capitulo 8: o laço se aperta

Evelyn acordou antes do amanhecer. O céu estava tingido por um tom cinza-azulado, e a casa permanecia em silêncio absoluto. Sentada na beira da cama, ela olhava para Victor, que ainda dormia profundamente. A expressão dele era serena, quase vulnerável, mas Evelyn sabia que aquele era apenas um lado do homem que a mantinha ali.

Ela pegou a chave escondida no colchão e a prendeu firmemente na palma da mão. Aquela seria a noite em que ela finalmente tentaria escapar.

Depois de se vestir rapidamente, Evelyn caminhou silenciosamente pelos corredores da casa. Cada rangido do piso parecia amplificar sua ansiedade, mas ela seguiu em frente. Passou pela sala de estar, atravessou o corredor principal e chegou à porta que dava para o porão. Girou a chave na fechadura, torcendo para que ninguém escutasse o clique.

O porão estava ainda mais escuro do que ela se lembrava. Pegou uma lanterna que havia encontrado no galpão dias antes e começou a vasculhar o espaço. Lá, encontrou uma série de objetos familiares: mais documentos com seu nome, o passaporte que já havia visto e algo novo — uma cópia da planta da casa, marcada com anotações feitas à mão.

Victor parecia ter planejado tudo: sua chegada, sua permanência e talvez até algo mais sombrio. Evelyn sentiu uma onda de pânico subir pelo peito, mas se forçou a se concentrar. Em meio às coisas, encontrou uma segunda chave, mais antiga, com uma etiqueta desgastada. "Portão principal", dizia o texto quase apagado.

Seu coração disparou. Aquela era sua chance.

Subindo as escadas do porão com cuidado, Evelyn abriu a porta que dava para o jardim. A noite estava fria, e o vento carregava o cheiro úmido das folhas. Ela segurava a chave com força, caminhando com passos rápidos e silenciosos em direção ao portão principal.

Enquanto girava a chave na fechadura enferrujada do portão, uma voz ecoou atrás dela:

— Achei que fosse encontrar você aqui, Evelyn.

Ela congelou. Sua respiração ficou presa na garganta enquanto sentia a presença de Victor se aproximar. Quando se virou, ele estava parado a poucos metros dela. Mas, desta vez, não havia o sorriso gentil ou o olhar caloroso. Havia apenas frieza e decepção.

— Eu confiei em você. — A voz dele era baixa, mas carregada de ameaça. — E você ia simplesmente... fugir?

— Victor, eu... — Evelyn tentou formular uma desculpa, mas as palavras morreram em sua boca.

Ele deu um passo à frente, e ela recuou instintivamente, colidindo com o portão atrás de si.

— Você acha que pode simplesmente sair daqui? — Victor estava claramente furioso, mas seu tom permanecia assustadoramente controlado. — Eu fiz tudo por você, Evelyn. Tudo! E é assim que você me retribui?

Evelyn sentiu lágrimas escorrerem pelo rosto, mas não podia parar agora. Ela segurou o portão com força, tentando abri-lo com mais uma volta da chave, mas Victor agarrou seu pulso, impedindo-a.

— Não! — gritou ela, lutando para se soltar.

Victor a puxou com força, fazendo a chave cair de sua mão. Ela tentou lutar, mas ele era muito mais forte. Com um movimento rápido, ele a segurou pelos ombros, obrigando-a a olhar em seus olhos.

— Por que você não pode simplesmente confiar em mim? — Ele parecia mais desesperado do que nunca, sua voz oscilando entre a raiva e a dor. — Eu disse que nunca machucaria você, mas você está me obrigando a fazer coisas que eu não quero.

Evelyn viu a mudança nele. A suavidade que ele demonstrava havia desaparecido, dando lugar a um controle frio e implacável.

— Você não entende, Victor. Eu preciso sair daqui. Eu preciso... respirar. — Sua voz era quebrada, mas ela manteve o olhar fixo no dele, tentando encontrar alguma centelha de humanidade.

— Não. — Ele balançou a cabeça lentamente, apertando os ombros dela com mais força. — Você não precisa de nada além de mim.

Antes que Evelyn pudesse dizer mais alguma coisa, Victor a puxou, segurou seu rosto com força e a beijou, logo depois a puxou de volta para a casa. Ela tentou resistir, mas ele a arrastou pelos corredores até o quarto, trancando a porta atrás deles.

— Não vou permitir que você me traia de novo, Evelyn. — Ele estava ofegante, sua fúria mal contida. — Vou garantir que você nunca mais tente escapar.

Ela caiu sentada na cama, observando enquanto Victor pegava a chave que ela havia usado. Ele a segurou por um momento, como se fosse um símbolo de sua decepção.

— A partir de agora, você não vai a lugar algum sem mim. — Ele guardou a chave no bolso e a encarou com um olhar intenso. — Eu amo você, Evelyn. Mas você precisa aprender que amor também é controle, proteção.

Evelyn sentiu o desespero tomar conta. Estava presa de novo, e agora Victor sabia de suas intenções. As coisas haviam mudado, e ela sabia que ele não seria mais o mesmo.

Deitada na cama, ela sentiu as lágrimas molharem seu rosto enquanto ouvia o som da chave girando na fechadura do lado de fora. Victor havia saído, mas a porta estava trancada.

Na escuridão do quarto, Evelyn prometeu a si mesma que aquela não seria sua última tentativa. Se quisesse sobreviver, precisaria ser ainda mais cuidadosa e esperta. Afinal, Victor não era invencível, e ela não seria sua prisioneira para sempre.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!