Entre Lealdade e Desejo".

Capítulo 6

Na penumbra do escritório, Tamlin estava sentado à sua mesa, tamborilando os dedos de forma rítmica, um gesto que revelava sua inquietação. Lucien estava em pé do outro lado, os braços cruzados. A expressão que Tamlin carregava era tensa, o peso das palavras que ele proferiria parecendo quase esmagá-lo.

"Lucien, preciso que faça algo por mim," Tamlin começou, sua voz baixa mas firme.

Lucien arqueou uma sobrancelha, mas não respondeu de imediato. Ele sabia que o que estava por vir não seria simples.

"Joyce não confia em mim," Tamlin continuou. "Percebi isso quando mencionei Feyre. Ela duvida de minhas intenções, talvez de minha palavra. Você precisa encontrar um jeito de trazê-la para o nosso lado, de fazer com que ela veja que estamos aqui para ajudar."

Lucien soltou um suspiro. "E o que exatamente você espera que eu faça?"

Tamlin inclinou-se para frente, os olhos dourados faiscando. "Ganhe a confiança dela. Use o que for necessário."

Um peso se instalou no peito de Lucien. Ele lembrava-se do olhar que Joyce lhe lançara na floresta, uma mistura de desconfiança e curiosidade. E, talvez, algo mais. Uma ideia perigosa começava a se formar em sua mente. Ele não respondeu de imediato, apenas assentiu levemente, saindo do escritório sem dizer mais nada.

Depois do beijo no terraço, Lucien deixou Joyce sozinha. Cada passo que ele dava para se afastar dela parecia mais pesado, como se o próprio ato de sair fosse contra tudo o que seu coração desejava. Ele sabia que cometera um erro, mas um erro que julgava necessário. Tamlin precisava enxergar a verdade sobre Feyre, precisava superar o que o consumia. E, de alguma forma, Lucien acreditava que ajudar Joyce a completar sua missão também ajudaria seu Grão-Senhor a encontrar algum tipo de redenção.

A noite foi longa e sem descanso. Deitado em sua cama, Lucien encarava o teto, as imagens do beijo com Joyce passando por sua mente repetidamente. Ele conseguia se lembrar da suavidade inesperada que encontrou além daquela fachada dura, da maneira como ela resistira, mas também cedia. Quando finalmente o sono veio, foi leve e perturbado.

Ao amanhecer, Lucien decidiu levantar-se. Depois de um banho quente que não conseguiu acalmar seus pensamentos, ele se viu relembrando cada detalhe: o rosto cansado de Joyce, as lágrimas que ela tentara esconder, e aquele instante de vulnerabilidade que ele presenciara. Ela era uma contradição ambulante: dura como uma rocha por fora, mas com uma doçura enterrada em algum lugar profundo.

Enquanto se vestia, seu olhar pousou em um pequeno frasco de poções que ele havia preparado. Poções mágicas da Corte Primaveril, escondidas discretamente na mochila de Joyce. Ela nunca saberia que estavam lá, mas ele sentia que precisava fazer algo para protegê-la. Mesmo que nunca admitisse isso em voz alta.

No café da manhã, Lucien desceu as escadas para o salão principal. O cheiro de pão fresco e frutas maduras pairava no ar. Ele avistou Joyce já sentada à mesa, comendo tranquilamente. O vento que entrava pelas janelas fazia seu cabelo esvoaçar levemente, dando-lhe uma aparência quase etérea. O vestido floral que ela usava parecia deslocado para alguém tão feroz e indomável quanto ela. Mas naquele momento, para Lucien, ela parecia uma deusa.

"Bom dia," ele cumprimentou, tentando soar casual enquanto se sentava ao lado dela. Seu coração disparava, mas ele mascarava a sensação com um sorriso despreocupado.

Joyce ergueu os olhos para ele, sua expressão fechada. "Bom dia," respondeu secamente, voltando a comer. A tensão entre eles era palpável.

Lucien tentou provocá-la, jogando comentários leves, mas ela apenas bufava em resposta. Apesar disso, ele percebeu que seus olhos brilhavam com algo mais do que raiva. Talvez fosse confusão, ou algo que ela ainda não conseguia identificar.

   Lucien deslizou para a cadeira ao lado de Joyce, o sorriso fácil brincando nos lábios enquanto ela o olhava de soslaio. O ar estava repleto do cheiro de pão fresco e frutas, e o som suave dos empregados circulando pelo salão trazia uma tranquilidade forçada à cena.

"Você está especialmente... radiante hoje," ele comentou, inclinando-se levemente em sua direção, a voz baixa e carregada de uma provocação calculada. "Diria até que esse vestido foi escolhido para me provocar."

Joyce bufou, largando o garfo com um pouco mais de força do que o necessário. "Não me elogie, Lucien. Não combina com você."

Ele riu baixinho, um som rouco que pareceu preencher o espaço entre eles. "Ah, mas combina comigo sim. Só estou dizendo a verdade. Embora, para ser honesto, prefira o jeito que você parecia ontem na floresta... Selvagem, incontrolável."

Ela estreitou os olhos para ele, o rosto se fechando em uma máscara fria. "Eu não estou interessada nas suas opiniões sobre meu estilo, Lucien. Por que você não se ocupa em comer em vez de me incomodar?"

Lucien apoiou o cotovelo na mesa e descansou o queixo na mão, o sorriso permanecendo. "Porque é infinitamente mais interessante te ver tentando me ignorar."

Joyce o encarou, a mandíbula apertada, mas ele notou um leve rubor em suas bochechas. "Você tem um conceito estranho de diversão. E se acha que vai conseguir alguma coisa comigo com esses joguinhos, está perdendo seu tempo."

Antes que ele pudesse responder, a porta principal se abriu, e Tamlin entrou, caminhando com passos firmes e silenciosos. A tensão na sala mudou imediatamente, e Joyce endireitou a postura, aproveitando a distração para se focar em seu prato.

"Bom dia," Tamlin cumprimentou, sentando-se à cabeceira da mesa. Seu olhar passou brevemente por Joyce e Lucien antes de pousar no pão à sua frente. Ele começou a se servir, mas não fez mais comentários, permitindo que a conversa se dissolvesse em um silêncio desconfortável.

Lucien afastou-se ligeiramente, finalmente pegando um pedaço de pão, mas seu olhar ocasionalmente voltava para Joyce, que continuava a comer, fingindo não perceber sua atenção.

                                                                                                                          Quando o relógio marcou dez da manhã, Joyce estava pronta para partir. Vestida com roupas resistentes, uma blusa preta que delineava suas curvas, calças verdes militares e botas de couro, ela parecia a guerreira que Lucien conhecera na floresta. Seus cabelos estavam presos em uma trança apertada, com a franja caindo suavemente sobre a testa. Lucien sentiu seu coração ferver de desejo por aquela imgem de joyce.

Ela pegou sua mochila, o arco e as adagas, e virou-se para ele. "Vamos?" perguntou com firmeza, interrompendo os pensamentos de Lucien.

Ele assentiu, sabendo que aquele momento estava se aproximando. Ele a ajudaria atravessar parte do caminho, mas no final, ela estaria sozinha. Enquanto a acompanhava em direção à floresta, uma parte de Lucien se perguntava se estava realmente ajudando Tamlin ou apenas armando uma armadilha para si mesmo.

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