A manhã ficou silenciosa, exceto pelo som dos pássaros que cantava nas árvores ao redor da casa. O céu tinha um tom acinzentado, prenúncio de um clima incerto, e a brisa carregava o cheiro de terra molhada. Com a mochila bem ajustada nas costas e meu arco preso ao ombro, dei um último olhar para a pequena casa que chamei de lar por tantos anos.
Jayne e meu pai estavam na porta. Meu coração abertou ao ver minha irmã abraçando José, a expressão dela dividida entre preocupação e coragem. Jayne, com seus cabelos castanhos soltos em ondas e o ar sempre doce, parecia mais jovem do que seus 19 anos, mas seus olhos brilhavam com a determinação de alguém muito mais maduro. Eu sabia que estava deixando tudo nas mãos dela, mas Jayne sempre teve uma força que Poucos viam.
"Cuide dele," pedi mais uma vez, minha voz firme, mas baixa.
Jayne concordou, seus olhos marejados, mas não chorando. Ela sabia que as lágrimas não ajudariam agora.
“Volte inteira,” respondeu, sua voz carregando mais significado do que qualquer outra coisa que eu pudesse ter aqui.
Meu pai, ainda sentado, gritou a mão em um pequeno gesto de despedida. José, com seus cabelos grisalhos e pele marcada pelo tempo, era a imagem de alguém que trabalhava duro a vida inteira. Apesar de ser visivelmente fraco, o brilho em seus olhos me deu força.
Sem mais palavras, eu virei e comecei a caminhar. Meu coração batia forte, mas havia uma determinação inquebrável dentro de mim.
O Encontro com os Lobos Ébanos
A floresta das Sombras Sussurrantes estava à minha frente. Árvores altas e antigas formavam um emaranhado que bloqueava quase toda a luz do sol. O que tudo era diferente. Um silêncio denso, interrompido apenas pelo farfalhar das folhas e um ou outro som distante que parecia mais um silencioso do que qualquer coisa natural.
Minha mão relacionadava no cabo da faca presa à cintura, e outra mantinha o arco preparado. Os relatos sobre criaturas que habitavam esse lugar ecoavam na minha mente. Sombras errantes, portadores de luzes falsas, lobos ébanos... cada história parecia ganhar vida enquanto eu dava um passo após o outro na trilha estreita.
Uma neblina fina começou a se formar à medida que eu me aprofundava na floresta. Sentia que estava sendo observado, mas meus olhos não conseguiam captar nada além das sombras que dançavam entre as árvores.
Foi então que ouvi o som. Um rosnado baixo e gutural, vindo de algum lugar à frente. Meu corpo ficou rígido.
Assim que vi o lobo, já sabia do que se tratava. Era um lobo de ébano . Sua pele era negra como a noite, e os olhos brilhavam com um amarelo feroz. As garras, longas e curvas, são feitas especificamente para rasgar carne com facilidade. Ele tinha uma aura de pura malícia, e o ar ao redor parecia se tornar mais pesado com sua presença. Eu sabia que ele nunca andava sozinho.
O som de passos suaves no solo me alertou para outros. Mais dois lobos surgiram logo depois, formando um semicírculo ao meu redor. A neblina parecia ser parte deles, escondendo seus movimentos até o último segundo.
Respirei fundo, tirando rapidamente uma flecha especial da aljava — banhada em água benta e com a ponta reforçada. Meu arco estava firme em minhas mãos enquanto puxava a corda.
O primeiro lobo avançou, um borrão negro contra o fundo cinzento da floresta. Soltei a flecha, que cortou o ar e caiu seu ombro. O lobo soltou um uivo de dor, mas não caiu. Era resistente.
Os outros dois avançaram simultaneamente. Rolei para o lado, escapando de suas garras por uma triz. Meu coração disparava enquanto eu levantava, puxando minha faca. O segundo lobo arrancou, e eu o atingi com um golpe rápido na lateral do corpo. Sua pele era dura como couro, mas a faca abria um corte superficial.
O terceiro lobo tentou me procurar, e eu sabia que não poderia deixar isso acontecer. Usei uma flecha como lança, cravando-a em seu flanco enquanto ele saltava em minha direção. O impacto me jogou no chão, mas consegui rolar para longe antes que suas garras me alcançassem.
Estava cercada, mas não derrotada. Levantei-me, segurando minha faca e minha última flecha preparada. Quando o líder da alcateia avançou novamente, mirei sua garganta enquanto ele saltava. Meu golpe foi certo, e o lobo caiu no chão, gorgolejando antes de finalmente se silenciar. Os outros dois recuaram, hesitantes. Sem seu líder, eles são relevantes menos específicos.
Aproveitei a oportunidade e me afastei, recuando lentamente com minha faca ainda em mãos. Eles não me seguiram. Quando percebi que estava a uma distância segura, deixe-me respirar novamente.
O Lago das Névoas e o Feérico
Eu sabia que tinha que chegar antes do anoitecer. Se não, não resistiria. A sede me consumia depois da luta com os lobos. Foi então que avistei um lago. O reflexo da água brilhava como prata sob a luz tênue. "Lago das Névoas", quero me aproximar.
Assim que cheguei à beira do lago, algo emergente das águas. A figura era graciosa e etérea, com cabelos que flutuavam como correntes líquidas. Seu canto era hipnotizante, quase impossível de resistir. Quando percebi que era uma ninfa das águas, meu sangue gelou. Lembre-me dos ensinamentos sobre essas criaturas: cera nos ouvidos seria a única forma de neutralizar o feitiço.
Meu corpo estava tenso, pronto para reagir. Foi nesse momento que uma figura inesperada surgiu. Um feérico ruivo , alto e musculoso, com cabelos longos que brilhavam sob a luz fraca, aparecia entre as árvores. Seu rosto era marcado por uma cicatriz brutal que ia da testa ao queixo, e um de seus olhos, dourado como ouro, parecia brilhar com uma luz própria.
Ele olhou para mim e depois para uma criatura no lago, percebendo a situação.
"Humana", disse ele, sua voz profunda e rouca. "Você não pertence a este lugar."
"E você não parece ser alguém que oferece ajuda de graça", retruquei, mão ainda firme na faca.
Ele enviou de canto, mas não respondeu. Em vez disso, virou-se para a ninfa e gritou a mão. Um brilho dourado emanava de seus dedos, e a criatura recuava, mergulhando de volta nas profundezas do lago.
“Você não sobreviveria a ela sozinha”, disse ele, seus olhos me avaliando com cuidado.
"Não pedi sua ajuda", respondi, tentando esconder minha fraqueza.
"E ainda assim, recebido." Ele cruzou os braços, o olhar firme. "Meu nome é Lucien. E você?"
Hesitei antes de responder. "Joyce."
"Bem, Joyce", ele disse, inclinando a cabeça. "Você vai precisar de muito mais do que uma faca e um arco para atravessar esta floresta. Venha. Não temos muito tempo antes que a noite caia."
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Atualizado até capítulo 34
Comments
Shibuya Luxi
Não me deixe na mão, autora, a história está tão boa!
2025-01-09
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