Os dias se passaram lentamente na mansão De Luca, cada um trazendo consigo uma mistura de silêncio e tensão. Sara começou a passar mais tempo na estufa, como se aquele espaço lhe oferecesse um refúgio das paredes opressoras da casa. Lá, ela começou a cuidar das plantas abandonadas, sentindo uma calma inesperada ao se dedicar a algo tão simples.
Apesar disso, o comportamento de Samuel permanecia imprevisível. Ele continuava frio, mas agora aparecia mais frequentemente em casa. Sara notava sua presença em pequenos detalhes: o som de seus passos no corredor, a voz grave conversando com empregados ou suas olhadelas rápidas enquanto ela lia na biblioteca.
Em uma tarde ensolarada, Sara estava na estufa podando uma planta quando ouviu passos atrás dela. Era Samuel, parado na entrada, observando-a em silêncio.
— Você realmente gosta desse lugar, não é? — perguntou ele, cruzando os braços.
Sara não olhou para ele imediatamente, continuando seu trabalho.
— Gosto. Aqui eu posso fazer algo que tenha resultado. Algo que cresça.
A resposta parecia inocente, mas Samuel percebeu a indireta. Ele entrou na estufa, olhando ao redor.
— Minha mãe também gostava disso. Ela dizia que cuidar das plantas era como cuidar de pessoas. Requer paciência e dedicação.
Sara ergueu os olhos para ele, surpresa com a confissão.
— Ela parecia ser uma pessoa incrível.
— Era — respondeu Samuel, com uma melancolia que Sara raramente via nele. — E acho que é por isso que nunca me dou ao trabalho de vir aqui. Este lugar me lembra muito dela.
Sara hesitou antes de perguntar:
— Você sente falta dela?
Samuel respirou fundo, desviando o olhar.
— Sinto. Ela era a única pessoa que acreditava que eu poderia ser algo mais do que... isso.
Ele gesticulou para si mesmo, como se estivesse se referindo à sua vida atual. Sara sentiu um aperto no peito ao ouvir isso.
— Talvez você ainda possa ser — disse ela suavemente, tentando encontrar seus olhos.
Samuel a olhou por um momento, quase como se considerasse suas palavras, mas logo voltou à sua expressão fechada.
— Você não me conhece, Sara. Não sabe o que está falando.
— Talvez eu não conheça você agora, mas posso conhecer, se você permitir — respondeu ela, sem hesitar.
A resposta direta o pegou desprevenido. Por um momento, o silêncio pairou entre eles, cheio de algo não dito. Samuel finalmente balançou a cabeça, quase com um sorriso irônico.
— Boa sorte com isso — disse ele, antes de sair da estufa.
Naquela noite, o jantar foi mais uma vez marcado por um silêncio desconfortável, mas Sara sentiu algo diferente. Havia uma leveza nas palavras de Samuel, como se ele estivesse começando a baixar sua guarda, mesmo que relutantemente.
Enquanto terminavam a refeição, ele finalmente quebrou o silêncio:
— Amanhã tenho um evento importante no banco. Você vai me acompanhar.
Sara ergueu os olhos, surpresa.
— Eu?
— Sim. É uma obrigação social. E, afinal, você é minha esposa, lembra?
Ela conteve a vontade de responder com sarcasmo e apenas assentiu.
— Claro.
— Use algo elegante. Vamos sair às sete.
E com isso, Samuel se levantou, deixando Sara sozinha na mesa.
Mais tarde, Sara estava deitada na cama, pensando sobre o evento no banco. Embora não fosse algo que ela quisesse fazer, percebeu que poderia ser uma oportunidade para se mostrar ao mundo como mais do que apenas "a esposa substituta".
No fundo, sabia que seria julgada. Sabia que os olhos de Geovana e de tantas outras pessoas estariam sobre ela. Mas algo dentro de si estava mudando. Ela não queria mais ser vista como uma coadjuvante na própria vida.
E, de algum modo, queria que Samuel visse isso também. Mesmo que ele ainda não soubesse, ela estava disposta a lutar — por si mesma, e talvez, por ele.
Sara adormeceu naquela noite com uma determinação renovada. Talvez aquele casamento tivesse começado como um contrato frio e sem amor, mas ela começava a acreditar que poderia transformar suas circunstâncias em algo maior.
Mesmo que isso significasse enfrentar Samuel, Geovana e o mundo inteiro.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Severa Romana
ela se humilha demais por um homem que tem amante e nem aí pra ela ..sinceramente
2025-02-18
0
Rosana Neves
Será que não tem como fazer cirurgia pra ela andar
2025-02-08
0
Josanice Vanderlei
E isso Sara,conquiste sei especo,não seja manipulada !
2025-02-06
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