A batida na porta me despertou de um sono inquieto. O som era apressado, urgente. Levantei-me num salto, ainda sonolenta, mas algo na forma como o som ecoava contra as paredes me fez sentir um arrepio gelado na espinha.
Antes que eu pudesse perguntar, a voz de Feyre soou do outro lado.
— Joyce, abra a porta. Agora.
Havia algo na forma como ela falou, algo em seu tom que me fez obedecer sem hesitação. Abri a porta e me deparei com a Grã-Senhora da Corte Noturna vestida com roupas de combate, os olhos cinzentos carregados de preocupação.
— O que aconteceu? — perguntei, meu peito já apertado, como se meu próprio corpo já soubesse a resposta.
Feyre hesitou por um segundo. Mas então, sem rodeios, ela soltou a bomba:
— Seu pai e sua irmã estavam a caminho da Corte Noturna com Lucien.
Meus olhos se arregalaram. Eu devia estar ouvindo errado. Eles estavam a caminho? Lucien estava trazendo eles?
Feyre continuou:
— Mas algo deu errado. Eles foram atacados antes de cruzar as fronteiras. Não sabemos exatamente o que os atingiu, mas... foi feérico. Um ser antigo, algo perigoso o suficiente para que Lucien estivesse tendo dificuldades.
Meu coração afundou no peito.
— Onde eles estão? — minha voz saiu afiada, impaciente.
Feyre me olhou com cautela.
— Não sabemos exatamente. Rhys está tentando rastreá-los. Cassian já saiu para sobrevoar as redondezas. Azriel também está—
— Não importa. Eu vou até eles.
Feyre arregalou os olhos.
— Joyce, não. Você ainda está se recuperando, e se for algo—
— Feyre, eu não ligo para o que é. — Minha voz tremeu, mas não de medo. De desespero. — Eu passei meses esperando notícias do meu pai e da minha irmã. Meses sem saber se estavam vivos ou mortos. Eu não vou ficar aqui enquanto eles precisam de mim.
Feyre suspirou, mas assentiu.
— Tudo bem. Mas pelo menos deixe Azriel ir com você.
Eu prendi a respiração.
Azriel.
Ele sentiria se eu partisse. Ele saberia. Mas não importava.
— Eu não vou esperar. — Passei por Feyre e fui direto para meu quarto. Eu ia agora.
Feyre não tentou me impedir. Mas sua última frase antes de eu desaparecer no corredor ecoou como um aviso silencioso:
— Joyce, tome cuidado. Se for o que estamos pensando… você vai precisar dele.
A floresta estava mais escura do que de costume. A lua cheia projetava sombras longas e retorcidas entre os troncos das árvores, e o vento carregava um cheiro denso e estranho - não podre, mas úmido, como se a própria terra estivesse viva. Joyce avançava entre as árvores, o coração batia rápido, sabendo que algo estava errado.
Ela havia saído sem pensar, em busca de sua irmã e de seu pai. Mas, enquanto corria, o ar se tornava mais espesso, carregado com aquele cheiro indescritível que parecia envolto em sua mente e corpo. Algo estava à espera.
Foi quando ouviu o primeiro grito.
“JAYNE!” A voz de seu pai cortou a noite silenciosa, cheia de pânico. O som foi seguido por um rugido gutural, vindo de uma direção mais adiante, nas profundezas da floresta.
Joyce não pensou duas vezes. Ela corria, seus pés pesados sobre o solo muscoso, enquanto sua respiração se acelerava, alimentada de medo e adrenalina. Quando chegou à clareira, o cenário à sua frente foi apavorante. Seu pai caiu, sangrando, enquanto Lucien tentava proteger Jayne, usando seu corpo como escudo.
Mas o que mais chamava a atenção era o monstruoso.
O Monstro da Floresta
A criatura era enorme, suas proporções descomunais pareciam uma força da natureza. Sua pele, coberta de musgo e raízes, era como a cascata de uma árvore velha e retorcida. Seus olhos brilhavam com um tom amarelo espectral, profundos e vazios, sem qualquer traço de humanidade. A boca era monstruosa, cheia de presas afiadas e negras como piche, um monstruoso antigo que nunca deveria ter sido despertado.
Seus braços eram longos e desproporcionais, terminando em garras afiadas, capazes de cortar a carne de qualquer um com um simples movimento. A cada movimento que fazia, um cheiro de podridão e terra molhada se espalhava pela clareira.
"O que diabos é isso?" Joyce confirmou, seus olhos fixos na criatura, o terror congelando seu corpo.
"Algo que não deveria estar aqui", Lucien respondeu, com sua voz tensa, enquanto ele tentava manter uma criatura à distância.
O monstro avançou, suas garras cortando ou ar com um som sinistro, enquanto Lucien desviava habilmente, mas uma criatura era implacável. Ela rosnou e arrancou novamente, dessa vez acertando seu braço. Lucien falou, uma dor evidente no rosto, mas se manteve firme, empunhando a espada com destreza.
"Corra, Jayne!" O pai de Joyce semelhante. "Agora!"
Antes que Jayne pudesse se mover, a criatura avançou rapidamente, suas garras se lançaram contra ela. Joyce não pensou, apenas agiu. Com um movimento rápido, ela empurrou Jayne por muito tempo, se jogando no caminho da criatura.
As garras rasgaram seu abdômen. O impacto foi tão forte que a lançou para trás, batendo a cabeça contra uma árvore com um estrondo surdo. Tudo ao seu redor parecia girar.
A dor foi tão intensa que ela quase perdeu a consciência. O sangue escorria pela sua roupa, misturando-se com a sujeira do chão, mas a única coisa que ela sentia agora era a necessidade de sobreviver.
E então… algo aconteceu.
Ela sentiu.
Um puxão, uma ligação invisível que atravessou. Era como se algo dentro de sua alma tivesse sido acordado, gritando por algo. Um grito desesperado que ela não consegue compreender. Mas ele estava lá. Algo—alguém—estava ali.
Foi naquele instante que ela viu.
Azriel
O céu se rasgou. A sombra de uma figura apareceu, deslizando das árvores, como se estivesse flutuando. Não caminhava, mas caía com uma graça predatória, suas asas abertas e ondulando como uma tempestade negra. Azriel apareceu, uma visão imponente e sombria. Seus olhos estavam fixos na criatura, mas logo se voltaram para Joyce.
A criatura tentou atacar, mas hesitou. Seus olhos, antes selvagens, se arregalaram em terror. Ela não a atacaria—não mais. Havia algo entre eles. Algo que uma criatura poderia sentir.
O laço.
Azriel avançou com fúria. Sua lâmina cortada ou com precisão mortal, e a criatura rosada, mas não foi rápida ou suficiente para escapar. Azriel a arrancou com brutalidade, suas lâminas cortando carne e osso como se fosse manteiga.
Finalmente, com um grito de dor, a criatura caiu.
O corpo atingiu o chão com um estrondo pesado. O silêncio que se abalou foi absoluto.
Azriel se virou para Joyce, suas asas ainda abertas, como se estivesse pronto para sair em busca de outro inimigo. Mas seus olhos caíram sobre ela — sobre o ferimento grave que ela sofria.
Ele estava ali em um segundo, com as mãos firmemente pressionadas sobre o ferimento dela. Sua respiração estava descontrolada, e sua expressão, que normalmente mantinha a calma, agora estava carregada de algo muito mais profundo.
“Joyce”, sua voz era uma mistura de comando e preocupação, uma urgência fria. "Fique comigo."
Joyce tentou falar, mas as palavras não vinham. Sua mente estava em pedaços, incapaz de processar tudo o que estava acontecendo. Mas ela sentiu. Sentia algo profundo, pulsante. Uma conexão. Algo que nunca havia experimentado.
Azriel estava ali. Ele sempre estaria ali.
E então ela compreendeu. Ó laço.
O monstro não a matou, porque ele sentiu o laço de parceria entre ela e Azriel. A criatura sabia que, ao tocá-la, atacaria algo muito maior, mais sombrio, e muito mais perigoso do que qualquer monstruoso.
Azriel sentiu isso também.
O laço que os unia estava agora mais forte do que nunca.
"Eu não vou te deixar", ele sussurrou, seus olhos escurecendo de desejo e proteção.
E, naquele momento, Joyce soube que nada mais importava. A ligação entre eles era eterna, e ela nunca mais seria a mesmo
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Atualizado até capítulo 34
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