capitulo 10: As cordas da obsessão

Evelyn passou os dias seguintes encenando sua rendição. Cada gesto, cada palavra era cuidadosamente calculado para convencer Victor de que ela havia aceitado sua situação. Ela se permitiu sorrir para ele, aceitar sua proximidade e até demonstrar uma leve afeição, não era tão ruim assim ficar com victor. Por dentro, porém, sua mente era um turbilhão. O diário que encontrara no porão não saía de seus pensamentos. Aquelas palavras — "Não posso deixá-la escapar. Nunca." — pareciam gravadas em sua mente.

Mas algo mais a perturbava. Victor não era apenas um homem qualquer; ele era um homem quebrado. Havia vários momentos, os olhares e os toques, em que Evelyn não parecia odia-lo. O problema era que aquele resquício estava envolto em uma obsessão doentia.

Naquela tarde, enquanto estava no jardim com Victor, ela sentiu o peso do próximo passo. Precisava de manipulá-lo, mas o custo emocional disso era alto. Mesmo assim, Evelyn sabia que não podia hesitar. Ele era inteligente, mas também previsível em sua obsessão por controle. E era nisso que ela apostaria.

— Victor... — começou a falar, com a voz suave, enquanto observava as flores ao seu redor. — Eu estive pensando.

Ele levantou os olhos, curioso, mas cauteloso.

— Sobre o quê? — perguntou, tentando manter o tom casual, embora sua postura rígida denunciasse sua constante vigilância.

Evelyn suspirou, como se estivesse prestes a confessar algo importante.

— Talvez você esteja certo. Talvez eu tenha me precipitado. Eu... acho que só estava assustada. — Ela desviou o olhar, fingindo vulnerabilidade. — Eu não sabia como reagir a tudo isso.

Victor inclinou a cabeça, analisando-a. Seus olhos pareciam buscar sinais de mentira, mas Evelyn manteve a expressão tranquila.

— É normal estar assustada — disse ele, finalmente. — Eu sei que— Eu sei que não fui perfeito. Mas tudo o que fiz foi para te proteger.

Ela assentiu lentamente, como se estivesse absorvendo suas palavras.

— Eu quero tentar, Victor. Quero entender o que você vê em mim... e por que sente que precisa de mim aqui.

Victor sorriu pela primeira vez em dias, e Evelyn sentiu um nó no estômago. Aquele sorriso não era de triunfo, mas de alegria. Ele achava que eu me renderia.

— Eu sabia que você entenderia, Evelyn. Nós temos algo especial. Só precisamos trabalhar juntos para construir isso.

Ela forçou um sorriso em resposta, mas por dentro estava pensativa. Ele acabara de lhe dar a abertura que precisava.

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Naquela noite, Evelyn esperou que Víctor adormecesse. Ele parecía mais relaxado, mais confiante de que havia recuperado o controle sobre ela. Mas Evelyn estava longe de se render.

Levantou-se da cama silenciosamente e foi até a janela do quarto. Estava trancada, como sempre, mas ela havia guardado o pedaço de arame que usara antes. Com movimentos rápidos e precisos, começou a trabalhar na fechadura.

Após alguns minutos, a janela se abriu. Evelyn sentiu o ar frio da noite no rosto, e por um breve momento, sentiu uma onda de esperança. Mas antes que pudesse sair, ouviu um som atrás de si. Virou-se e viu Victor parado na porta, os olhos escuros como a própria noite.

— Eu sabia que era cedo demais para confiar em você. — Sua voz era baixa, mas carregada de decepção. — Por que você continua me testando, Evelyn?

Ela congelou, o coração batendo acelerado. Não havia como esconder sua intenção agora.

— Victor, por favor... — começou, tentando manter a calma. — Eu só queria sentir o ar fresco. Estava me sentindo sufocada.

Ele se aproximou lentamente, seus passos ecoando no quarto silencioso.

— Não minta para mim. — Sua voz era mais fria agora. — Você estava tentando fugir de novo.

Evelyn deu um passo para trás, mas não havia para onde ir. Victor a encarava com uma mistura de raiva e tristeza.

— Eu te amo, Evelyn. Mas você está me forçando a tomar medidas que eu não queria tomar.

— Você não entende o que está fazendo comigo — respondeu ela, tentando manter a compostura. — Isso não é amor, Victor. É controle, se me amasse não me deixaria trancada.

Ele parou, as palavras dela parecendo atingi-lo. Por um momento, algo em seu rosto mudou. Mas logo a máscara de frieza voltou.

— Se você não pode entender isso agora, eu vou ter que te ensinar. — Ele se aproximou rapidamente, pegando-a pelo braço.

Evelyn tentou resistir, mas ele era mais forte. Ele a puxou de volta para a cama e trancou novamente a janela. Depois, subiu na cama pondo-se em cima de Evelyn.

Deitada na cama, Evelyn sentiu o desespero tomar conta. Estava, com medo mas, ao mesmo tempo triste por ter feito isso com Victor.

Na escuridão do quarto, Evelyn pede a Victor para parar, pois não queria fazer nada, e começa a lacrimejar, _ E-e-eu gosto de você..., mas não aguento mais ficar aqui, trancada, eu gostei de passar tempo com você mas, por favor, eu juro que se me der mais uma chance eu vou tentar me acostumar.

Victor hesitou por um momento. A intensidade de suas emoções estava estampada em seus olhos. Ele parecia confuso, como se estivesse tentando processar as palavras de Evelyn. A confissão dela era inesperada, e pela primeira vez, ele parecia vulnerável.

— Você... gosta de mim? — perguntou, a voz mais baixa, quase um sussurro. Ele a soltou lentamente, recuando alguns centímetros, mas ainda a observando com intensidade. — Então, por que tenta fugir? Se gosta de mim, por que não pode ficar aqui comigo?

Evelyn respirou fundo, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto. Seu coração batia rápido, mas ela sabia que precisava ser honesta. Talvez não completamente, mas o suficiente para plantar uma semente de dúvida em Victor.

— Eu gosto de você, Victor, mas... isso não é normal. — Ela fez uma pausa, procurando as palavras certas. — Não é assim que as coisas deveriam ser. Você me prendeu aqui, me tirou a liberdade... Como posso me sentir confortável, mesmo que haja algo entre nós? Eu quero tentar... mas não posso assim. Eu preciso de espaço, de ar... Preciso confiar em você tanto quanto você quer confiar em mim.

Victor parecia absorver cada palavra, como se estivesse travando uma batalha interna. Ele olhou para as mãos, depois para Evelyn, e o silêncio se estendeu por um tempo que parecia interminável.

— Eu só queria proteger você — disse ele finalmente, sua voz carregada de uma tristeza profunda. — Mas eu vejo agora que talvez tenha exagerado. Eu... não queria te machucar.

Evelyn percebeu a abertura. Precisava ser cuidadosa.

— Você pode proteger sem me prender, Victor. — Ela tocou o braço dele gentilmente, sentindo-o estremecer sob o toque. — Eu quero tentar, mas preciso que você confie em mim. Por favor, me deixe provar que podemos fazer isso de um jeito diferente.

Victor fechou os olhos, respirando profundamente. Quando os abriu novamente, havia algo diferente neles. Ele parecia menos tenso, menos ameaçador.

— Tudo bem — disse ele, finalmente. — Mas só se você prometer que não vai tentar fugir de novo. Quero dizer isso, Evelyn. Se você tentar fugir... não haverá mais chances.

Ela assentiu, mesmo que estivesse em alerta.

— Eu prometo — disse ela, forçando a voz a soar firme. — Só quero que a gente tente de verdade, Victor.

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Os dias seguintes foram diferentes. Victor, embora ainda cauteloso, começou a dar pequenos passos para relaxar o controle. Ele destrancou a porta do quarto durante o dia, permitiu que Evelyn andasse pela casa sem ser constantemente vigiada e até a deixou sozinha no jardim por breves períodos. Mas ela sabia que ele ainda estava atento a cada movimento.

Evelyn usou esses momentos para continuar seu plano. Ela precisava agir com cuidado, mas cada dia era uma oportunidade de observar, de estudar o comportamento de Victor e de procurar brechas em sua vigilância. Ao mesmo tempo, ela começou a criar uma conexão mais profunda com ele. Perguntava sobre sua infância, sobre seus medos, sobre o que o levou a ser quem era. Victor parecia aliviado por ela demonstrar interesse, e aos poucos, começou a se abrir.

Em uma dessas conversas, ele revelou algo que deixou Evelyn sem palavras.

— Eu nunca tive ninguém, Evelyn. Ninguém que realmente se importasse. Quando te conheci, foi como se tudo mudasse. Como se, pela primeira vez, eu tivesse encontrado algo que valesse a pena.

— Victor... — ela disse, tentando manter a voz estável, mesmo enquanto sentia o peso de suas palavras. — Mas você não precisa me manter presa para ter isso. Eu não quero ser uma prisioneira. Quero que você confie em mim, para que possamos construir algo real.

Ele a olhou, a confusão evidente em seu rosto. Era como se ele estivesse tentando acreditar nela, mas ainda não pudesse se desprender de seus próprios medos.

— Eu vou tentar, Evelyn. — Ele respirou fundo. — Mas se você me trair... eu não sei o que vou fazer.

Evelyn sabia que ele estava sendo honesto. E isso a assustava mais do que qualquer ameaça explícita. Mas, ao mesmo tempo, ela viu uma chance. Victor estava se abrindo, mostrando suas fraquezas. Ela só precisava jogar suas cartas com cuidado.

No fundo, Evelyn se perguntava se, de alguma forma, ela poderia realmente mudar Victor. Talvez houvesse algo em sua humanidade que pudesse salvá-lo, criar realmente um relacionamento com Victor. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que não podia se deixar levar. A liberdade ainda era sua prioridade. Evelyn parecia se culpar pois isso significaria partir o coração de Victor novamente, e ela não queria isso.

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