O jogo só está começando

O quarto estava carregado.

O ar denso, como se cada movimento dos três fosse calculado demais, intenso demais para ser casual.

Ezra e Lilith se entreolharam.

Ambos tinham certeza de algo:

Helena os dominava sem esforço algum.

Mas a verdadeira questão não era essa.

A pergunta real era: eles queriam escapar desse domínio?

Helena sorriu.

Ela via a hesitação disfarçada de curiosidade nos olhos deles.

Ela sentia.

Eles estavam caindo.

E ela adorava isso.

— Vocês estão tremendo. — Helena sussurrou, deslizando os dedos pela clavícula de Lilith, depois descendo lentamente até o pulso de Ezra.

Nenhum dos dois se afastou.

— Não estamos. — Ezra rebateu, tentando manter a voz firme.

Lilith não disse nada. Apenas observava.

Sentia.

Helena inclinou a cabeça, gostando da resistência dele.

— Está mentindo.

Ezra segurou o olhar dela, desafiador.

— Você mente o tempo todo.

Helena riu baixo.

— Sim. Mas a diferença entre nós é que eu sei quando estou mentindo.

Ezra abriu a boca para responder, mas Lilith foi mais rápida.

— E se for só um jogo?

Helena a encarou por um longo momento.

Então, sorriu.

— Se for um jogo… — ela deslizou os dedos pelo queixo de Lilith, puxando-a levemente para perto. — Quem vocês acham que está vencendo?

Ezra e Lilith se calaram.

Porque, no fundo, já sabiam a resposta.

Helena sempre vencia.

E o pior?

Eles adoravam perder para ela

Ezra e Lilith sabiam a resposta.

Helena estava vencendo.

Mas… isso importava?

Lilith se aproximou, encostando-se à parede enquanto Helena ainda segurava seu queixo. Seus olhos escuros brilhavam com algo indefinido, uma mistura de curiosidade e provocação.

— E se quisermos perder? — Lilith perguntou, a voz baixa.

Ezra riu, cruzando os braços.

— Acho que já estamos perdendo.

Helena inclinou a cabeça, os observando como se estivesse decidindo o que fazer com eles.

Era isso que eles eram para ela?

Apenas peças em um jogo?

Ezra gostava de pensar que não, mas a verdade… A verdade era um problema.

E Helena gostava de problemas.

— Se quiserem perder, então percam direito. — Helena disse, sorrindo devagar, perigosa.

Lilith sentiu um arrepio subir por sua pele.

Ezra estreitou os olhos.

— E o que isso significa?

Helena não respondeu imediatamente.

Ela simplesmente deslizou os dedos pelo braço de Ezra, depois pela cintura de Lilith, como se estivesse testando uma nova peça de um quebra-cabeça.

Lilith segurou o fôlego. Ezra se manteve firme, mas seus olhos traíam a expectativa.

Helena adorava aquilo.

Eles eram fortes. Mas estavam cedendo.

E, no fundo, eles gostavam disso.

— Significa que… — Helena se inclinou entre os dois, a voz quase um sussurro. — Agora vocês são meus.

Ezra engoliu seco.

Lilith sorriu.

E nenhum dos dois negou.

O silêncio que se seguiu não era desconfortável.

Era um silêncio cheio de significado.

Ezra e Lilith não negaram.

Não se afastaram.

E Helena percebeu isso imediatamente.

Ela sorriu.

— Meus. — repetiu, saboreando a palavra. — Mas até quando?

Lilith arqueou uma sobrancelha, inclinando-se para mais perto.

— Até quando você quiser?

Helena gostou dessa resposta.

Ezra bufou, mas não parecia convencido.

— Ou até nos cansarmos desse jogo.

Helena virou o rosto para ele lentamente, um brilho estranho nos olhos.

— Você acha que pode sair quando quiser?

Ezra segurou o olhar dela, mas algo dentro dele se remexeu.

A verdade era que… ele não queria sair.

E isso o assustava.

Lilith, por outro lado, aceitava a situação com mais naturalidade.

Ela já estava rendida.

Helena percebeu.

Ela sentiu.

E aquilo a deixou ainda mais interessada.

— Talvez vocês ainda não tenham entendido. — Helena sussurrou, inclinando-se entre os dois de novo, sua presença esmagadora.

Ezra e Lilith prenderam a respiração.

— Isso nunca foi só um jogo.

Ezra arregalou os olhos por um segundo.

Lilith sorriu.

E então…

Helena os beijou.

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