O silêncio no quarto não era vazio.
Era cheio.
Carregado de promessas não ditas, desejos mal resolvidos e um jogo que, até então, ninguém sabia ao certo quem estava vencendo.
Helena não recuava. Seu olhar oscilava entre Ezra e Lilith, saboreando a tensão no ar. Ela podia sentir o coração de Lilith acelerado, o olhar de Ezra firme, mas ao mesmo tempo incerto.
Eles queriam mais.
Mas o que exatamente eles queriam?
Helena não se apressava. A curiosidade a fazia arrastar aquele momento o máximo possível.
— Vocês são tão previsíveis. — murmurou, brincando com a gola da blusa de Ezra, puxando-o para mais perto.
— E você? — Ezra rebateu, sua voz mais grave do que antes. — Acha que não é?
Helena ergueu a sobrancelha, como se a pergunta a divertisse.
— Se eu fosse previsível, você já teria me entendido.
Ezra riu de leve, um som rouco e intrigado.
Lilith observava tudo, mas seus dedos estavam inquietos. Como se quisessem tocar Helena, como se lutassem contra essa vontade.
— Talvez a gente só não queira entender. — Lilith sussurrou.
Helena virou o rosto para ela, surpresa.
Aquilo… Era interessante.
Lilith estava certa.
Eles não queriam entender. Eles queriam sentir.
— Talvez… — Helena murmurou, inclinando-se para Lilith, os lábios perigosamente próximos aos dela.
Lilith não recuou.
Ela esperava.
Ezra também.
Mas Helena…
Helena queria ver até onde eles iriam por conta própria.
Seus dedos deslizaram pelos ombros de Lilith e Ezra, sentindo os corpos deles reagirem ao toque. Um arrepio sutil.
Helena sorriu.
Eles estavam tomando gosto pelo jogo.
Mas…
Será que entendiam as regras?
Ou pior…
Será que entendiam que, no fim, quem ditava as regras era sempre Helena?
Ela se afastou um pouco, os deixando famintos pelo que acharam que teriam naquele momento.
Provocação.
Ezra estreitou os olhos.
Lilith mordeu o lábio, impaciente.
Helena se divertiu.
— Parece que vocês querem algo mais do que só me testar. — ela brincou, cruzando as pernas e apoiando o queixo na mão.
Ezra sorriu de lado.
Lilith respirou fundo.
— E você, Helena? O que você quer?
Helena inclinou a cabeça.
Essa era uma boa pergunta.
Ela queria brincar.
Ela queria testar.
Ela queria se divertir com eles.
Mas…
Por um segundo, bem no fundo, ela se perguntou:
Eles são só curiosidade? Ou existe algo mais?
Ela riu baixinho.
Não importava.
No final das contas, o jogo ainda estava em suas mãos.
Ezra e Lilith esperavam.
Mas Helena não se movia.
Seu olhar oscilava entre os dois, como se estivesse decidindo algo que apenas ela entendia.
Ezra franziu a testa. Ele era acostumado a dominar situações, a ter controle sobre os jogos que entrava. Mas com Helena…
Com ela, tudo escapava.
Lilith, por outro lado, não se incomodava em perder o controle. Ela queria ver onde isso os levaria. Até onde Helena os deixaria chegar.
— Não gosta de ser pressionada, não é? — Ezra arriscou.
Helena sorriu devagar, deslizando os dedos pelo próprio cabelo, um gesto casual, mas provocador.
— Engano seu. Eu adoro ser pressionada.
Ezra não pôde evitar o sorriso de canto. Lilith arqueou a sobrancelha.
— Então o que estamos esperando? — Lilith desafiou.
Helena não respondeu.
Apenas se levantou, lenta e calculadamente, como um predador avaliando a caça.
Ezra e Lilith sentiram um arrepio.
Porque, naquele instante, tiveram certeza:
Helena era um perigo real.
Ela podia ser apenas um jogo para eles…
Mas eles também eram um jogo para ela.
E, nesse jogo, Helena sempre vencia.
Com um passo à frente, ela se colocou entre os dois.
Ezra respirou fundo. Lilith segurou o ar.
Helena deslizou os dedos pelo queixo de Ezra, depois pelo pescoço de Lilith.
— A questão é… — ela murmurou, com um sorriso malicioso. — Vocês realmente estão prontos para brincar comigo?
A tensão no ar se tornou algo mais.
Algo mais intenso.
Algo perigoso.
E, no fundo, tanto Ezra quanto Lilith sabiam…
Não havia mais volta.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 32
Baixar agora
Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Comments