casamento laço feito

A dor latejava na minha pele, mas não deixei que isso me impedisse. Saí do quarto sem falar uma palavra, sem olhar para Azriel, que parecia confuso. Ele ficou parado, sem entender nada, mas eu não podia me deter agora. Eu precisava de algo, de uma resposta, de uma explicação que fizesse sentido para mim. Gritei para ele:

— Me espere, eu já volto! Fique onde está!

O som da minha voz ecoou pelos corredores, mas não olhei para trás. Fui até o escritório de Feyre, onde ela e Rhys estavam conversando. Minha mente estava uma bagunça, mas o único pensamento claro era que eu precisava fazer algo por mim mesma.

— Feyre! — minha voz saiu urgente quando entrei no escritório.

Feyre olhou para mim, com um olhar atencioso e preocupado. Rhys, ao seu lado, estava no meio de um gole de chá e engasgou, quase se engolindo. Sua expressão ficou alarmada.

— O que aconteceu? — perguntou Feyre.

Eu me aproximei delas, sem perder o foco, e disse:

— Eu preciso de panelas e legumes para fazer uma sopa. E acho que vou precisar de vocês dois depois da sopa pronta.

Feyre arregalou os olhos. Eu podia ver o mistério se formando em sua mente. Ela trocou um olhar rápido com Rhys, e então falou, como se já soubesse a resposta, mas quisesse me ouvir:

— Você aceitou o laço de parceria?

Eu congelei. Não estava pronta para isso, mas a verdade se impôs sobre mim de forma avassaladora. Eu ainda estava tentando entender o que havia acontecido, mas... sim, eu havia aceitado. A sensação do laço estava ali, poderosa, dentro de mim.

Rhys, que já estava quase sufocando com o chá, se endireitou de uma vez e disse, surpreso:

— É sério isso? Vamos para a cozinha agora.

Feyre virou para Rhys, sorrindo de forma irônica.

— Você fica aqui. Quando terminar, te chamo.

Rhys fez um aceno de cabeça, visivelmente ainda processando, e Feyre me puxou para a cozinha. Eu ri, tentando aliviar a tensão:

— Você parece mais a grã-senhora dele do que a senhora do reino, Feyre.

Ela deu uma risadinha e, como sempre, continuou a me conduzir.

— Benefícios do laço. — ela sorriu, e então me guiou até a mesa de preparação. — Agora, me ajude com as panelas.

Eu a olhei e neguei com a cabeça, começando a pegar os ingredientes por conta própria.

— Não posso te ajudar, você tem que fazer tudo sozinha.

Enquanto começava a preparar a sopa, a cozinha era um lugar acolhedor, com a madeira das estantes e uma grande lareira acesa no fundo, iluminando tudo com uma luz suave e acolhedora. A sopa que eu estava fazendo tinha cenouras, batatas, alho-poró e um toque de tomilho, o aroma sendo liberado aos poucos, preenchendo o espaço e me trazendo um conforto.

Assim que a sopa ficou pronta, Feyre olhou para o tempo e então disse, com um tom que denotava certo cuidado:

— Deixe a sopa esfriar um pouco. Vai para o meu quarto. Você não vai selar o seu laço do jeito que está, ainda está com o cheiro de sanguessugas.

Ela não me deu chance de falar mais, apenas me carregou e me fez ir com ela, chamando minha irmã para ajudar. Quando entrei no quarto de Feyre, Jayne ficou parada, estupefata, e eu ri, tentando aliviar a situação.

— O que está acontecendo? — ela perguntou, um pouco desconcertada.

Feyre sorriu com paciência.

— Sua irmã vai casar agora.

A reação de Jayne foi imediata e, sem pensar, ela gritou:

— O quê?! Como assim?!

Feyre, com um sorriso travesso, respondeu:

— Chega de perguntas. Vem me ajudar a arrumar.

Jayne sorriu e, sem mais questionamentos, começou a ajudar Feyre a me preparar. Feyre me banhou com delicadeza, retirando a dor e o cansaço com a água quente. Depois, me deu um vestido azul claro, lindo, que caía suavemente, com um tomara que caia que me deixava com uma sensação de leveza. O tecido fluía e dançava ao redor de mim. Feyre prendeu meu cabelo em um coque elaborado, deixando algumas mechas soltas ao redor do meu rosto, e colocou pequenas flores azuis nos meus cabelos, criando um visual radiante e delicado.

— Você está linda, irmã. — Jayne olhou para mim com admiração, os olhos cheios de carinho. — Não sei como é o casamento dos feéricos, mas você está maravilhosa.

Eu sorri para ela, sentindo que, no fundo, não sabia nem o que estava acontecendo. Mas uma parte de mim sabia que tudo isso fazia parte do destino.

Feyre a olhou com firmeza e, sem hesitar, disse:

— Vai ser com Azriel.

Jayne arregalou os olhos.

— Com aquele gostosão misterioso?

Eu ri, timidamente, e apenas respondi:

— Sim.

Jayne olhou para mim, preocupada.

— O papai sabe disso? Ainda não resolvi contar pra ele.

Feyre interveio rapidamente:

— Amanhã, quando ele estiver melhor, você conta, Joyce. Não vamos fazer isso agora. Ele já está se recuperando, e queremos evitar problemas.

Jayne assentiu, e Feyre olhou para mim com um sorriso tranquilo.

— Vamos. — ela falou, e me levou até a cozinha, onde peguei a sopa agora fria. Quando entrei no quarto, Azriel estava lá, vestindo um terno escuro e elegante, com uma gravata que parecia deslocada, mas ainda assim atraente. Eu olhei para ele, sentindo o coração bater mais forte.

Cassian estava lá também, com uma expressão brincalhona, olhando para nós.

— Mais um casal. E eu ainda estou solteiro! — ele falou com um sorriso travesso.

Eu ri, aliviando a tensão.

Rhys, por sua vez, parecia ainda estar processando tudo, mas quando olhou para Azriel e para mim, disse, sem acreditar:

— Não posso acreditar.

Azriel me olhou de um jeito diferente, com ternura nos olhos, e disse:

— Você está linda.

Eu fiquei sem palavras, apenas sentindo a conexão que se formava entre nós, como se o laço estivesse se firmando a cada segundo. Feyre pegou uma fita vermelha e envolveu nossas mãos, selando o laço de parceria diante de todos.

— Este laço não pode ser desfeito. — ela falou, com voz firme. — Eu, Feyre, Grã-Senhora, e Rhys, Grão-Senhor, aceitamos este laço de parceria entre Joyce e Azriel.

Uma onda de choque percorreu meu corpo, uma energia indescritível que me envolveu de uma forma avassaladora. Eu soube, naquele instante, que o laço estava feito. Senti a energia de Azriel, e minha conexão com ele se aprofundava ainda mais, marcando a aceitação mútua.

Azriel me olhou com um brilho nos olhos, diferente de tudo que eu já tinha visto antes, e eu soube, sem dúvida, que ele também sentia o laço.

Cassian, rindo, falou:

— Melhor sairmos daqui antes que Azriel nos chute para fora do quarto.

Todos saíram do quarto, deixando-nos sozinhos, e o que aconteceu a seguir, eu soube, mudaria tudo entre nós.

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