CAPÍTULO 05

Os pais de Hakari estavam animados naquela manhã. O sol brilhava forte, e a brisa quente indicava que seria um dia perfeito para uma viagem à praia.

— Hakari, Ayane! — chamou a mãe deles. — Nós vamos à praia hoje. Vocês querem ir junto?

— Eu quero! — Ayane respondeu animada, quase pulando de alegria. — Faz tempo que não vamos à praia!

Hakari, por outro lado, apenas bocejou e se espreguiçou preguiçosamente no sofá.

— Nah, eu passo. Prefiro ficar em casa e dormir um pouco. Eu mereço um descanso, né?

— Você só dorme! — Ayane reclamou, cruzando os braços.

— E você só fala. Acho que estamos quites — Hakari rebateu com um sorriso de canto.

A mãe riu da troca de palavras dos irmãos, enquanto o pai apenas balançou a cabeça.

— Tudo bem, Hakari — disse a mãe. — Mas cuide bem da casa enquanto estivermos fora. Tem sanduíches na geladeira se sentir fome.

— Beleza, beleza — Hakari acenou com a mão, já se jogando no sofá novamente.

— E não destrua nada — o pai alertou.

— Como se eu fosse fazer algo assim... — Hakari murmurou, desviando o olhar.

A família começou a se preparar para sair, e Hakari se espreguiçou novamente, aproveitando a tranquilidade de finalmente ter um dia inteiro só para ele. Ou pelo menos, era isso que ele pensava...

(O que será que vai acontecer enquanto Hakari está sozinho? Algo inesperado pode acontecer a qualquer momento!)

Hakari subiu as escadas lentamente, apreciando a quietude da casa enquanto seus pais e Ayane se preparavam para sair para a praia. Ele ainda sentia a preguiça do descanso que acabara de conquistar, quando, de repente, uma sensação estranha o envolveu. Era como se algo estivesse observando-o, algo... fora do lugar.

Ele parou no meio do corredor, sentindo a pressão dessa presença. Era uma energia peculiar, uma sensação de poder imenso e, ao mesmo tempo, uma essência familiar, algo que parecia vir de seu mundo anterior, o mundo de onde ele veio antes de tudo mudar.

“Não pode ser...” Hakari pensou, franziu a testa e fechou os olhos por um momento. Ele estendeu sua consciência, tentando sentir mais profundamente a origem dessa presença.

Ela era forte, muito forte. Mas ao mesmo tempo, Hakari soubera, instintivamente, que esse ser, apesar de ser imensamente poderoso, era como um inseto diante de seu próprio poder. Mesmo assim, ele poderia ser um desafio interessante.

Ele abriu os olhos e, com um suspiro, começou a descer as escadas.

Hakari se dirigiu rapidamente até o quintal, onde sentiu o impulso de agir. Ele não podia ignorar isso. Quando o poder do ser mágico apareceu em sua mente, ele soubera que não poderia simplesmente deixar passar essa oportunidade. Ele precisava ver quem ou o que estava ali.

Com um movimento rápido, Hakari se concentrou e, utilizando a eletricidade que circulava em seu corpo, ele começou a levitar do chão. Seu corpo foi se envolvendo com uma aura de energia elétrica, e em segundos ele estava flutuando acima da casa, começando a voar em direção ao local da presença mágica.

A velocidade era absurda. Em poucos segundos, Hakari cruzou quilômetros de distância, sentindo a energia do ser com precisão enquanto se aproximava mais e mais do seu destino. Ele estava ciente de que essa força era de uma natureza muito diferente, algo de outro plano, mas isso não o intimidava.

E então, em um claro espaço aberto, ele chegou ao seu destino. Suspenso no ar, Hakari olhou para baixo e viu o ser mágico.

A criatura, que se revelou como uma Indra de 8 cabeças, era imensa. Suas cabeças serpenteavam em várias direções, cada uma com um par de olhos ameaçadores que observavam tudo ao seu redor com inteligência fria. Seus corpos eram cobertos por escamas douradas, e suas longas caudas serpenteavam pelo chão, movendo-se em ritmos suaves, mas ainda assim poderosos.

Hakari sentiu o poder da criatura irradiar. Ele sabia que, se fosse uma luta direta, isso poderia ser interessante. Porém, ele também sabia que o ser não era uma ameaça real para ele. Essa era a diferença entre eles.

A Indra olhou para Hakari com uma das suas cabeças, e, ao perceber sua presença, um sorriso astuto se formou nas bocas de todas as suas cabeças.

— Você... — uma voz grave ecoou, vindo de todas as bocas ao mesmo tempo. — Você é mais forte do que parece...

Hakari flutuou no ar, sem expressão, e respondeu de forma calma.

— Parece que você não veio aqui por acaso. Então, qual é o seu objetivo, criatura?

A Indra deu uma gargalhada baixa, suas cabeças se movendo em perfeita sincronia.

— Eu sou uma enviada de um plano superior, e fui despertada por uma força que não compreendo completamente. Existe algo em você que me chama, algo familiar...

Hakari analisou a criatura por um momento, sentindo que o poder dela estava muito além do que parecia. Ele não sabia se era um mensageiro ou um emissário de algo muito maior, mas ele sabia que, se fosse necessário, poderia resolver a situação facilmente.

— Eu não sei por que você foi despertada, mas certamente não estou aqui para enfrentar você sem razão. O que você quer de mim?

A Indra olhou para ele com suas muitas cabeças, e por um momento, Hakari percebeu que havia algo em seu olhar que estava sendo escondido. Algo que não podia ser completamente revelado.

— Não sei se você está preparado, humano. Mas o destino já o marcou. Seu poder é muito grande para ser ignorado. — A Indra hesitou por um momento, suas cabeças se voltando para o horizonte. — Mas talvez, eu precise de sua ajuda...

A resposta da criatura pairou no ar, fazendo Hakari estreitar os olhos. A situação estava se tornando mais complexa do que ele imaginava.

A Indra de 8 cabeças, com seus olhos penetrantes e postura imponente, encarou Hakari com uma expressão de desprezo misturado com uma curiosidade crescente. Ela, que estava acostumada a ser temida e reverenciada, não estava acostumada com a audácia de alguém tão forte quanto ele.

— Vou te mostrar o abismo de força que existe entre nós, humano. Você não tem chance de sequer me arranhar — a voz dela soou como um trovão, reverberando no ar. As cabeças serpenteavam, mostrando os dentes afiados, prontos para atacar se fosse necessário.

Hakari sorriu levemente, sem se intimidar. Ele já havia sentido o poder da criatura e sabia que ela era muito forte, mas não o suficiente para ser um verdadeiro desafio. Ele levantou a mão direita e, com um ar de desdém tranquilo, respondeu:

— Eu entendi agora.

A Indra, surpresa pela calma de Hakari, inclinou uma de suas cabeças para o lado, em um gesto que refletia confusão. Ela não estava acostumada a ser ignorada dessa forma, e sua paciência estava se esgotando.

— Então você entende, não é? O abismo de força entre nós dois. Se você quiser sobreviver, será melhor se tornar meu servo, ou... — ela deu uma risada baixa e ameaçadora, suas cabeças se aproximando perigosamente de Hakari. — Você será eliminado agora mesmo.

Hakari não pareceu se mover. Seu olhar era sereno, como se nada daquilo fosse capaz de tocá-lo. Ele cruzou os braços e deu um passo à frente, como se o abismo de força que a Indra mencionava fosse apenas um detalhe a mais.

— Na verdade, eu iria dizer que você não entendeu a situação, mas já que você insisti tanto, vou te explicar de uma maneira mais simples. — Hakari deu uma pausa, como se estivesse se divertindo com a situação. — Eu estou ocultando grande parte do meu poder. O que você sentiu não foi nem perto da minha verdadeira força. O "abismo de força" que você mencionou é algo que você não pode compreender ainda.

A Indra se manteve em silêncio, seus múltiplos pares de olhos fixos em Hakari. Ela sabia que ele estava dizendo a verdade, mas algo dentro dela, uma voz egoísta e arrogante, dizia que ele poderia estar apenas tentando enganá-la. Era a estratégia de um ser fraco para intimidar uma força superior.

— Então você diz que escondeu todo esse poder... — uma das cabeças da Indra deu um sorriso cínico. — E o que você pretende fazer com isso?

Hakari sorriu, um sorriso confiante e quase desafiador.

— Eu estou de bom humor hoje. Então, em vez de apenas destruir você aqui, vou propor um jogo.

A Indra franziu a testa, sentindo que o poder de Hakari estava prestes a fazer a balança virar a seu favor. Ela não estava disposta a aceitar o jogo de qualquer maneira, mas a curiosidade a dominava.

— Que tipo de jogo? — ela perguntou, suas vozes se sobrepondo, cada uma com um tom diferente de desconfiança e curiosidade.

Hakari olhou para ela com um brilho divertido nos olhos, como se estivesse brincando com algo muito maior.

— Você tem 10 minutos. — ele disse, com um sorriso tranquilo. — O objetivo do jogo é simples: me fazer pelo menos um arranhão. Se você conseguir, eu me tornarei seu servo. Se não, você estará condenada aqui e agora.

A Indra recuou um passo, analisando a proposta. A ideia de um desafio tão simples parecia ridícula, quase desrespeitosa, mas algo dentro dela, uma centelha de egoísmo, começou a questionar. "E se ele estiver blefando? E se ele estiver tentando me intimidar?", pensou.

Ela olhou para Hakari, em um misto de raiva e incerteza, mas sua arrogância não lhe permitiu recuar.

— Você acha que pode me derrotar com um jogo ridículo desses? — a Indra perguntou, sua voz cheia de escárnio.

Hakari simplesmente sorriu, mantendo a calma. Ele sabia que estava no controle.

— Eu prometo, não vou me defender. Só usarei meus poderes para desviar dos seus ataques. Eu não vou atacar você durante os 10 minutos. — ele disse, quase como se estivesse oferecendo uma grande vantagem. — Se você for rápida o suficiente, quem sabe...

A Indra olhou para ele por um longo momento, e a insegurança se espalhou lentamente em suas mentes. O desafio parecia simples, mas a grande questão era: ele estava blefando? Ou ele estava dizendo a verdade?

Ela, então, pensou em sua própria arrogância. Em sua mente, ela não podia aceitar a derrota tão facilmente. O ego dela, gigante e imenso, não permitiria que um ser inferior a ela a desafiasse sem consequências.

— Eu aceito o jogo. — ela declarou, suas múltiplas bocas emitindo um eco sombrio. — Mas prepare-se para perder.

Hakari acenou com a cabeça, mantendo o sorriso no rosto. Ele sabia que a Indra estava prestes a perceber a diferença entre eles.

A contagem começaria, e ele estava mais do que preparado.

Hakari, com uma expressão tranquila, deu um passo à frente e, com a voz serena, anunciou:

— O jogo começa agora. Boa sorte, Indra.

A Indra, com uma de suas cabeças arqueando para frente, preparou-se para atacar. Ela não pensava em perder, não importava o quão arrogante o humano fosse. Sem mais delongas, a Indra lançou uma baforada de chamas imensas, que rapidamente tomaram o ar e avançaram na direção de Hakari.

Mas, com uma agilidade que a Indra não esperava, Hakari simplesmente desviou da rajada de fogo com um movimento rápido e fluido, desaparecendo por um breve momento e reaparecendo a alguns metros de distância.

A Indra, irritada, rosnou e rapidamente mudou sua estratégia. Agora, ela se concentrou e, em um segundo, lançou baforadas congelantes. Uma cortina de gelo seguiu Hakari, tentando aprisioná-lo, mas, mais uma vez, ele se teletransportou para outro local com facilidade, apenas observando sua oponente sem pressa.

Já se passaram quatro minutos. Hakari, com sua calma imperturbável, olhou para a Indra e falou com um tom relaxado:

— O tempo está correndo, Indra. Você tem pouco tempo para me arranhar, então espero que acelere o seu jogo.

A Indra sentiu seu ego sendo desafiado. Ela respirou fundo, decidida a não perder. Sentindo que os minutos estavam se esgotando, ela usou todo o seu poder. Todas as suas cabeças começaram a se mover ao mesmo tempo, lançando diferentes baforadas — chamas, venenos, rajadas congelantes — de todos os lados.

Hakari, imperturbável, desvia de todas elas, fazendo isso até mesmo com os olhos fechados, seu corpo movendo-se com uma graça que parecia desproporcional para alguém com tanto poder. Ele não era apenas mais rápido do que ela, mas estava a um nível de controle absoluto sobre sua energia e seus reflexos.

— O que foi, Indra? — Hakari falou em tom brincalhão. — Eu pensei que você fosse me mostrar o "abismo de força" entre nós. Cadê?

Indra, agora exausta e sem conseguir nem mesmo arranhar Hakari, se desesperou. Ela, com raiva e frustração acumulada, decidiu usar seu truque final. Com um rugido selvagem, ela reuniu toda a sua mana, concentrando-a nas oito cabeças, fazendo-as brilhar com uma luz ameaçadora.

Ela então disparou uma onda devastadora de pura energia mágica, uma força cataclísmica que parecia capaz de destruir tudo ao seu redor. O impacto foi monumental, e a explosão de energia atingiu Hakari em cheio.

Mas, para surpresa da Indra, Hakari saiu ileso. Ele permaneceu firme no mesmo lugar, com a expressão ainda serena, como se nada tivesse acontecido.

— Eu nem senti isso — Hakari disse calmamente, como se a onda de destruição tivesse sido uma mera brisa.

A Indra, sem forças, estava agora completamente fora de controle. Ela estava desesperada, achando que a vitória estava em suas mãos por ter o acertado com seu ataque.

— Eu ganhei! Você está ferido! — a Indra gritou, sua voz quase em pânico.

Hakari a olhou, um sorriso sutil tocando seus lábios.

— Você não entendeu, Indra. O jogo não era sobre me acertar com um ataque devastador. O jogo era sobre me fazer, ao menos, um arranhão. Você não conseguiu. E o tempo acabou.

Com um leve movimento de sua mão, a energia ao redor de Hakari se intensificou. Ele fechou a mão, e uma rajada de eletricidade com mais de 200 milhões de volts disparou de sua palma, com uma velocidade assustadora.

A rajada atingiu a Indra com tal força que ela não teve tempo nem de reagir. Em um piscar de olhos, a energia a envolveu completamente, carbonizando seu corpo. Seu grito de desespero foi rapidamente abafado pela explosão elétrica, e o ar ao redor ficou carregado com a frieza do seu fim.

Quando a fumaça dissipou, o que restou da Indra era nada mais do que uma marca carbonizada no chão, onde seu poder uma vez existiu.

Hakari observou o resultado, seus olhos frios como sempre. Ele limpou as mãos, dando a sensação de que nada mais importava.

— Como eu disse, o tempo acabou — ele murmurou, antes de voltar a sua atenção ao horizonte.

Hakari flutuou de volta para sua casa, seus passos leves e rápidos, como se nada tivesse acontecido. A batalha contra a Indra parecia um mero episódio de sua vida, como um jogo sem importância. Ele se dirigiu até o seu quarto e, ao entrar, olhou em volta com uma expressão cansada, mas satisfeita. Ele precisava descansar; o dia fora longo, e sua mente precisava de um momento de paz.

Ele se jogou na cama e fechou os olhos, mas, antes de ceder ao sono, seu pensamento foi direcionado àqueles que amava — sua família, especialmente Ayane. Ele sempre soubera que um dia enfrentaria adversários poderosos, talvez até mais do que a Indra, mas a verdadeira ameaça nunca seria para ele. A verdadeira ameaça sempre seria para aqueles que ele protegia.

Hakari pensou no que a Indra havia tentado fazer. Ela, assim como tantos outros seres de poder, achava que poderiam manipular, matar, ou submeter os inocentes a seus desejos egoístas. Ele soubera desde cedo que, em um mundo onde seres tão poderosos existiam, aqueles que não tinham o poder de se proteger seriam facilmente devorados. Mas ele não permitiria que ninguém tocasse sua família, suas pessoas queridas. Ele havia feito uma promessa a si mesmo, uma promessa inquebrantável.

Com os olhos fechados, Hakari deixou um suspiro escapar, e em seus pensamentos, uma sentença final se formou, algo que ele jamais deixaria de lado:

"Quem estiver disposto a fazer o mal à minha família ou às pessoas que eu amo, terá que estar preparado para morrer pelas minhas mãos."

Aquelas palavras ecoaram em sua mente. Não havia outra escolha, não havia outra alternativa. Hakari sabia que, se alguém ousasse cruzar esse limite, ele não hesitaria. O peso do seu poder não era apenas uma vantagem, mas uma responsabilidade. Ele não iria permitir que sua bondade fosse confundida com fraqueza. A proteção de seus entes queridos sempre viria em primeiro lugar.

Com isso, Hakari finalmente fechou os olhos e se permitiu descansar, o som tranquilo de sua respiração preenchendo o quarto. Mas, em seu subconsciente, a convicção estava firmemente enraizada: ele nunca hesitaria, jamais voltaria atrás.

Quem ousasse ameaçar os seus, sentiria o verdadeiro peso de sua força. E a morte seria a única coisa que restaria para eles.

O sono veio tranquilo, mas sua mente permanecia vigilante, como uma sentinela que jamais descansaria, sempre pronta para proteger aqueles que importavam.

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