Eu saí da sala e o mundo parecia ter desabado sobre mim. As palavras de Feyre ainda ecoavam na minha cabeça, girando como um turbilhão, uma tempestade de confusão e raiva. Lucien... Tamlin... e, pior ainda, esse laço de parceria com Azriel. Eu mal podia processar tudo o que tinha descoberto. Como assim, eu? Uma simples humana, com um laço de parceria com um feérico? O que tudo isso significava para mim?
Andei sem rumo pelo pátio da Corte Noturna, tentando afastar as vozes na minha cabeça. Eu sabia que Azriel estava atrás de mim. Ele sempre estava. Mas eu não queria pensar nele agora. Não queria pensar em nada. A dor e a frustração estavam me consumindo. Não dava para acreditar que Lucien havia mentido para mim. Não dava para acreditar que Tamlin havia me usado como uma peça em um jogo que eu não entendi. Eu estava sufocando. Precisava de ar. Precisava de um tempo para respirar.
Então, eu comecei a correr.
O som dos meus passos ecoava pelo pátio, mas eu não me importava. Eu só precisava correr. Fugir de tudo isso, mesmo sabendo que não ia conseguir escapar. Azriel logo me alcançou, e, com uma rapidez que só ele possuía, agarrou meu braço com força.
"Pare de correr, Joyce. Não vai resolver nada..." Sua voz estava grave, mas eu sabia que ele estava tentando me controlar, e aquilo me fez querer lutar ainda mais.
"Me solta agora, Azriel!" Eu gritei, a raiva pulsando em minhas veias.
Mas ele não me soltava. "O que você falou com Feyre? O que vocês conversaram?" Ele estava com aquela expressão séria, os olhos penetrantes, tentando entender o que se passava comigo.
Não queria falar. Não queria que ele soubesse o quanto tudo aquilo me afetava. Era como se eu tivesse sido empurrada para uma realidade que não era minha, um lugar onde eu não pertencia. "Não é da sua conta, me larga, me deixa em paz." Minha voz tremia, mas eu estava decidida. Não queria que ele se metesse mais na minha vida. Eu só queria sair dali.
Azriel não me deixava ir. Ele continuava com aquele olhar intenso, como se soubesse o que estava acontecendo dentro de mim, mas não entendesse o quão difícil estava sendo para mim. "Você falou sobre o que aconteceu na floresta, não falou? Sobre o laço de parceria. Fale. Diga-me." Ele insistiu, cada palavra parecendo um golpe contra a minha resistência.
Eu fechei os olhos, a raiva explodindo dentro de mim. Laço de parceria... Como eu podia lidar com aquilo? Eu não queria ser parte disso. Não agora, não depois de tudo o que aconteceu. "Eu falei, sim. Eu descobri o que é esse tal de laço de parceria que você tanto falou. E você ainda debochou de mim! Disse 'logo uma humana é meu laço de parceria'. Agora me deixa em paz! Me deixa andar. Eu preciso esfriar minha cabeça."
Ele não se afastou. Ele me segurava com uma força silenciosa, como se estivesse disposto a me fazer entender o que ele sentia. "Você vai aceitar o laço de parceria?" Ele perguntou, sua voz um pouco mais suave, mas ainda cheia de algo que eu não queria entender.
Eu olhei para ele, tentando entender o que ele queria de mim. Como assim aceitar o laço de parceria? Como eu poderia aceitar algo que não entendia? Como eu poderia me entregar a isso, quando tudo o que eu sentia era confusão? "Como assim? Eu acabei de te conhecer. Não faz nem dia e meio! Como eu posso me juntar a alguém que eu mal conheço?"
Ele me olhou com aquela expressão que eu já conhecia. Uma mistura de determinação e dor, algo que parecia muito mais pessoal do que qualquer coisa que eu tivesse visto antes. "Eu não vou deixar você ir. Eu já deixei uma mulher ir embora da minha vida. Eu já perdi um amor uma vez, Joyce. Eu não posso perder o laço de parceria. Isso seria... demais para mim."
As palavras dele ficaram comigo, reverberando em minha mente. Ele já havia perdido alguém. Ele já havia enfrentado uma dor assim antes. Mas e eu? Eu mal sabia o que era esse laço, mal entendia tudo o que estava acontecendo. Eu não podia me deixar ser arrastada para mais uma situação que não compreendia.
Com um movimento brusco, eu me soltei de seu aperto. Eu não queria mais estar perto dele. Eu precisava de distância, precisava de tempo. Eu olhei para ele uma última vez, antes de virar e sair correndo. Ele ficou ali, parado, a frustração estampada em seu rosto. Eu sabia o que ele estava pensando. Ele achava que eu iria aceitar. Ele queria que eu aceitasse. Mas eu não estava pronta para isso. Não ainda.
Corri até a borda da floresta, onde a vegetação parecia me abraçar, me proteger. Me sentei em uma pedra fria, tentando recuperar o fôlego, tentando encontrar alguma paz. Eu sabia que Azriel estava lá, observando de longe. Eu sentia sua presença, mesmo sem vê-lo. Mas não conseguia olhar para ele. Eu não queria. Eu não queria que ele visse o que eu estava sentindo. Não queria que ele soubesse que eu estava fraca, confusa, perdida.
Lágrimas começaram a cair, e eu não pude mais segurá-las. O peso daquilo tudo, as mentiras, o laço, a pressão... Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia para onde ir. Eu não sabia nem quem eu era mais. Azriel estava lá, atrás de mim, mas ele não podia me ajudar. Nenhum de nós estava pronto para isso. Eu precisava de um tempo. De uma pausa. De algo que me permitisse respirar.
E lá, sozinha, no silêncio da floresta, eu chorei.
Azriel, de longe, assistia, a dor e o desespero inundando seu peito. Ele sabia que ela não estava pronta, sabia que tudo o que ela sentia era uma reação ao medo, à confusão. Mas ele também sabia o que aquele laço significava. E ele não ia deixá-la ir tão facilmente. Ele não poderia.
Azriel (para si mesmo, em voz baixa): Eu não vou te perder, Joyce...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 34
Comments