Capítulo 06

Acordei com a luz entrando pela pequena janela do quarto. A claridade me incomodava, e minha cabeça ainda latejava. Minhas mãos tremiam levemente quando as olhei, como se estivessem carregando um peso que eu não conseguia identificar. Eu não lembrava de nada. Nada além da chuva, da floresta... e do corpo de Gael.

Passei os dedos pela roupa de hospital que vestia. A sensação de vazio era sufocante, e a culpa me esmagava, mesmo que eu não soubesse exatamente pelo quê.

Logo depois, uma policial entrou no quarto com um semblante sério, trazendo um kit de coleta de digitais.

— Amanda Reis? — Ela perguntou formalmente.

— Sim. — Respondi em um sussurro.

— Vou precisar das suas impressões digitais. É parte do protocolo.

Não perguntei por quê. Apenas estendi as mãos enquanto ela fazia o procedimento. Meu coração acelerava a cada segundo, mas permaneci em silêncio, com medo de dizer algo errado, de parecer culpada por algo que eu nem sabia se tinha feito.

Pouco tempo depois, uma enfermeira entrou no quarto e me ajudou a tomar banho. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não conseguia levar embora o peso que eu sentia. Quando voltei para o quarto, vesti outra roupa de hospital e me sentei na cama, esperando algo que eu sabia que viria, mesmo sem entender o que era.

Foi quando a porta abriu novamente, e Antony entrou. Ele estava sério, mais do que da última vez que o vi. Algo em sua postura me deixou em alerta.

— Amanda. — Ele começou, a voz firme, mas não agressiva. — Tenho uma ordem a cumprir.

Meu coração parou por um instante, e meu estômago se revirou.

— Ordem? — Perguntei, a voz quase inaudível.

Ele respirou fundo antes de continuar.

— Amanda Campos Reis, você está sendo presa sob suspeita do assassinato de Gael Levistons.

O mundo pareceu parar. Minhas mãos tremiam, e meu corpo ficou rígido.

— O quê? — Foi tudo o que consegui dizer, a voz falhando.

— Você tem o direito de permanecer em silêncio. Tudo o que disser poderá ser usado contra você.

As palavras saíam de sua boca como facas cortando minha mente. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Eu... eu não me lembro de nada! — Exclamei, desesperada.

Antony olhou para mim com um misto de firmeza e algo que parecia compaixão.

— Amanda, você será levada para a delegacia. Lá teremos mais detalhes e você poderá dar sua versão.

Eu balancei a cabeça, tentando encontrar alguma memória que pudesse me ajudar, mas minha mente era um borrão completo.

— Eu não fiz isso. — Murmurei, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Vamos descobrir a verdade. — Ele respondeu, colocando as algemas em minhas mãos com cuidado, como se tentasse aliviar a dor emocional que eu claramente sentia.

Enquanto ele me guiava para fora do hospital, tudo o que eu conseguia pensar era: Se eu não fiz isso, quem fez? E por que não consigo me lembrar de nada?

Fui levada para a delegacia em silêncio. Cada barulho da viatura parecia amplificar o vazio na minha mente. As algemas nos meus pulsos eram leves, mas o peso do que elas representavam parecia insuportável.

Quando chegamos, Antony abriu a porta e me guiou para dentro. O ambiente era frio, com policiais indo e vindo. Ninguém dizia nada, mas eu sentia os olhares sobre mim, como se todos já tivessem uma opinião formada sobre o que eu teria feito.

— Por aqui. — Antony indicou o caminho, e eu o segui.

Passei por um corredor estreito até chegar a uma sala com uma mesa no centro e cadeiras dos dois lados. Havia um espelho grande em uma das paredes, mas eu sabia o que era: um espelho falso. Não era difícil imaginar quem poderia estar do outro lado, assistindo tudo.

Antony abriu a porta e me guiou até a cadeira. Ele se sentou do outro lado, enquanto o delegado já estava na sala. Pouco depois, o promotor entrou. Seu semblante era sério, mas ele parecia tentar se manter calmo.

— Amanda Reis, meu nome é Hugo, sou o promotor responsável pelo caso. Vamos tentar esclarecer os acontecimentos da noite passada. — Ele começou, a voz controlada.

— Eu não me lembro de nada. — Falei rapidamente, antes mesmo que ele pudesse continuar.

— Entendemos. — O delegado interveio, apoiando os braços na mesa. — Queremos apenas conversar. Não estamos aqui para pressionar você.

Eu cruzei os braços instintivamente, tentando me proteger da situação.

— Amanda, você consegue nos dizer qualquer coisa sobre aquela noite? Algo que tenha acontecido antes de vocês chegarem à casa em Cunha? — Perguntou Rodrigo, com cuidado.

Fechei os olhos, tentando lembrar, mas tudo era nebuloso. A última coisa clara que eu tinha na memória era a discussão com Gael no carro. Depois disso... apenas fragmentos: chuva, árvores, e o corpo dele.

— Só me lembro de estarmos discutindo no carro... Ele queria ir para Cunha, mas eu não queria. Depois disso, tudo é um borrão. — Disse, com lágrimas começando a se formar.

Antony estava sentado do outro lado da mesa, observando-me com atenção, mas sem dizer nada.

— Tudo bem. Vamos com calma. — Disse o delegado. — E sobre a floresta? Alguma coisa?

Engoli em seco. A imagem do corpo de Gael apareceu na minha mente como um flash.

— Eu... eu o vi. Ele estava... no chão. Morto. — Minha voz tremeu.

— Você se lembra de como ele morreu? — Perguntou Hugo, mantendo o tom neutro.

Balancei a cabeça rapidamente.

— Não. Não me lembro. Só vi o corpo dele... e uma arma... perto.

Os três homens na sala trocaram olhares.

— Amanda, encontramos duas armas na cena. Uma estava ao lado do corpo de Gael e outra mais distante. Você se lembra de tê-las usado ou visto alguém mais lá? — O delegado perguntou.

— Não sei. — Respondi, a voz fraca. — Eu não sei de nada.

Antony finalmente falou:

— Amanda, ninguém está dizendo que você é culpada. Você é apenas uma suspeita.Estamos apenas tentando entender o que aconteceu. Se você não consegue se lembrar agora, tudo bem. Só precisamos saber se há algo que possa nos ajudar.

Ele parecia sincero, mas eu não tinha respostas para dar. Minha cabeça latejava, e a culpa de não lembrar de nada era tão esmagadora quanto o peso da suspeita que pairava sobre mim.

Hugo suspirou, fechando o bloco de notas à sua frente.

— Por hoje, é só. — Ele disse. — Amanda, continuaremos investigando. Vamos descobrir o que aconteceu. Enquanto isso você ficará sob custódia.

O delegado assentiu e chamou um policial para me levar de volta à cela temporária. Antony me lançou um último olhar antes de eu sair da sala, mas não consegui decifrar o que ele queria dizer com aquilo.

Agora, tudo o que eu podia fazer era esperar. E torcer para que minha memória voltasse antes que fosse tarde demais.

.........

Ps: eu só acho, só acho que minha bebê não é a culpada 🧏🏻‍♀️

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Comments

F Valeria Feliciano

F Valeria Feliciano

Gael era advogado! não especifica se era criminalista!! pode ser vingança de alguém q teve um filho, pai ou irmão preso por ele!! /Casual//Casual/

2025-02-07

1

Dulce Gama

Dulce Gama

Quem será que armou eu acho que ele Gael está envolvido nessa armação ❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁👍👍👍👍👍

2025-01-10

1

Andressa Lopes

Andressa Lopes

tenho 2 suspeita ou ele tá devendo e família tá com dívida e foi execução, ou alguma amante dele não aceito alguma coisa que ele disse por exemplo não vou largar a Amanda por causa de vc , lembrando que Davi ou David disse que ele tinha vários casos com mulheres diferentes. 🤣🤣🤣🤣🤣 tô me sentindo uma detetive 🤣🤣🤣 agora dona autora malvada posta mais por favorzinho

2025-01-09

5

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