Capítulo Catorze

Greg Ashford

A água quente caía sobre meus ombros, relaxando meus músculos e lavando o cansaço da noite anterior. A lembrança de Jade ainda estava fresca na minha mente, sua pele macia contra a minha, o jeito como ela parecia tão segura e, ao mesmo tempo, tão distante. Eu queria mais, mas ela não estava disposta a me dar mais nada além de uma única noite. Uma parte de mim deveria estar acostumada a isso, mulheres entrando e saindo da minha vida como um desfile constante. Mas Jade não era como as outras, e isso me incomodava mais do que eu queria admitir.

Terminei o banho e me vesti rapidamente, escolhendo um terno escuro, ajustado perfeitamente ao meu corpo. No espelho, ajustei a gravata, escondendo as imperfeições que apenas eu via, uma fachada impecável para enfrentar o dia.

Assim que cheguei à empresa, notei a presença imediata do meu pai na minha sala, como uma sombra constante pairando sobre tudo que eu fazia. Ele estava com o rosto fechado, um sinal claro de que algo o estava incomodando.

— Você está atrasado, Greg — ele disse, cruzando os braços e me encarando como se eu fosse um adolescente desobediente.

— Estava resolvendo algumas coisas pessoais — respondi, mantendo a voz calma. Não queria entrar em detalhes sobre Jade com ele, isso era algo meu. Algo que ele não precisava saber.

Ele me olhou com uma frieza calculada, seus olhos avaliando cada movimento meu, como se estivesse à espera de uma falha.

— A sua prioridade deve ser a compra da empresa da Jade Sinclair. Isso é o que importa agora. — Havia uma intensidade nas palavras dele que me incomodava, uma urgência que ia além de simples negócios.

Assenti, mas por dentro, algo me dizia que ele estava escondendo alguma coisa. Deixei a sala e fui direto para o endereço da empresa da Jade. O prédio antigo tinha o charme que ela valorizava, mas havia uma opção melhor bem ao lado: um prédio maior, com mais espaço e infinitas possibilidades. Eu poderia transformar aquele lugar em algo que superaria qualquer expectativa, e isso faria o negócio valer a pena.

Ofereci ao dono do prédio vizinho uma quantia generosa, algo que ele não poderia recusar, e ele aceitou na hora. Voltei para a empresa com um plano em mente. Reuni dois dos nossos melhores arquitetos e comecei a desenhar a planta para o novo hotel que nossos clientes queriam. Aquilo estava perfeito; eu estava no controle.

Mas tudo desmoronou no dia seguinte.

Meu pai estava de pé na minha sala quando cheguei, o rosto contorcido em uma expressão de fúria que eu raramente via nele. Antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, senti o impacto do soco dele no meu rosto. Era um golpe direto, cheio de raiva e, acima de tudo, de desapontamento.

— Você é patético, Greg! — ele gritou, as palavras saindo como veneno. — Eu te dei uma tarefa simples, e você não conseguiu cumprir. A compra era da empresa da Jade, não de um maldito prédio vizinho!

Tentei me recompor, passando a mão na bochecha que ardia. A dor física não era nada comparada à raiva que começava a borbulhar dentro de mim. Eu sempre soube que meu pai era difícil, mas nunca o vi tão desesperado por um negócio específico.

— Por que a empresa da Jade, pai? — perguntei, minha voz carregando a frustração que eu não conseguia mais esconder. — Há algo mais aí, não há? Você quer aquele lugar por alguma razão pessoal, não é?

Ele me olhou com uma fúria silenciosa, os olhos dele queimando como se quisessem perfurar minha alma. Mas não disse nada, apenas se virou e saiu da sala, deixando-me sozinho com uma pergunta que não conseguia ignorar.

O que ele realmente queria com a empresa da Jade?

E naquele momento, eu soube. Havia mais coisas em jogo do que apenas negócios, e eu sabia que precisava descobrir a verdade, mesmo que isso significasse ir contra o homem que, por mais que me irritasse, ainda era meu pai. Mas uma coisa era certa: eu não ia parar até saber o que ele estava escondendo e não ia tirar de Jade o que a fazia feliz, mesmo que no começo meu desejo era apenas adquirir a empresa dela.

Continua...

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