Os primeiros dias de casados foram marcados por um silêncio gelado. Sara e Samuel retornaram à mansão De Luca, um imponente casarão situado em uma colina que oferecia uma vista ampla de Elmwood Heights. A residência, decorada com móveis clássicos e toques modernos, parecia mais um museu do que um lar.
As paredes decoradas com quadros luxuosos, o brilho dos candelabros e a imensidão dos corredores faziam com que ela se sentisse ainda menor. A casa era uma prisão dourada, cheia de empregados que a tratavam com uma mistura de respeito e curiosidade, como se tentassem entender o motivo de Samuel ter escolhido uma mulher como ela.
Sara precisou de um tempo para se ajustar à mansão De Luca, não apenas por sua grandiosidade, mas pelas dificuldades práticas que ela representava. Apesar de ser um lugar imponente, muitos dos espaços pareciam não ter sido projetados pensando em acessibilidade.
Os corredores longos e as escadas imponentes não intimidavam Sara, mas eram um lembrete constante de que aquela casa não era um lar acolhedor para ela. Samuel, por sua vez, parecia não perceber, ou simplesmente não se importar com as adaptações que poderiam facilitar sua vida ali.
Enquanto Sara explorava os jardins, um dos poucos lugares onde se sentia realmente confortável, Samuel a observou à distância. Ele sabia que sua condição era um desafio, mas, em seu jeito frio, nunca havia perguntado como poderia ajudar. Para ele, Sara parecia determinada a enfrentar tudo sozinha, e ele preferia manter a distância.
Na manhã de seu terceiro dia na mansão, Sara estava na biblioteca, uma das poucas áreas onde encontrava algum alívio. A enorme coleção de livros, disposta em prateleiras que iam do chão ao teto, era um convite para escapar da realidade. Ela segurava um exemplar de um romance clássico, mas sua mente estava longe, perdida em pensamentos sobre como sua vida havia mudado de maneira tão abrupta.
— Gostando da coleção? — perguntou uma voz atrás dela, interrompendo sua introspecção.
Sara virou-se e encontrou Samuel parado na porta, com as mãos nos bolsos e uma expressão casual no rosto.
— É impressionante — respondeu ela, tentando manter o tom neutro.
Ele entrou na sala, aproximando-se da mesa central, onde havia um vaso de flores frescas.
— Meu pai colecionava esses livros. Nunca os li, mas ele costumava dizer que havia sabedoria suficiente aqui para resolver qualquer problema.
Sara o observou com cautela. Aquela era a primeira vez que Samuel parecia minimamente disposto a conversar.
— Talvez ele estivesse certo — disse ela. — Os livros podem nos mostrar mundos diferentes, soluções inesperadas.
Samuel soltou uma risada curta, quase sarcástica.
— E você acredita nisso? Que um livro pode mudar o rumo da sua vida?
— Talvez não de forma literal, mas acredito que eles nos ajudam a ver as coisas de outra perspectiva.
Durante a conversa na biblioteca, quando Samuel mencionou os livros e a sabedoria contida neles, Sara, apesar de sua calma habitual, sentiu a frustração crescer.
— Livros podem abrir a mente, mas nada muda se você não estiver disposto a agir — respondeu ela, ajustando sua cadeira de rodas ao se aproximar de uma prateleira.
Samuel a observou por um momento, como se estivesse considerando o peso das palavras dela.
— Você tem razão, mas agir nem sempre é tão simples quanto parece — disse ele, desviando o olhar.
Sara notou a hesitação em sua voz e decidiu não insistir. Talvez, com o tempo, ela pudesse fazê-lo enxergar que sua força não vinha da ausência de desafios, mas de como ela os enfrentava.
Samuel ficou em silêncio por um momento, olhando para ela com curiosidade. Havia algo na forma como Sara falava que o desarmava, mesmo que ele não quisesse admitir.
— Bem, espero que encontre algo útil por aqui — disse ele, encerrando a conversa abruptamente.
Ele saiu da sala sem esperar uma resposta, deixando Sara com uma mistura de alívio e frustração. Aquele vislumbre de vulnerabilidade havia desaparecido tão rapidamente quanto surgira.
Mais tarde, naquela mesma noite, Sara foi surpreendida por uma visita inesperada. Geovana Rossi apareceu na mansão, caminhando pelos corredores como se fosse dona do lugar. Vestia um vestido justo e vermelho, que destacava suas curvas, e seu sorriso era um misto de confiança e desafio.
Sara estava na sala de estar quando Geovana entrou, acompanhada por um dos empregados que anunciou sua chegada.
— Boa noite, senhora De Luca — disse Geovana, com um tom que transbordava sarcasmo.
Sara olhou para ela, mantendo a calma.
— Boa noite. E você é...?
— Geovana Rossi. Sou amiga de longa data do Samuel. Só passei para resolver alguns assuntos com ele.
Antes que Sara pudesse responder, Samuel apareceu na sala, interrompendo o momento tenso. Ele olhou para Geovana, claramente desconfortável com a situação.
— Geovana, não achei que viria tão tarde — disse ele, aproximando-se rapidamente.
Geovana sorriu, ignorando o tom de reprovação na voz dele.
— Precisávamos conversar, e achei que seria melhor pessoalmente.
Samuel lançou um olhar rápido para Sara, que observava a cena em silêncio.
— Podemos ir para o escritório — disse ele, conduzindo Geovana para longe.
Enquanto eles saíam da sala, Sara ficou imóvel, tentando processar o que acabara de acontecer. A presença de Geovana era uma lembrança cruel de que aquele casamento era uma farsa, uma aliança fria e sem amor.
Mais tarde naquela noite, enquanto Sara se preparava para dormir, ouviu vozes abafadas vindo do escritório de Samuel. Geovana ainda estava lá.
Sara fechou os olhos, sentindo o peso da solidão e da humilhação. Ela havia aceitado aquele casamento por obrigação, mas cada dia parecia mais difícil de suportar.
No fundo, sabia que não podia continuar vivendo daquela forma. Precisava encontrar sua própria força, mesmo em meio a um cenário tão desfavorável.
E pela primeira vez, começou a pensar que talvez fosse possível virar o jogo.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Josilda Maria
Isso mesmo sara seja forte e vire esse jogo
2025-02-02
0
lary
isso mesmo livros são obras de arte 🎭
2025-02-06
0
Pretta
Isso aí Sara, vira esse jogo.
2025-01-27
0