capitulo 15: ecos do passado 2

As palavras da carta continuaram a ecoar na mente de Evelyn enquanto ela tentava retomar sua rotina. Mas havia algo inquietante naquilo, uma sensação de que alguém estava por perto, observando. Victor também estava mais silencioso do que o habitual, seus olhos atentos a cada som ou movimento fora do normal.

Naquela tarde, enquanto organizava alguns livros na sala, Evelyn encontrou algo que a fez parar. Dentro de um dos livros antigos, havia uma foto amassada de uma mulher jovem. Ela estava sorrindo para a câmera, mas algo nos olhos dela parecia triste, perdido. Evelyn virou a foto, e havia algo escrito à mão no verso: “Sempre com você.”

Quando Victor entrou na sala e viu a foto em suas mãos, seu rosto se fechou. Ele parou no meio do caminho, como se estivesse decidindo se deveria falar ou não.

— Quem é ela? — perguntou Evelyn, segurando a foto com cuidado.

Victor hesitou antes de responder. — Era minha irmã. Angela.

Evelyn arregalou os olhos. — Você nunca mencionou que tinha uma irmã.

Ele se aproximou lentamente, sentando-se ao lado dela. — Porque é difícil falar sobre ela. Angela era... tudo para mim. Depois que nossos pais morreram, eu cuidei dela, mas eu falhei. Ela morreu porque eu não consegui protegê-la.

Evelyn sentiu o peso na voz dele e tocou sua mão suavemente. — O que aconteceu?

Victor olhou para o chão, seus olhos perdidos em lembranças. — Ela se envolveu com pessoas erradas. Eu tentei afastá-la, mas ela não me ouvia. Quando percebi o quão fundo ela estava, já era tarde demais. Eles a mataram.

O silêncio que se seguiu foi opressivo. Evelyn o apertou em um abraço caloroso, mostrando que estava ali para ele.

— Isso é parte do motivo pelo qual eu fiz o que fiz com você — confessou ele, com um tom de arrependimento. — Eu não queria perder você também.

Evelyn não sabia como responder. Havia tanto dor nas palavras dele, tanta culpa. Ela respirou fundo, tentando acalmar os próprios pensamentos.

— Você precisa entender que não pode carregar todo o peso do mundo sozinho, Victor. O que aconteceu com Angela não foi culpa sua. E você não pode compensar isso tentando controlar as pessoas ao seu redor.

Ele assentiu lentamente, mas ela sabia que seria difícil para ele realmente acreditar naquilo.

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Mais tarde, naquela noite, enquanto ambos tentavam relaxar, o som de algo caindo do lado de fora os fez se levantar imediatamente. Victor foi até a gaveta onde guardava a arma e fez um sinal para que Evelyn ficasse para trás.

Com passos silenciosos, ele abriu a porta e saiu, desaparecendo na escuridão. Evelyn ficou parada na entrada, o coração disparado. O silêncio era quase insuportável, até que ela ouviu passos vindo na direção dela.

Victor reapareceu com algo nas mãos. Era uma pedra, com um bilhete preso a ela por uma fita. Ele entregou a pedra para Evelyn, e ela leu o bilhete com as mãos tremendo.

“Você pode tentar esquecer, mas o passado sempre encontra um jeito de te alcançar. Essa história ainda não acabou.”

Evelyn olhou para Victor, que tinha o rosto rígido, os olhos cheios de raiva.

— Quem quer que seja, está nos testando — disse ele, a voz grave. — Mas não vamos deixar isso nos intimidar.

Evelyn tentou manter a calma, mas o medo era palpável. — Victor, e se isso não for apenas um aviso? E se eles vierem atrás de nós?

Victor a encarou, sua expressão firme. — Então vamos estar prontos. Eu não vou deixar que ninguém te toque, você é minha Evelyn.

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Naquela noite, nenhum dos dois conseguiu dormir. Victor ficou acordado, sentado na poltrona perto da porta com a arma no colo, enquanto Evelyn o observava da cama. Ela sabia que ele faria qualquer coisa para protegê-la, mas parte dela temia o que isso significava.

O passado de Victor estava voltando, trazendo sombras que ameaçavam engolir o pouco de paz que eles haviam conseguido construir. E, embora Evelyn quisesse acreditar que poderiam enfrentar aquilo juntos, uma dúvida persistente crescia em seu coração: será que realmente estavam prontos para enfrentar os segredos que ainda estavam por vir?

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