a conversa

A sala de Feyre era espaçosa, iluminada pela luz suave que entrava pelas amplas janelas arqueadas. As paredes eram adornadas por pinturas delicadas de paisagens noturnas, provavelmente obras da própria Grã-Senhora. Livros estavam empilhados sobre uma mesa de mogno escuro, e uma lareira elegante mantinha o ambiente aquecido.

Permanece próxima à porta por um instante, sentindo-se um tanto deslocada. Feyre, porém, sentou-se em uma poltrona estofada junto à janela, gesticulando para que ela fizesse o mesmo. O olhar azul de Feyre era intenso, perspicaz,  sabia que ela estava esperando explicações.

"O que você está fazendo aqui, Joyce?" A voz de Feyre era gentil, mas havia uma firmeza sob a suavidade. "E como conseguiu chegar à Corte Noturna sozinha?"

Respirei fundo. Não sabia ao certo por onde começar. Meus olhos se desviaram por um instante para a grande janela ao lado de Feyre. A visão de Velaris durante o dia era diferente do que imaginara. As ruas de pedra eram ladeadas por construções elegantes, com sacadas floridas e toldos coloridos. O rio cortava a cidade como uma fita cintilante, refletindo o céu azul. Pequenos barcos deslizavam suavemente sobre a água, e de longe ela podia ver feéricos caminhando, rindo, vivendo em paz. Era diferente de tudo que conhecia.

Mas não era por isso que estava ali.

Desvio o olhar da janela e voltou-se para Feyre. "Eu saí de casa porque meu pai está doente. Ele piorou muito e não há nada que os curandeiros humanos possam fazer. Preciso encontrar um remédio feérico para ele."

Feyre se inclinou para a frente, franzindo o cenho. "E deixou Jayne sozinha com ele?"

 assenti lentamente. "Eu não queria... mas não tive escolha. Se eu não saísse, ele teria morrido sem que eu sequer tentasse salvá-lo."

Feyre soltou um suspiro baixo e cruzou as pernas, apoiando o cotovelo no braço da poltrona. "Entendo. E foi por isso que foi para a Corte Primaveril?"

Joyce hesitou por um momento, depois assentiu. "Sim. Achei que Tamlin poderia me ajudar. Ele sempre foi mais... aberto com humanos. Ou pelo menos era o que eu pensava."

Feyre fechou os olhos por um instante, uma expressão de amargura passando por seu rosto. "E o que aconteceu?"

Passei a contar tudo. Falei sobre sua chegada à Corte Primaveril, sobre a recepção fria que recebera de Tamlin, a maneira como ele parecera atormentado e perdido. Contou sobre Lucien, sobre como ele fora a única fonte de apoio naquele lugar, sobre as criaturas que enfrentara na floresta. Falou sobre sua decisão de partir, sobre como sabia que não encontraria as respostas que precisava ali.

Eu apenas omiti uma coisa.

Feyre ouviu tudo sem interromper. Quando Joyce terminou, a Grã-Senhora inclinou-se para trás na poltrona e tamborilou os dedos sobre o braço do estofado. "Tamlin continua o mesmo, então."

A amargura na voz dela era inconfundível.

"E Lucien?" Feyre perguntou, o olhar estudando Joyce atentamente. "Ele foi bom com você?"

desvio o olhar por um instante, pegando uma das almofadas do sofá ao lado. "Foi. Ele me ajudou bastante."

Feyre assentiu, parecendo absorver cada palavra. "E como chegou aqui, então?"

"Eu fugi da Corte Primaveril sozinha. Cruzei territórios perigosos, e... fui atacada."

Feyre se inclinou para a frente, alarmada. "Por quem?"

"Uma criatura aquática. Quase morri. Mas Lucien... ele me salvou."

O nome dele pairou no ar entre as duas, carregado de algo que eu não quis analisar. não espero por uma resposta e continuo: "Depois disso, consegui seguir viagem até aqui. Mas não foi fácil."

Feyre permaneceu em silêncio por um longo momento. Depois, sua expressão suavizou-se ligeiramente. "Você sempre foi forte, Joyce. Sempre te admirei por isso."

Joyce sorriu de lado. "Não sei se sou forte ou apenas teimosa."

Feyre riu suavemente. "Talvez um pouco dos dois."

A conversa ficou em um silêncio confortável por um instante, enquanto Joyce olhava novamente pela janela, vendo o sol brilhar sobre Velaris. Não parecia um lugar ameaçador, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se um pouco segura.

Mas aquilo era apenas o começo

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