Com o endereço da caixa postal em mãos e uma ideia clara do que fazer, Victor e Evelyn começaram a montar o plano. Eles sabiam que precisariam de algo mais do que coragem para enfrentar Anna e Daniel. Precisariam de estratégia.
De volta à casa, Victor pegou o laptop e começou a elaborar um falso pedido que seria enviado diretamente para a caixa postal. Evelyn observava, preocupada.
— E se eles perceberem que é uma armadilha? — ela perguntou.
Victor olhou para ela com confiança.
— Eles não vão resistir. Vamos enviar uma mensagem direta, algo que toque no ponto fraco deles. Precisamos provocá-los a aparecer.
Evelyn hesitou por um momento, mas acabou concordando. Ela sabia que, por mais arriscado que fosse, essa era a única chance de acabar com o ciclo de perseguição.
Victor digitou o seguinte:
"Sabemos sobre Daniel. Sabemos sobre você, Anna. Não podemos continuar fugindo, mas também não vamos parar de procurar. Se quiserem resolver isso de uma vez, nos encontrem no armazém abandonado na Rua Cormack amanhã à noite. Vocês sabem qual."
Evelyn leu a mensagem, sentindo o peso de cada palavra.
— E se eles forem ao local armados? — ela perguntou.
Victor respondeu sem hesitação.
— Eles provavelmente irão. Mas nós estaremos prontos.
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Na noite seguinte, Evelyn e Victor chegaram ao armazém. O lugar era grande, escuro e cheio de sombras. Era o cenário perfeito para um confronto que parecia inevitável. Victor verificou mais uma vez a arma que carregava, enquanto Evelyn mantinha o telefone pronto para acionar ajuda, caso necessário.
Eles não esperaram muito. Pouco tempo depois, o som de passos ecoou pelo espaço vazio. Victor e Evelyn se esconderam atrás de um pilar, observando atentamente.
Duas figuras emergiram da escuridão. Uma delas era inconfundível: Anna. Apesar do passar dos anos, o rosto dela ainda carregava o mesmo olhar intenso e perturbador que Evelyn lembrava. Ao lado dela estava um homem alto, com feições duras e olhos frios. Era Daniel.
— Vocês realmente têm coragem de nos chamar aqui — disse Anna, a voz cortante como uma lâmina. — Mas eu deveria saber que vocês não saberiam quando desistir.
Victor saiu das sombras, com Evelyn logo atrás.
— E você deveria saber que não somos tão fáceis de intimidar — ele retrucou.
Anna soltou uma risada curta.
— Intimidar? Oh, Victor, isso nunca foi sobre medo. Foi sobre justiça. Você destruiu a vida de Lucas e, por tabela, a minha. Agora estou aqui para devolver o favor.
Evelyn deu um passo à frente, a voz cheia de emoção.
— Justiça? Você acha que isso é justiça? Você manipulou, mentiu e tentou nos destruir. Isso não é justiça, Anna. Isso é loucura.
Daniel avançou, a expressão ameaçadora.
— Nós fizemos o que era necessário.
Victor ergueu a arma, mas manteve o dedo fora do gatilho.
— Isso termina aqui, Anna. Seja qual for o seu plano, ele acabou.
Anna riu novamente, mas dessa vez com uma ponta de desespero.
— Você acha que pode simplesmente apontar uma arma e acabar com isso? Não é tão simples assim, Victor. Não enquanto eu estiver viva.
Antes que ela pudesse continuar, o som de sirenes cortou o ar. Evelyn havia acionado a polícia no momento em que viram Anna e Daniel. Os dois ficaram tensos, mas Daniel reagiu rápido, puxando uma arma.
— Você chamou reforços? — ele gritou, os olhos fixos em Evelyn.
— Sim — ela respondeu. — E se vocês forem inteligentes, vão se render agora.
Anna olhou para Daniel, o rosto tomado por frustração.
— É o fim, Daniel. Vamos embora.
Mas antes que pudessem fugir, a polícia invadiu o armazém, armas apontadas. Anna e Daniel não tiveram escolha a não ser se render. Enquanto eram algemados, Anna lançou um último olhar para Evelyn e Victor.
— Isso não acabou — ela murmurou. — Vocês ainda pagarão.
Mas para Victor e Evelyn, finalmente parecia o começo do fim.
Enquanto Anna e Daniel eram escoltados pela polícia para fora do armazém, o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Evelyn sentiu os joelhos fraquejarem, e Victor a segurou antes que ela caísse. O peso de tudo o que haviam enfrentado parecia finalmente desabar sobre eles.
— Acabou... — sussurrou Evelyn, mas sua voz soava incerta, como se ela mesma não acreditasse nisso completamente.
Victor não respondeu imediatamente. Ele olhou para o ponto onde Anna havia sido levada e franziu a testa.
— Talvez. Mas não posso deixar de pensar no que ela disse.
Evelyn ergueu os olhos para ele, confusa.
— O que quer dizer?
Victor suspirou, os ombros tensos.
— "Vocês ainda pagarão." Ela disse isso com tanta certeza. Como se houvesse algo que ainda não sabemos.
Evelyn sentiu um arrepio.
— Você acha que existe mais alguém envolvido?
Victor não respondeu, mas seu silêncio era suficiente. Ele estava considerando essa possibilidade, e isso a deixou ainda mais inquieta.
De volta à casa, o cansaço finalmente os alcançou. Evelyn se jogou no sofá, os olhos fixos no teto, enquanto Victor verificava as trancas da porta pela terceira vez naquela noite. O ar parecia pesado, como se a presença de Anna ainda pairasse sobre eles.
— Victor — disse Evelyn, quebrando o silêncio. — O que você acha que ela quis dizer com aquilo?
Ele se sentou ao lado dela, passando as mãos pelo rosto e a puxando para beijo.
— Não sei. Mas Anna não era o tipo de pessoa que fazia ameaças vazias. Precisamos ficar atentos.
Evelyn assentiu, mas a exaustão começou a tomar conta. Pela primeira vez em semanas, ela sentiu as pálpebras pesadas e permitiu-se fechar os olhos, Evylin e victor dormiram agarradinhos a noite toda.
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Na manhã seguinte, a luz do sol entrando pelas janelas parecia trazer um vislumbre de normalidade. Evelyn preparava o café enquanto Victor lia o jornal, tentando absorver a calmaria que havia retornado, mesmo que temporariamente.
Mas então, o telefone tocou. O som alto e estridente fez Evelyn pular. Victor atendeu, colocando o aparelho no ouvido com cautela.
— Alô?
Do outro lado, uma voz masculina soava grave e séria.
— Senhor Victor, sou o detetive Almeida. Precisamos que vocês venham até a delegacia. Há algo que você precisa ver.
Victor franziu a testa, preocupado.
— É sobre Anna e Daniel?
— Sim, mas é melhor que eu explique pessoalmente.
Victor desligou o telefone, o rosto pálido.
— O que foi? — perguntou Evelyn, já nervosa.
— O detetive quer que a gente vá até a delegacia. Parece que encontraram algo.
Evelyn sentiu o coração acelerar, mas pegou sua bolsa sem questionar.
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Ao chegarem à delegacia, foram levados para uma pequena sala de interrogatório, onde o detetive Almeida os aguardava. Sobre a mesa, havia uma pasta grossa com documentos e fotos.
— Obrigado por virem tão rápido — disse Almeida. — Temos informações preocupantes.
Ele abriu a pasta, revelando uma série de imagens que fizeram Evelyn prender a respiração. Eram fotos dela e de Victor, tiradas à distância, claramente por alguém os observando.
— Essas fotos foram encontradas em um depósito que pertence a Daniel — explicou Almeida. — Mas não é isso o que mais nos preocupa.
Ele deslizou outra foto para eles. Era de Anna, mas ela estava acompanhada de outra pessoa — um homem com feições duras, que Victor reconheceu imediatamente.
— Esse é... Marco! — exclamou Victor.
Evelyn olhou para ele, confusa.
— Quem é Marco?
Victor engoliu em seco, o rosto tenso.
— Ele era um conhecido de Lucas. Trabalhou com a gente há anos, mas desapareceu antes de tudo isso começar. Eu achava que ele tinha deixado o país.
Almeida inclinou-se para frente, os olhos sérios.
— Parece que ele não deixou. E, pelo que descobrimos, ele pode ser o verdadeiro cérebro por trás disso tudo.
Evelyn sentiu um frio na espinha.
— Então isso ainda não acabou...
Victor apertou os punhos, a determinação retornando ao seu rosto.
— Não, ainda não acabou. E, desta vez, vamos terminar isso de uma vez por todas.
O jogo estava longe de terminar, e eles sabiam que enfrentariam um inimigo ainda mais perigoso. Mas estavam prontos para o que viesse. Ou, pelo menos, assim esperavam.
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Atualizado até capítulo 23
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