reencontro com a velha curandeira

Ainda fervia de raiva. A lembrança de Lucien me fez ver vermelho, e, sem pensar duas vezes, fui em sua direção. Os tapas que dei nele foram fortes, frios, não apenas pelo que ele fez, mas por tudo o que eu havia perdido. Senti a satisfação de vê-lo tenso, de ouvi-lo sussurrar palavras em vão, tentando se justificar, enquanto a dor transbordava em mim.

Azriel foi o primeiro a me segurar, e Cassian não demorou em me afastar de Lucien, mas a fúria não sumiu. Lucien, ainda ruborizado, tentou manter a compostura.

— Eu aceitei buscar sua irmã e seu pai para Valaris. Eles terão o tratamento.

Eu o encarei com olhos flamejantes, a dor misturada com uma fúria incontrolável.

— Lucien, se eles tiverem o menor arranhão, vou te caçar e fazer você pagar.

Azriel não se moveu, mas seu olhar parecia me entender. Ele sabia o quanto aquilo significava para mim, e talvez até soubesse que Lucien merecia cada tapa. A tensão entre nós dois ficou palpável por um momento, mas Lucien, em silêncio, se afastou. Finalmente.

Feyre se aproximou, com sua calma habitual, como uma brisa suave tentando dissipar a tempestade em meu peito.

— Joyce, quero te apresentar alguém... A curandeira da cidade. Ela pode ajudar mais do que imagina.

O Caminho até o Casebre da Curandeira:

Feyre me guiava por um caminho estreito e sinuoso, cercado por árvores altas que sussurravam com o vento. As sombras da floresta pareciam se esticar para nos engolir, mas o som de nossos passos na terra era uma constante tranquilidade. A tensão dentro de mim ainda não tinha se dissipado, e eu sabia que algo estava prestes a acontecer. Algo entre mim e Azriel.

Quando chegamos ao casebre, a atmosfera mudou instantaneamente. O ar estava carregado de uma energia densa, e o som da chaminé queimando era o único ruído ao redor. O lugar, isolado e discreto, parecia estar em outro tempo, em um mundo à parte, como se a natureza tivesse se fechado ao redor dele.

Dentro do Casebre da Curandeira:

Ao entrar, o cheiro das ervas e da madeira velha me envolveu de imediato. O casebre, pequeno e apertado, estava forrado com frascos, potes e vasilhas, cada um mais intrigante que o outro. As sombras dançavam nas paredes de madeira, enquanto a luz suave que entrava pelas janelas criava um ambiente misterioso e quase mágico.

A velha curandeira estava sentada em uma cadeira de balanço, com o olhar distante, mas ao me ver, seus olhos se estreitaram, e uma onda de reconhecimento me atingiu com força.

— Eu acho que conheço essa jovem... — ela murmurou, sua voz carregada de sabedoria e um toque de melancolia.

Eu a olhei intensamente. Era a mulher que havia tentado salvar minha mãe. O peso daquilo fez meu peito apertar, mas antes que pudesse responder, ela continuou.

— Sim, eu conheço... você é filha da mulher que eu tentei salvar, não é? — a voz dela estava suave, mas pesada de arrependimento.

Feyre, ao perceber a tensão crescente, explicou rapidamente sobre o estado de meu pai, sua doença que piorara após a morte de minha mãe. Luíza, a curandeira, a ouviu com atenção e começou a mover-se com a graça de quem sabe exatamente o que fazer.

— Eu sei o remédio que ele precisa, mas antes, ele precisará de um tratamento para se fortalecer. Vai levar tempo, talvez meses, dependendo de como ele está.

Quando ela mencionou como a cura dependia do estado de meu pai, olhei para Azriel, que permanecia perto da porta. Seus olhos estavam fixos em mim, e por um momento, tudo o que eu consegui sentir foi o peso da sua presença. Ele estava tão perto, quase ao alcance de um toque, e eu sabia que a tensão entre nós dois já não era mais uma mera questão de respeito ou parceria.

Foi quando Luíza, de uma forma quase evasiva, começou a falar sobre sua origem. Ela me disse que seus pais eram humanos, mas seu pai era feérico, e ela era uma mistura dos dois mundos.

— É raro, muito raro, o que você e ele têm. Laços de parceria entre humanos e feéricos... — ela disse com uma expressão enigmática.

Eu olhei para Azriel novamente, e dessa vez, o calor em meu corpo não veio da raiva ou do ressentimento, mas de algo mais profundo. Algo que crescia a cada momento que passava perto dele. Seus olhos escuros, penetrantes, estavam fixos em mim, e eu podia sentir a energia entre nós dois se intensificando.

Enquanto Feyre conversava com Luíza sobre o remédio, uma parte de mim não conseguia mais ouvir as palavras. Estava completamente absorta em Azriel. Como seria se ele me tocasse? Se nossas mãos se encontrassem? Se nossos corpos se unissem, aquele pedaço de "mau caminho" que ele representava se tornaria meu, e eu me entregaria sem reservas?

A curiosidade me consumia. O desejo estava ali, no ar entre nós, e eu não sabia como resistir mais. Eu não queria resistir.

Quando a conversa terminou e partimos para Valaris, o silêncio entre Azriel e eu era pesado, cheio de intenções não ditas. Eu podia sentir seu olhar em mim, e o que antes era uma chama distante agora era um fogo crescente, incontrolável.

A tensão estava no ar, e eu sabia que algo entre nós estava prestes a mudar.

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