A Nova Escola e o Jogo dos três

Helena estava de volta.

Uma nova escola. Novos rostos. Novos segredos para serem expostos.

Mas desta vez, algo estava diferente.

Ela sentia.

Na primeira noite que passou rondando pelos corredores escuros, ouviu um sussurro.

— Curiosa como sempre.

Ela se virou rápido.

Ninguém.

Mas a presença estava ali. Alguém estava assistindo.

Helena sorriu, sentindo um arrepio que não vinha de medo, mas de… intriga.

— E você? Quem é?

O silêncio se estendeu, e então… ele apareceu.

Uma figura alta, de olhar profundo, vestindo um terno escuro. Sua presença era quase etérea, como se não pertencesse inteiramente àquele lugar.

— Me chame de Ezra.

Helena inclinou a cabeça, observando-o.

— Você não é como os outros.

Ele sorriu de canto.

— E você também não.

Antes que ela pudesse responder, uma segunda presença se fez notar.

Uma mulher, parada ao lado de Ezra. Olhos afiados, um leve ar de impaciência, mas algo em seu olhar sugeria… lealdade inabalável.

— Essa é Lilith.

Lilith cruzou os braços, avaliando Helena com um olhar crítico.

— Então, essa é a garota que se diverte com verdades incômodas.

Helena riu.

— E vocês? O que fazem aqui?

Ezra se aproximou um pouco mais, seus olhos fixos nos dela.

— Digamos que estamos aqui pelo mesmo motivo que você.

Helena sentiu algo inédito…

Curiosidade.

E talvez…

Algo mais.

A escola era um palco.

Helena, Ezra e Lilith eram os únicos que sabiam disso.

Os outros alunos caminhavam sem perceber os fios invisíveis que se entrelaçavam ao redor deles, segurados pelas mãos de três entidades que brincavam com a verdade como se fosse um jogo perigoso.

Mas agora, o jogo era entre eles.

— Vamos ver quem quebra primeiro? — Helena sorriu, encostada na parede.

Ezra e Lilith trocaram um olhar.

— Achei que já tivéssemos começado. — Lilith disse, com um meio sorriso.

— Então estamos em sincronia. Isso é bom. — Ezra falou, caminhando ao redor de Helena como um predador estudando sua presa.

Helena riu.

— Vocês acham que podem me testar? Eu sou a Verdade Obscura. Não há segredos para mim.

— Será? — Lilith inclinou a cabeça.

Helena sentiu um frio percorrer sua espinha. Lilith e Ezra não eram como os outros.

Eles sabiam jogar.

E estavam jogando com ela.

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Primeira rodada - Ezra

— Você nunca se perguntou por que voltou à vida? — ele perguntou, quase casualmente.

Helena ficou em silêncio por um instante.

— E por que eu perguntaria algo que não tem resposta?

Ezra sorriu.

— Porque talvez tenha.

Ele se inclinou um pouco mais perto.

— E se você estivesse errada? E se não fosse apenas pela "diversão de expor verdades"?

Helena estreitou os olhos, mas não demonstrou desconforto.

Por dentro, no entanto, ela sentiu algo se remexer.

Porque Ezra tocou em um pensamento que ela nunca admitiu ter.

— Interessante… — ela murmurou. — Agora é minha vez.

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Segunda rodada - Lilith

Helena virou-se para Lilith.

— Você segue Ezra como se fosse sua sombra. Por quê?

Lilith não reagiu de imediato.

Mas então, ela sorriu de canto.

— E você, Helena? Está me testando ou apenas curiosa?

Helena riu.

— Os dois.

Lilith se aproximou devagar, parando bem à sua frente.

— Então talvez eu devesse fazer o mesmo.

Ela inclinou o rosto para perto do de Helena.

— Por que você está olhando para mim como se quisesse mais do que respostas?

Helena segurou o olhar de Lilith.

Mas, por dentro, sentiu um pequeno tremor.

Lilith não era previsível.

Ezra, por outro lado…

Helena olhou para ele, apenas para encontrá-lo observando-a com intensidade.

Um a zero para eles.

Ela sorriu.

— Nada mal. Mas eu nunca perco um jogo.

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Terceira rodada - O empate

Eles continuaram se testando.

Perguntas afiadas.

Verdades cortantes.

Segredos revelados.

Mas, no final, ninguém cedeu.

Quando perceberam, estavam rindo.

Nenhum dos três perdeu. Nenhum dos três venceu.

Então, se juntaram.

Helena, Ezra e Lilith passaram a jogar juntos.

Expor a verdade era muito mais divertido quando feito a três.

Mas algo começou a mudar.

Ezra estava cada vez mais envolvido com Helena.

Lilith, cada vez mais intrigada.

E Helena…

O que Helena faria?

Ela nunca foi de se apegar. Nunca se permitiu hesitar.

Mas agora, pela primeira vez…

Ela não tinha certeza.

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