Capítulo 19

Carolina respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que agitava seu peito. Felipe a observava com curiosidade, enquanto caminhava para o salão e via que Gustavo continuava parado diante dela, seu olhar intenso e carregado de algo que ela não queria — ou não podia — decifrar.

Ela virou-se para Felipe e esboçou um pequeno sorriso.

— Pode me esperar no salão? Não vou demorar.

Felipe hesitou por um instante, seus olhos se estreitando levemente enquanto alternava o olhar entre ela e Gustavo. Ele não parecia gostar da ideia de deixá-la sozinha com ele, mas, por fim, assentiu.

— Claro. Mas se precisar de mim, é só chamar.

Ele lançou um último olhar a Gustavo antes de se afastar, voltando para a festa.

Assim que ficaram a sós, o silêncio entre eles se tornou sufocante. Carolina cruzou os braços, encarando Gustavo com firmeza.

— O que você quer, Gustavo?

Ele demorou alguns segundos para responder, passando a mão pelo cabelo, claramente frustrado.

— O que foi aquilo?

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Aquilo o quê?

Ele bufou, a mandíbula travada.

— Você e Felipe?

Carolina soltou uma risada baixa, sem humor.

— Isso não te diz respeito. Eu sou uma mulher solteira, Gustavo. Diferente de você, que tem uma esposa e filhos.

Ele fechou os olhos por um instante, como se tentasse se controlar.

— Você sabe que isso não é tão simples assim…

Ela estreitou os olhos.

— Não é? Porque pra mim parece bem simples. Você tem uma família. Eu sou só uma aluna que…

Ela parou no meio da frase, quase soltando a verdade sobre a traição de Ana. Gustavo notou a hesitação e se aproximou um passo.

— Você ia dizer alguma coisa. O que era?

Carolina balançou a cabeça.

— Não importa. O que importa é que você não deveria estar aqui comigo agora.

Gustavo passou a mão pela nuca, respirando fundo antes de encará-la novamente.

— Eu sei. Mas eu não consigo me afastar de você.

O coração de Carolina deu um salto.

— Gustavo…

Ele se aproximou mais um pouco, seus olhos fixos nos dela.

— Eu tento, Carolina. Eu juro que tento. Mas então você aparece… e eu perco completamente o controle.

Ela sentiu a garganta secar. A intensidade no olhar dele a fazia sentir-se vulnerável, como se estivesse sendo despida de todas as suas defesas.

— Você não pode me dizer isso — sussurrou.

Ele esboçou um sorriso amargo.

— Eu sei. Mas é a verdade.

Carolina sentiu um misto de emoções. Queria se afastar, colocar um ponto final naquela loucura antes que fosse tarde demais. Mas, ao mesmo tempo, seu corpo parecia traí-la, reagindo à proximidade dele de uma forma que ela não conseguia controlar.

— Eu não sou esse tipo de mulher, Gustavo — ela disse, a voz embargada.

— Eu sei. — Ele ergueu a mão, como se fosse tocar o rosto dela, mas parou no meio do caminho, hesitante. — E é exatamente por isso que eu estou completamente perdido por você.

Carolina fechou os olhos por um instante, tentando reunir forças para fazer o que era certo.

Ela precisava sair dali. Antes que fosse tarde demais.

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