eu entender que não devo conversar com homens estranhos.
— Você é tipo uma princesa presa em um castelo? Que vive protegida.
— Sou mais uma prisioneira desta casa, mas vamos parar de falar de mim, acho melhor eu ir para casa antes que te cause problemas. Não quero ser culpada por nada de ruim que te acontecer, faça seu serviço e não conte a ninguém que falou comigo.
Vi ela levantar e sair.
— Me chamo Tony.
Ela pensou um pouco e me deu seu segundo nome, garota esperta.
— Me chamo Beatrice, tchau e bom trabalho. E não esquece, isso não aconteceu.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 47
Comments
Rosilene Santos
Tá muito boa a história parabéns autora continua
2025-03-08
5
Maryan Carla Matos Pinto
adorei a ideia dele
2025-04-01
1
Ana Lúcia De Oliveira
gostando da história
2025-03-24
1