Uma semana.
Havia se passado uma semana desde que Amanda foi liberada para responder em liberdade. Nesse período, seguimos diversas pistas, mas parecia que cada avanço trazia um novo obstáculo. Localizamos o dono do veículo que apareceu nas imagens das câmeras de segurança. O carro era alugado, e quando tentamos obter informações sobre quem o havia usado naquele dia, o homem se recusou a colaborar, mesmo após uma ordem judicial.
O resultado? Ele foi preso por descumprir a lei e desacato às autoridades. Mas, como era de se esperar, acabou sendo solto depois de pagar uma fiança absurda. Apesar disso, o silêncio dele continuava a nos barrar, tornando o caso ainda mais frustrante.
Eu precisava resolver esse enigma. Cada dia sem respostas era uma noite sem dormir. O caso não saía da minha cabeça, martelando como um tambor incessante. Toda vez que eu fechava os olhos, via flashes do corpo de Gael, da expressão aterrorizada de Amanda e da trilha na mata. Algo estava faltando, e eu sabia que, para preencher as lacunas, teria que quebrar algumas regras.
A decisão que tomei não foi fácil, mas era necessária. Eu precisava levar Amanda de volta à cena do crime.
Não era protocolar, muito menos seguro. Eu poderia enfrentar sérias consequências se alguém descobrisse. Mas a verdade era que, em casos como esse, protocolos nem sempre traziam respostas. Amanda estava no centro de tudo. Ela podia ter bloqueado memórias por trauma ou medo, mas talvez, estando lá novamente, algo fosse despertado.
Na manhã seguinte, passei na casa dela. Ela parecia surpresa ao me ver, mas não hesitou em me deixar entrar.
— Amanda, — comecei, direto ao ponto. — eu preciso que você volte comigo à cena do crime.
Seus olhos se arregalaram, e ela cruzou os braços, como se buscasse uma forma de se proteger.
— Por quê? Eu já disse tudo o que sei... Eu não lembro de mais nada.
— Eu sei. — Tentei manter o tom calmo, mas firme. — Mas talvez, estando lá, você consiga lembrar. Pode ser um som, um cheiro, algo que passou despercebido antes.
Ela hesitou, mordendo o lábio enquanto olhava para o chão. Eu sabia que estava pedindo muito. O trauma dela ainda era evidente, mas o tempo estava contra nós, e a investigação parecia estar se arrastando sem um rumo claro.
— Tudo bem, — ela finalmente disse, quase em um sussurro. — eu vou.
No caminho até a cena do crime, o silêncio entre nós era palpável. Amanda olhava pela janela, com a testa franzida, claramente perdida em pensamentos. Quando chegamos, a área ainda estava isolada, com as fitas amarelas balançando ao vento.
— Está tudo bem, — eu disse, enquanto abria a porta para ela. — Eu vou estar ao seu lado o tempo todo.
Ela respirou fundo e assentiu, saindo do carro. Assim que pisou na trilha, seu corpo pareceu enrijecer. Era como se a paisagem despertasse algo nela, mas ela não dizia nada.
— Reconhece alguma coisa? — perguntei, andando ao seu lado.
Amanda olhou em volta, os olhos percorrendo cada detalhe. Quando chegamos ao ponto onde o corpo de Gael havia sido encontrado, ela parou, tremendo levemente.
— Eu... — começou, mas sua voz falhou.
Eu esperei pacientemente, sem pressionar. Ela fechou os olhos por um momento, como se estivesse tentando puxar algo das profundezas de sua mente.
— O assobio, — ela disse, quase sem ar. — Eu lembro do assobio. Era... era uma música.
Minha atenção ficou mais alerta.
— Consegue lembrar qual era a música?
Ela balançou a cabeça, frustrada.
— Não... só sei que não era Gael. Ele nunca assobiava.
Um arrepio percorreu minha espinha. A menção do assobio se conectava ao capuz encontrado e ao DNA masculino. Havia, sem dúvidas, uma terceira pessoa ali naquela noite.
Amanda se agachou, passando a mão pela grama molhada. De repente, ela parou, olhando fixamente para algo no chão.
— Antony... — ela murmurou, apontando para uma marca no solo. — Isso estava aqui antes?
Eu me abaixei para olhar. Eram marcas de pneus, mas não do carro de Gael. Olhei para Amanda e vi o pânico em seus olhos.
— Isso não estava no relatório, — murmurei para mim mesmo.
A cena do crime acabava de ganhar uma nova peça no quebra-cabeça.
...[...]...
O delegado ainda estava cético em relação à Amanda. Apesar das novas evidências — o capuz, o DNA masculino e as marcas de pneus — ele não estava totalmente convencido de sua inocência. "Pode ser armação," ele dissera mais de uma vez, como se quisesse justificar sua hesitação.
Eu entendia sua posição, mas, para mim, Amanda não era a assassina. Não podia ser. Algo nos seus olhos, na forma como suas mãos tremiam e na maneira como ela chorava ao falar de Gael, me dizia que ela estava tão perdida quanto nós nessa investigação.
Enquanto dirigíamos de volta da cena do crime, Amanda parecia exausta. Ela mantinha o olhar fixo na janela, mas sua respiração era irregular, como se estivesse tentando segurar as lágrimas. Quando finalmente paramos em frente à delegacia, ela quebrou o silêncio.
— O delegado ainda não acredita em mim, não é?
Respirei fundo antes de responder.
— Não totalmente. Mas isso não importa agora. O importante é o que você lembra, e vamos provar a verdade.
Ela assentiu levemente, mas parecia perdida em pensamentos.
Quando entramos, pedi um momento a sós com ela. Levamos café para a pequena sala de espera ao lado, longe dos olhares desconfiados de outros policiais. Amanda estava tremendo levemente, mexendo na alça do copo descartável, incapaz de me olhar diretamente.
— Eu acredito em você, — eu disse, quebrando o silêncio.
Ela levantou o olhar, surpresa com a certeza em minha voz.
— Mas eu não lembro de nada, Antony... — sua voz quebrou. — Pode ter sido eu. Eu estava lá, com uma arma. Não faz sentido.
— Não foi você, Amanda. Eu tenho certeza.
Ela franziu o cenho, o rosto contorcido entre desespero e dúvida.
— Por que você acredita tanto em mim? — perguntou, a voz quase inaudível.
Me inclinei um pouco para frente, olhando diretamente em seus olhos.
— Porque às vezes a gente enxerga nos outros aquilo que eles não conseguem ver em si mesmos, — respondi, sem hesitar. — E eu vejo quem você realmente é.
Amanda piscou, surpresa, e então as lágrimas começaram a cair. Ela apertou os lábios, tentando se recompor, mas acabou cobrindo o rosto com as mãos.
— Obrigada... — murmurou entre soluços.
Naquele momento, eu soube que faria tudo o que fosse necessário para provar sua inocência. Não era apenas uma questão de dever ou justiça. Era algo mais profundo.
Por mais que ela duvidasse de si mesma, eu não iria duvidar. Não enquanto houvesse a menor chance de trazermos a verdade à tona.
.........
...Ps: Próximo capítulo tem Babado. E calmem, já vai acabar a tensão e vocês vão poder curtir o lovers deles dois....
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Thaliaa Vieira
Mais ele deveria de ter continuado preso, por querer encobrir e não colaborar a um suspeito de assassinato!🤨
2025-01-11
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Rafael Javarini
eu acho ele tão lindo e fofo com ela tá vontade de guardar ele em um pontinho
2025-01-11
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Andressa Lopes
autora posta mais por favor
2025-01-11
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