capitulo 11: o preço da liberdade

As semanas se arrastaram com uma tensão no ar. Evelyn e Victor estavam presos em uma dança perigosa, onde cada palavra, cada olhar, carregava mais do que parecia. Apesar de seus avanços para conquistar a confiança dele, Evelyn sabia que estava pisando em gelo fino. Victor, por sua vez, parecia genuinamente acreditar que ela estava começando a aceitá-lo, mas ainda assim, sua vigilância não desaparecia completamente.

Era uma manhã fria quando Evelyn percebeu que o momento havia chegado. Ela estava sentada no jardim, observando as folhas caírem das árvores. A chave para sua liberdade estava próxima, mas o custo emocional começava a pesar. Nos últimos dias, Victor havia mostrado traços de um homem vulnerável, quebrado, que apenas ansiava por conexão. E, embora ela tentasse manter o foco em seu objetivo, não podia ignorar a compaixão que começava a surgir dentro dela. Mas compaixão não era o suficiente. Ela precisava ser livre.

— Está pensativa hoje. — A voz de Victor a tirou de seus devaneios. Ele estava parado atrás dela, segurando duas xícaras de chá. Seus olhos brilhavam com uma mistura de curiosidade e cautela.

— Só pensando no quanto o tempo passou rápido — respondeu Evelyn, aceitando uma das xícaras. — Tudo parece tão... surreal, às vezes.

Victor se sentou ao lado dela, mantendo uma distância respeitosa. Era uma mudança em seu comportamento que Evelyn notou recentemente. Ele parecia mais atento aos limites, mais preocupado em não pressioná-la, para nada que ela não quisesse.

— Eu sei que as coisas não começaram da melhor forma entre nós — disse ele, olhando para a xícara em suas mãos. — Mas acho que estamos construindo algo agora... algo real.

Evelyn sorriu suavemente, uma expressão ensaiada que ela havia dominado. — Também acho, Victor. Mas acho que ainda precisamos de tempo, sabe? Para realmente entender um ao outro.

Ele assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. Evelyn, no entanto, sentiu o peso da mentira. Não era algo real para ela. Não podia ser. Mas precisava que Victor acreditasse.

Naquela noite, quando Victor saiu para sua caminhada habitual pelo terreno, Evelyn colocou seu plano em ação. Nos últimos dias, ela havia descoberto uma saída no porão, uma pequena passagem que provavelmente havia sido esquecida por Victor. Ela sabia que era arriscado, mas também sabia que era sua melhor chance.

Com uma lanterna em mãos e o coração disparado, Evelyn desceu até o porão. Cada passo parecia ecoar como um trovão em seus ouvidos. Ela encontrou a passagem e começou a forçar a abertura, usando uma ferramenta improvisada que havia escondido no jardim. Seus dedos tremiam, mas ela não parava. A adrenalina a impulsionava.

Finalmente, a passagem cedeu, revelando um túnel escuro e húmido. Evelyn respirou fundo e começou a avançar, cada passo a levando para mais perto da liberdade. Mas, Evelyn não conseguiu sair como se estivesse algo a impedindo.

Evelyn volta do túnel e quando fecha a porta ouve a voz de Victor.

— Evelyn... — o que estava fazendo aí, diz com um tom de raiva

Evelyn congelou. por medo de que Victor fizesse algo com ela.

— Victor, por favor... — começou, a voz fraca. — Eu não quero te machucar

Ele deu um passo à frente, os olhos fixos nela. — E eu só quero que você fique. Por que isso é tão difícil para você entender?

Evelyn sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto. — Porque isso não é amor, Victor. Amor não é uma prisão.

As palavras pareceram atingir Victor como um golpe. Ele fechou os olhos, respirando fundo, como se estivesse tentando conter algo dentro de si. Quando os abriu novamente, seus olhos estavam cheios de dor.

— Então vá — disse ele, surpreendendo-a. Sua voz era baixa, quase um sussurro. — Vá, Evelyn. Mas saiba que, se sair por essa porta, não haverá volta.

Evelyn ficou paralisada. Por um momento, a compaixão e a culpa lutaram contra seu desejo de liberdade. Mas, no final, a necessidade de ser livre falou mais alto.

— Eu sinto muito, Victor — disse ela, antes de se virar e correr pelo túnel.

Enquanto corria, sentiu as lágrimas caírem com mais força. Não olhou para trás. Não podia. Cada passo era um lembrete de que estava deixando para trás não apenas a casa, mas também um homem quebrado que, de alguma forma, havia tocado seu coração.

Quando finalmente viu a luz do lado de fora, Evelyn sentiu uma onda de alívio. Mas também sabia que a batalha estava longe de terminar. Victor não era o tipo de homem que desistia facilmente. E, embora estivesse livre, uma parte dela sabia que ele ainda estaria lá, em algum lugar, esperando pela oportunidade de trazê-la de volta.

Ao alcançar a estrada deserta, Evelyn olhou para o céu estrelado e respirou fundo. Ela estava livre. Mas a que custo?

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