O amanhecer em Villagio Sereno trouxe um céu limpo e brisa suave, mas na mansão De Luca, o ambiente ainda era carregado de incertezas. Sara acordou mais cedo do que de costume, os pensamentos sobre a conversa da noite anterior martelando em sua mente.
"Você importa." As palavras de Samuel ecoavam como um refrão inesperado. Poderiam ser apenas um gesto de gentileza momentânea, mas para Sara, significavam mais. Pela primeira vez, Samuel havia demonstrado algo próximo de genuína consideração.
Determinada a não ignorar a oportunidade de aprofundar aquela conexão, Sara decidiu que faria sua parte para abrir mais espaço entre eles.
No café da manhã, Samuel estava à mesa, lendo algo no tablet, como de costume. Ao perceber a presença de Sara, ele largou o dispositivo e a cumprimentou com um breve sorriso.
— Bom dia.
— Bom dia — respondeu ela, sentando-se.
Um silêncio pairou entre os dois enquanto a governanta servia o café. Sara, sentindo a tensão desconfortável, decidiu quebrá-lo.
— Pensei em revisar os relatórios das fazendas hoje. Talvez eu possa ajudar a entender melhor a situação.
Samuel ergueu as sobrancelhas, surpreso.
— Você quer revisar relatórios?
— Quero ajudar. Sei que a empresa enfrenta desafios, e, mesmo que você não acredite, tenho algo a oferecer.
Ele observou-a por alguns segundos, como se tentasse medir sua determinação.
— Tudo bem. Vou pedir para enviarem os documentos ao escritório.
Sara assentiu, sentindo-se orgulhosa de sua pequena vitória.
Horas depois, Sara estava no escritório, analisando gráficos e tabelas. A realidade da crise era pior do que imaginava. As margens de lucro eram quase inexistentes, e as dívidas estavam acumuladas.
— Parece complicado, não? — A voz de Samuel a trouxe de volta à realidade.
Ela ergueu o olhar e o viu encostado na porta, observando-a.
— Complicado é pouco. Mas... há formas de ajustar algumas coisas. Cortar despesas desnecessárias, renegociar contratos com fornecedores.
Samuel entrou no escritório, sentando-se na cadeira ao lado dela. Ele parecia genuinamente interessado no que Sara tinha a dizer.
— Mostre-me o que você viu.
Ela explicou suas ideias, apontando detalhes que poderiam ser ajustados para melhorar o fluxo de caixa. Samuel ouvia atentamente, ocasionalmente fazendo perguntas ou oferecendo sua própria perspectiva.
Enquanto trabalhavam lado a lado, Sara percebeu que aquela era a primeira vez que ele a tratava como uma parceira, e não apenas como uma obrigação.
À tarde, decidiram visitar uma das fazendas fornecedoras da empresa. O caminho até lá era longo, mas a paisagem era tranquila, com colinas verdes e fileiras de árvores que pareciam se estender até o horizonte.
No carro, Sara tentou iniciar uma conversa.
— Você vem para essas fazendas com frequência?
— Quando era mais jovem, sim. Meu pai me trazia para entender o funcionamento do negócio. Depois que ele morreu, fiquei preso ao escritório e acabei me distanciando.
— Parece que você tem uma relação complicada com seu pai.
Samuel ficou em silêncio por um momento, como se considerasse o que deveria ou não compartilhar.
— Ele era... rígido. Acreditava que demonstrar fraqueza era inaceitável. Tudo era sobre manter controle, sobre poder.
— Deve ter sido difícil crescer com essa pressão.
Ele assentiu, desviando o olhar para a janela.
— Foi.
Sara sentiu uma pontada de compaixão por ele.
— Talvez você não precise seguir os passos dele. Você pode escolher ser diferente.
Samuel olhou para ela, seus olhos revelando um lampejo de algo que parecia admiração.
— Talvez você esteja certa.
Ao retornarem à mansão, Sara estava exausta, mas satisfeita. A visita à fazenda havia rendido conversas produtivas com os trabalhadores e ideias sobre como melhorar o relacionamento com os fornecedores.
Naquela noite, ao jantar, Samuel pareceu mais relaxado do que o habitual.
— Você foi impressionante hoje — disse ele, repentinamente.
Sara ergueu os olhos, surpresa.
— Obrigada.
— Eu estava errado sobre você, Sara. Achei que... você fosse alguém passiva, acomodada. Mas vejo que há muito mais em você.
Ela corou levemente, surpresa pela honestidade dele.
— Acho que estamos aprendendo a nos conhecer melhor.
— Sim — respondeu ele, sua voz mais suave. — Acho que estamos.
Era apenas um passo, mas para Sara, parecia um salto gigantesco. Pela primeira vez, havia uma fenda real na armadura de Samuel, e ela sentia que, se continuassem assim, poderiam construir algo verdadeiro.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Sofia Carvalho
como disse Amestrong, penso eu...
um pequeno passo para o homem,
um grande passo para a humanidade
2025-02-02
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Carmem Lùcia Pimenta
Ela é a companheira que ele precisa inteligente, centrada e tem determinação.
2025-02-22
0
Carmem Lùcia Pimenta
SENTI MEU ❤️ CORAÇÃO ❤️ AQUECIDO COM ESTA APROXIMAÇÃO DELES .
2025-02-22
0