Capítulo Seis

Jade Sinclair

Depois de terminar o programa, a pergunta da jovem ainda ecoava na minha mente. A ideia de amor, tão abstrata e, ao mesmo tempo, tão presente em tudo que eu fazia, me deixava pensando no que realmente significava para mim agora. Desliguei os equipamentos e suspirei, tentando afastar os pensamentos que insistiam em me perturbar. Era sexta-feira e, por insistência de Carla, iríamos jantar para relaxar um pouco.

No caminho para o restaurante, Carla falava sobre os planos para o fim de semana e sobre uma nova ideia para o programa de rádio. Ela estava animada, gesticulando enquanto descrevia o conceito, e eu sorri, absorvendo a energia contagiante dela.

— Então, eu estava pensando em fazer um especial sobre canções que falam de superação. Acho que vai se conectar muito com o público, especialmente com a sua história, Jade. — Carla falou, enquanto eu observava a rua passar pela janela.

— Parece ótimo, Carla. — respondi, tentando focar na conversa, embora meus pensamentos ainda estivessem vagando.

Chegamos ao restaurante, um lugar aconchegante e familiar, perfeito para uma noite tranquila entre amigas. Escolhemos uma mesa perto da janela, de onde podíamos ver as luzes da cidade brilhando. Carla pediu vinho, e enquanto esperávamos pelos pratos, conversávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo.

Foi então que percebi uma movimentação na mesa ao lado. Era Greg, o fisioterapeuta "gatinho" que Carla havia mencionado mais cedo, e ele estava acompanhado por uma mulher linda. Fiquei intrigada, mas logo me forcei a desviar o olhar, focando novamente em Carla. Porém, a tranquilidade do restaurante foi interrompida quando outra mulher, claramente irritada, se aproximou da mesa de Greg.

— Greg, você tem que se decidir! — ela gritou, jogando vinho nele, o que atraiu olhares de todos os lados. — Isso é ridículo, você não pode continuar brincando assim com a gente!

Greg apenas riu, e seu sorriso presunçoso só irritou mais a mulher.

— Ah, gata, eu não me envolvo amorosamente. Eu deixo isso claro desde o começo. É só prazer, e você sabia disso. Então, vamos parar de fazer cena, ok? — ele respondeu, limpando a camisa manchada com um guardanapo enquanto a mulher, humilhada, saía do restaurante. A outra mulher, que estava inicialmente com ele, também se levantou e saiu bufando, deixando Greg sozinho na mesa, ainda com aquele sorriso no rosto.

Eu e Carla trocamos olhares surpresos e acabamos rindo baixinho da situação. Era difícil não achar tudo aquilo um pouco cômico, mesmo sabendo que provavelmente não era engraçado para as mulheres envolvidas.

Assim que nossos pratos chegaram, Greg, que agora estava sozinho, olhou em nossa direção. Ele parecia hesitante por um momento, mas logo se levantou e veio em nossa direção. Parou ao lado da nossa mesa e, com um sorriso despreocupado, perguntou:

— Vocês se importam se eu jantar com vocês? Parece que minha companhia me deixou na mão.

Carla olhou para mim, esperando que eu decidisse, e eu pude ver a curiosidade nos olhos dela. Eu, por outro lado, estava dividida. Parte de mim queria dizer não, mas a outra parte, aquela que sempre tentava ser cortês e educada, acenou para uma cadeira vazia.

— Claro, pode se juntar a nós. — disse, tentando manter um tom neutro.

Greg puxou a cadeira e se sentou, colocando o guardanapo no colo com a mesma confiança de quem não havia acabado de ser rejeitado por duas mulheres em público. Ele parecia alheio ao constrangimento, ou talvez apenas não se importasse. Carla não perdeu tempo e começou a fazer perguntas, tentando puxar assunto de forma casual, enquanto eu observava Greg.

— Então, Greg, como vai o trabalho? — Carla perguntou, claramente tentando quebrar o gelo.

Greg sorriu e deu de ombros.

— Vai bem. Tenho trabalhado bastante. — Ele olhou para mim, seus olhos brilhando com uma curiosidade que eu não conseguia definir. — E você, Jade? Como estão as coisas com a empresa?

Eu limitei-me a um sorriso educado, ainda tentando entender o que ele esperava ao se juntar a nós depois da cena que acabamos de presenciar.

— Tudo certo. — respondi, pegando minha taça de vinho. — Estamos ocupados, mas é assim que eu gosto.

Greg assentiu, parecendo avaliar minhas palavras. Havia algo nos olhos dele, uma intensidade que eu não estava acostumada a ver em homens como ele. Ele era intrigante, sem dúvida, mas eu ainda não estava convencida de que queria alguém assim para ser meu fisioterapeuta.

O jantar seguiu com uma conversa leve, mas eu não pude deixar de notar que Greg me observava atentamente, como se estivesse tentando descobrir algo que não decidi revelar.

Continua...

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