A noite estava pesada, com o céu coberto de nuvens espessas e uma atmosfera sufocante que parecia anunciar a tempestade que estava por vir. Evelyn e Victor seguiam em silêncio, o som do motor do carro sendo a única coisa que preenchia o vazio entre eles. Cada quilômetro que percorriam os levava mais perto do desfecho, mais próximo de encarar o homem que havia transformado suas vidas em um pesadelo constante.
A pista que receberam do detetive Almeida os levava a um depósito abandonado, situado em uma área isolada da cidade. O lugar era um marco sombrio de decadência, com suas paredes desbotadas e janelas quebradas, cercado por mato alto que balançava ao vento. Evelyn apertou as mãos no colo, tentando manter a calma, enquanto Victor, com o olhar fixo na estrada, parecia mais determinado do que nunca.
— Você acha que realmente vamos encontrá-lo? — Evelyn perguntou, quebrando o silêncio.
— Se não for ele, será algo que nos leve diretamente a ele. Não podemos mais hesitar, Evelyn. Isso termina hoje.
Ela assentiu, mas o nervosismo a consumia. Marco não era apenas um manipulador habilidoso; ele era perigoso. Sua habilidade em mexer com as emoções e criar situações tensas o tornava imprevisível, e era exatamente isso que os preocupava.
Chegaram ao depósito pouco depois da meia-noite. Victor estacionou o carro a uma distância segura, desligando os faróis para evitar chamar atenção. Ele abriu o porta-luvas e pegou sua arma, verificando o tambor com precisão. Evelyn, embora relutante, segurava uma lanterna e um pequeno canivete que Victor havia insistido que ela levasse.
— Fique perto de mim — ele disse. — E, por favor, não faça nada impulsivo.
Eles avançaram pela entrada principal, onde uma porta enferrujada estava entreaberta, rangendo suavemente ao ser empurrada. O interior do depósito estava mergulhado em escuridão, exceto por algumas áreas iluminadas por feixes de luz que escapavam pelas janelas quebradas. O ar era pesado, carregado com o cheiro de mofo e ferrugem.
No centro do galpão, encontraram uma mesa de metal repleta de papéis, fotos e mapas. Evelyn engoliu em seco ao reconhecer as imagens — eram dela e de Victor, capturadas em momentos do dia a dia. Algumas fotos os mostravam em casa, outras na gráfica, e havia até imagens de encontros recentes com Almeida.
— Ele esteve nos vigiando o tempo todo... — Evelyn sussurrou, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.
Victor pegou um dos mapas, examinando as anotações rabiscadas ao longo do papel.
— Isso não é apenas vigilância — ele murmurou. — Isso é um plano detalhado. Ele sabia cada passo que daríamos antes mesmo de nós decidirmos.
De repente, o som de passos ecoou pelo depósito. Evelyn apagou a lanterna, e ambos se esconderam atrás de uma pilha de caixas empilhadas. Os passos ficaram mais próximos, e uma voz grave e fria ecoou pelo espaço.
— Vocês vieram mais rápido do que eu esperava — disse Marco, entrando na sala acompanhado por dois homens armados.
Ele parecia calmo, quase satisfeito, como se tivesse esperado por aquele encontro por muito tempo.
— Eu sabia que vocês não resistiriam — ele continuou, seus olhos escaneando a sala. — Curiosidade sempre foi a fraqueza dos dois.
Victor saiu das sombras, apontando a arma diretamente para Marco.
— Acabou, Marco. A polícia está a caminho. Renda-se agora e facilite as coisas para você.
Marco riu, um som frio e vazio que fez Evelyn estremecer.
— Vocês acham que isso é o fim? — ele perguntou, abrindo os braços em um gesto teatral. — Eu não comecei isso para simplesmente desistir agora.
Ele fez um sinal para os homens ao seu lado, que imediatamente avançaram em direção a Victor e Evelyn. O caos tomou conta da sala. Victor disparou contra um dos capangas, acertando-o no ombro e derrubando-o, enquanto Evelyn lutava para se defender do outro. Usando o canivete, ela conseguiu desviar dos ataques, enquanto Victor dava cobertura.
Marco, aproveitando a confusão, tentou fugir, mas Evelyn o viu se movendo em direção a uma escada que levava ao andar superior.
— Ele está escapando! — ela gritou, apontando para Victor.
Victor correu atrás dele, subindo as escadas dois degraus de cada vez. No topo, encontrou Marco encurralado, de costas para uma janela quebrada.
— Não há para onde fugir, Marco! — Victor gritou, apontando a arma para ele.
Marco sorriu, um sorriso que transbordava loucura.
— Fugir? Não, Victor. Isso nunca foi sobre fugir. Isso foi sobre vingança.
Ele levantou as mãos, mostrando que estava desarmado, mas havia algo em sua expressão que fez Victor hesitar.
— Você tirou tudo de mim quando destruiu Anna. Agora, estou devolvendo o favor.
Antes que pudesse continuar, o som de sirenes ecoou ao longe. Marco percebeu que o tempo estava acabando. Ele deu um passo para trás, até que seus calcanhares ficaram na beira da janela quebrada.
— Eu nunca serei capturado, Victor. Esse é o meu último movimento.
Antes que Victor pudesse detê-lo, Marco se jogou da janela, desaparecendo na escuridão lá embaixo. Victor correu para olhar, mas o corpo de Marco estava perdido entre os destroços e as sombras.
A polícia invadiu o local pouco depois, prendendo os capangas e garantindo que Evelyn e Victor estavam seguros. Mas, enquanto olhavam para o vazio onde Marco havia desaparecido, uma sensação de incerteza os dominava.
— Você acha que ele morreu? — Evelyn perguntou, a voz trêmula.
Victor balançou a cabeça lentamente.
— Não sei. Mas se ele sobreviveu, sabemos que ele não vai desistir tão facilmente.
Embora tivessem conseguido acabar com a ameaça imediata, ambos sabiam que as marcas daquele encontro os acompanhariam para sempre. Enquanto o sol começava a nascer no horizonte, Evelyn segurou a mão de Victor, encontrando um vislumbre de conforto em sua presença.
— Vamos seguir em frente — ela disse, tentando convencer a si mesma.
Victor assentiu, embora soubesse que aquele capítulo havia terminado apenas para dar início a outro. E, juntos, enfrentariam o que quer que viesse pela frente.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Maria Luiza Santos Silva
Que loucura 😱 vai dar tudo certo 🙌🏻 mas gente tô quase chorando aqui em casa, 😔😢
2025-01-22
2
Lurdemila Santos
que capítulos...vou chorar🥹😶
2025-01-23
1