capitulo 18: o retorno de um fantasma.

A noite caiu sobre a cidade como um manto sufocante, trazendo consigo uma sensação de clausura que Evelyn e Victor não conseguiam ignorar. Após receberem a foto e o bilhete ameaçador, a tensão na casa estava palpável. Evelyn olhava constantemente pelas janelas, buscando sinais de movimento no escuro, enquanto Victor armava-se de determinação e vigilância. Eles sabiam que não poderiam recuar; estavam lidando com algo muito maior do que inicialmente imaginavam.

— Precisamos descobrir o que Anna realmente quer — disse Evelyn, quebrando o silêncio. — Não acredito que ela esteja fazendo tudo isso só por vingança.

Victor concordou, mas estava mais preocupado com a segurança de ambos.

— Antes de mais nada, precisamos nos preparar. Se ela está viva, e claramente está, então deve estar mais perto do que imaginamos.

Evelyn assentiu, mas sua mente estava inquieta. Havia algo na ideia de Anna estar viva que a perturbava profundamente. As memórias da faculdade voltaram à tona — risadas em salas de aula, noites de estudo, segredos compartilhados. Anna sempre fora intensa, mas quem imaginaria que essa intensidade se transformaria em algo tão perigoso?

Enquanto Victor revisava o sistema de segurança da casa, Evelyn sentou-se à mesa da cozinha, abrindo novamente o álbum de fotos. Seus dedos deslizaram pela imagem de Anna, tentando encontrar respostas em um rosto que agora parecia tão estranho quanto familiar. Uma lembrança distante emergiu, algo que ela havia esquecido até aquele momento.

— Victor... — ela chamou, a voz trêmula. — Anna tinha um irmão. Eu me lembro dela falar sobre ele, mas nunca o conheci. Acho que ele se chamava Daniel.

Victor parou o que estava fazendo e olhou para ela.

— E o que sabemos sobre ele?

Evelyn balançou a cabeça.

— Quase nada. Ela mencionava que ele era problemático, que havia se envolvido em coisas erradas... Mas nunca deu muitos detalhes. Talvez ele também esteja envolvido nisso.

Victor ponderou por um momento.

— Isso faz sentido. Se Anna está viva, ela não está trabalhando sozinha. Alguém a está ajudando, e esse Daniel pode ser a chave.

Eles decidiram investigar. Evelyn lembrou-se de uma amiga da faculdade que, com sorte, poderia ter informações sobre Anna e sua família. Ligaram para Laura, que atendeu após alguns toques.

— Evelyn? É você? — A voz de Laura soou surpresa.

— Sim, Laura, sou eu. Eu preciso da sua ajuda. É sobre a Anna Duarte. Você lembra dela?

Houve uma pausa do outro lado da linha.

— Claro que lembro. Mas por que você está perguntando sobre ela? Anna morreu, Evelyn. Você mesma estava lá no funeral.

— Eu sei, mas... — Evelyn hesitou. Como explicar algo tão surreal? — Apenas me diga o que você lembra sobre ela e a família.

Laura suspirou.

— Não tem muito o que contar. Eu só lembro que ela e o irmão eram muito próximos, quase inseparáveis. Daniel era problemático, sim, mas Anna fazia tudo por ele. Depois que ela morreu, ouvi rumores de que ele desapareceu. Ninguém mais o viu.

Isso confirmou as suspeitas de Evelyn e Victor. Daniel poderia ser o cúmplice de Anna, mas encontrar qualquer rastro dele seria como procurar uma agulha no palheiro. No entanto, Victor teve uma ideia.

— Vamos voltar à gráfica — ele sugeriu. — Talvez eles tenham registros que possam nos levar até ele.

---

Na manhã seguinte, Evelyn e Victor retornaram à gráfica. O homem idoso os recebeu novamente, desta vez com uma expressão mais cautelosa.

— Vocês estão de volta. Encontraram o que procuravam? — ele perguntou.

— Não completamente — disse Victor. — Você tem algum registro de outros pedidos feitos pelo mesmo nome ou algo que possa nos levar a mais pistas?

O homem hesitou, mas acabou cedendo.

— Vou verificar.

Ele voltou minutos depois com um caderno desgastado. Folheando as páginas, ele encontrou algo.

— Aqui está. Houve um pedido recente, feito para o endereço de uma caixa postal. É tudo o que tenho.

Victor anotou o endereço, agradecendo ao homem antes de sair apressado com Evelyn.

— Uma caixa postal? — ela perguntou enquanto entravam no carro. — Isso não nos dá muito.

— Talvez não, mas é um ponto de partida — Victor respondeu. — Vamos ver o que conseguimos descobrir.

---

O endereço levou-os a uma pequena agência dos correios na periferia da cidade. Era um lugar discreto, o tipo de lugar que passaria despercebido para a maioria. Lá dentro, um atendente jovem os recebeu com um sorriso mecânico.

— Como posso ajudar?

Victor mostrou o endereço da caixa postal.

— Gostaríamos de saber quem é o proprietário disso.

O atendente olhou para eles, desconfiado.

— Não podemos divulgar informações assim, senhor.

Victor estava prestes a argumentar quando Evelyn interveio.

— Por favor, é uma questão de vida ou morte. Estamos sendo ameaçados, e essa caixa postal pode estar ligada à pessoa que está nos perseguindo.

O tom desesperado de Evelyn pareceu surtir efeito. O atendente suspirou e digitou algo no computador.

— Não posso dar nomes, mas posso confirmar que essa caixa foi aberta por um homem chamado Daniel. Não há sobrenome listado.

Evelyn sentiu um calafrio.

— É ele... — ela sussurrou.

Antes que pudessem perguntar mais alguma coisa, um barulho alto veio de fora. O som de pneus cantando no asfalto chamou a atenção de todos. Victor correu para a porta, mas era tarde demais. Um carro preto acelerava pela rua, desaparecendo na distância.

No chão, na frente da agência, havia outro envelope preto.

Victor o pegou, sentindo o peso do terror crescendo. Dentro, havia uma única folha de papel com palavras escritas à mão:

"Vocês estão perto, mas nunca chegarão ao fim. Observem suas costas."

Evelyn e Victor trocaram olhares, a adrenalina pulsando em suas veias. Estava claro que Anna e Daniel não estavam apenas à frente deles — estavam manipulando cada movimento.

— Eles sabem que estamos investigando — disse Evelyn, a voz trêmula.

— Então precisamos agir rápido — Victor respondeu, decidido. — Vamos expor tudo isso antes que eles nos peguem.

E, no fundo, ambos sabiam que o verdadeiro confronto estava mais próximo do que nunca.

O som do carro desaparecendo ao longe ecoava na mente de Evelyn enquanto ela segurava o bilhete nas mãos, sentindo o peso de sua ameaça. Victor permaneceu em silêncio, o olhar fixo no envelope vazio, como se buscasse respostas em seu interior. A tensão entre eles era palpável, mas ambos sabiam que não havia tempo para hesitação.

— Eles estão nos testando, Victor — Evelyn disse finalmente, sua voz trêmula, mas firme. — Querem que saibamos que estamos sendo observados, mas isso significa que também estamos perto de descobrir algo importante.

Victor assentiu, os olhos queimando com determinação.

— Então, precisamos virar o jogo. Chega de reagir ao que eles fazem. É hora de sermos imprevisíveis.

Evelyn olhou para ele, confusa.

— O que você tem em mente?

Victor começou a andar de um lado para o outro, sua mente claramente em ação.

— Vamos usar a caixa postal contra eles. Vamos deixar uma mensagem, algo que os faça sair das sombras. Se conseguirmos atraí-los para um lugar controlado, teremos uma chance de confrontá-los.

Evelyn franziu a testa, hesitante.

— E se eles não aparecerem? Ou, pior, se aparecerem e isso for uma armadilha para nós?

Victor parou e a encarou.

— É um risco, eu sei. Mas continuar assim, esperando que eles nos derrubem, é muito mais perigoso. Eles já mostraram que não vão parar até conseguirem o que querem. Precisamos ser mais espertos.

Por um momento, Evelyn pensou em protestar, mas algo no olhar de Victor a convenceu. Ela respirou fundo e assentiu.

— Certo. Vamos fazer isso. Mas precisamos planejar cuidadosamente. Um único erro e tudo estará perdido.

Victor se aproximou e segurou sua mão, o toque firme.

— Nós vamos conseguir, Evelyn. Dessa vez, vamos acabar com isso de uma vez por todas.

O plano estava traçado. Agora, era hora de enfrentar o desconhecido.

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Comments

Maria Aparecida Monteiro Firmino Cida

Maria Aparecida Monteiro Firmino Cida

derederepente a história virou um trama sensacional tô vibrando

2025-01-17

3

Lurdemila Santos

Lurdemila Santos

caraca oh May good /Toasted//Drool/

2025-01-23

1

Ver todos

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