Cap 7
Lucien e eu caminhávamos há quinze minutos pela floresta densa. A copa das árvores bloqueava a maior parte da luz do sol, criando sombras alongadas que pareciam sussurrar segredos antigos. Eu ainda permanecia em silêncio, os passos firmes ecoando no chão coberto de folhas secas. Lucien, no entanto, parecia decidido a preencher o vazio. Ele falava sobre o clima, sobre a flora peculiar daquela região, tentando quebrar a tensão palpável entre nós dois.
Mas eu mal o ouvia. Minha mente estava presa em outro lugar. Durante o café da manhã, enquanto me preparava para a jornada, uma única memória se repetia incessantemente: o beijo que Lucien me roubara. A lembrança de seus lábios contra os meus fazia meu estômago revirar — de raiva, me convencia, e nada mais.
Lucien ainda tagarelava sobre os pássaros da região quando o interrompi abruptamente, minha voz cortante como uma lâmina. “Por que me beijou?”
Ele estremeceu. A pergunta veio como um golpe inesperado. Limpando a garganta, respondeu com hesitação: “Foi necessário.”
Parei de andar e o encarei. Senti a cabeça latejar com a resposta vaga e fria. Cruzei os braços, pronta para retrucar, mas antes que eu pudesse dizer algo, um movimento na floresta chamou minha atenção. Ambos congelamos.
Entre as árvores, um cavaleiro surgiu, montado em um cavalo negro como a noite. Sua armadura refletia a pouca luz disponível, mas onde deveria haver um rosto, havia apenas um vazio assustador. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Lucien praguejou baixinho.
“Um Cavaleiro Sem Face,” ele sussurrou, puxando-me para trás. “Proteja-se. Ele vai atacar você primeiro.”
O cavaleiro virou o rosto vazio em minha direção, como se tivesse farejando a presença humana. Sem aviso, ele investiu contra mim com uma velocidade desumana.
Lucien agiu rápido. Ele puxou sua espada, uma lâmina brilhante forjada com magia feérica, e interceptou o ataque do cavaleiro. O som metálico ecoou pela floresta. Eu recuei, tentando me afastar, mas o cavaleiro parecia focado em minha presença, como se fosse uma ameaça a ser eliminada.
Enquanto lutavam, Lucien percebeu algo peculiar. A força do cavaleiro vinha de uma angústia profunda, de uma história esquecida. Ele concentrou-se, seus olhos brilhando enquanto tentava acessar a essência mágica da criatura.
“Joyce, mantenha-o ocupado!” ele gritou, desviando um golpe poderoso.
Peguei minhas adagas e me juntei à luta, desviando dos ataques e tentando criar uma abertura para Lucien. Após alguns minutos intensos, Lucien gritou novamente. “Lembre-se de quem você foi!”
O cavaleiro hesitou. Por um momento, seu corpo vacilou, como se aquelas palavras tivessem atingido algo enterrado. Lucien aproveitou a oportunidade para finalizar o golpe. A espada perfurou a armadura negra do cavaleiro, e um grito agonizante, que parecia ecoar dos confins do tempo, rasgou o silêncio da floresta. O som foi seguido por uma explosão de sombras densas que se espalharam pelo ar como fumaça viva. Por um momento, tudo ao redor pareceu parar.
observei, paralisada, enquanto o corpo do cavaleiro começava a se desintegrar. As sombras que compunham sua forma se desvaneceram em fragmentos que brilhavam como carvão em brasa antes de se apagarem por completo. Restou apenas um vórtice de cinzas prateadas que pairavam no ar antes de serem levadas pelo vento. Um cheiro estranho tomou conta do ambiente, algo entre ferro enferrujado e flores murchas.
Quando o silêncio finalmente caiu, eu notei que meu coração batia acelerado, e minha respiração estava irregular. O espaço onde o cavaleiro estivera agora parecia vazio e pesado, como se um pedaço da floresta tivesse sido arrancado do tempo. A intensidade do momento deixou uma marca palpável no ar, algo que sabia que jamais esqueceria. Mais tarde, Lucien encontra uma caverna. dentro da caverna se abre em um espaço surpreendentemente amplo. com um teto irregular.
Um pequeno córrego serpenteava pelo lado direito, sua água cintilando sob o brilho da chama. O som suave do fluxo era quase relaxante, uma trilha sonora natural para a conversa e os pensamentos que emparelhavam no ar. Próximo à fogueira, Lucien havia disposto mantas e algumas provisões, organizando o espaço de forma funcional, mas preocupante
Enquanto o fogo crepitava,uma caverna escondida para descansarmos. Ele lançou um feitiço de proteção na entrada e acendeu uma fogueira para afastar o frio. Permaneci em silêncio, fitando as chamas. As palavras de Lucien mais cedo ecoavam em minha mente: “Foi necessário.”
“Você está ferida,” ele disse de repente, notando o corte profundo no meu braço.
“Não é nada,” respondi rapidamente, escondendo o braço.
“Deixe-me curar isso, Joyce,” insistiu Lucien, aproximando-se. Eu resisti, ele suspirou, frustrado. “Você é tão teimosa!”
“E você é irritante,” retruquei, mas acabei cedendo, virando o rosto enquanto ele aplicava a magia. Seus dedos tocaram minha pele com cuidado. Senti um calor estranho, uma mistura de desconforto e... algo mais.
Assim que ele terminou, murmurei que estava cansada e entrei na barraca que Lucien montara. Deitada, encarei o teto improvisado, pensando em minha irmã Jayne e em meu pai. Será que o dinheiro que deixei era suficiente? Será que Jayne conseguia lidar com tudo? Essas perguntas me consumiram até que, finalmente, o cansaço me venceu.
Acordei com a luz do sol entrando pela caverna. Vi Lucien sentado próximo à fogueira apagada. Ele não dormira. Quando notou que eu acordara, ele sorriu levemente.
“Bom dia,” disse ele.
Evitei encará-lo. Murmurei um agradecimento ao ver o chá e as frutas que ele havia preparado, mas recusei olhar diretamente para ele. Cada vez que fazia, lembrava do maldito beijo.
Quando terminamos de nos preparar para partir, Lucien se aproximou. “A partir daqui, não posso acompanhá-la. É território da Corte Noturna.”
Levantei o olhar, meus olhos encontrando os dele com intensidade. Sem dizer nada, dei um passo à frente. E então outro, até que Lucien se viu preso contra a parede da caverna. Seus olhos se arregalaram em surpresa.
“Joyce, o que você está—”
Não respondi. Em vez disso, o puxei pela gola da camisa e o beijei. Não havia hesitação em meus movimentos; coloquei todo o peso do corpo contra ele. Lucien tentou resistir no início, mas a sensação de minha boca, a pressão de nossos corpos juntos, fez sua resistência desmoronar.
Minhas mãos deslizaram para sua nuca, puxando-o ainda mais para perto, enquanto minha respiração se mesclava à dele. A língua dele encontrou a minha, iniciando uma dança lenta e provocante que fez cada célula do meu corpo vibrar. Lucien gemeu baixo, um som rouco que reverberou por mim como um sussurro íntimo. Sentia o calor de sua pele contra a minha, os músculos rígidos sob suas roupas, e o toque de seus dedos nas minhas costas enviava ondas de eletricidade. Sua excitação era evidente, pressionando contra mim em uma confirmação ardente da intensidade do momento. Cada movimento, cada respiração, parecia incendiar a tensão entre nós, criando um vórtice de desejo impossível de ignorar. Ele gemeu contra meus lábios, suas mãos pousando em minha cintura e apertando com força, como se temesse que eu desaparecesse.
Lucien sentiu o calor de meu corpo contra o seu, o perfume sutil de minha pele misturado ao cheiro da floresta ao nosso redor. Seus dedos subiram pelas minhas costas, sentindo a curva de minha silhueta, e ele não conseguiu evitar a ereção que pressionava contra a calça. O beijo se tornou mais urgente, mais selvagem. Meu corpo se moldava ao dele, como se fossemos feitos para aquele momento.
Eu o soltei abruptamente. Limpei os lábios com o polegar, meus olhos brilhando com uma satisfação vitoriosa.
“Foi necessário,” disse simplesmente, um leve sorriso nos lábios.
Sem dar tempo para que ele respondesse, peguei minhas coisas e saí, desaparecendo na floresta. Lucien ficou parado, atordoado, a mente girando com bilhões de perguntas. Ele observou enquanto eu desaparecia entre as árvores, o coração ainda batendo descontroladamente no peito.
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Atualizado até capítulo 34
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