Capítulo 05

Fechei a porta da viatura e virei para David, que estava no banco de trás, ajudando Amanda a tomar alguns goles de água. Ela ainda tremia, os olhos fixos em um ponto indefinido, como se estivesse completamente alheia ao que acontecia ao redor.

Um m dos policiais me chamou. E sai do carro.

— Antony! — Ele veio apressado, segurando um caderno de anotações e uma expressão grave. — Encontramos o corpo de Gael na mata, a cerca de 200 metros daqui.

Fiquei estático por um momento.

— Morto? — Perguntei, embora já soubesse a resposta.

— Sim. Dois tiros, à queima-roupa. Encontramos duas armas no local, uma próximo ao corpo e outra caída a poucos metros de distância. A perícia já isolou a área.

Passei a mão pelo rosto, sentindo o peso da situação aumentar. Olhei para Amanda pela janela da viatura. Ela estava encolhida no banco traseiro, os braços abraçando o próprio corpo. Algo terrível tinha acontecido naquela floresta, e eu precisava entender o que era.

— Alguma impressão inicial sobre as armas? — Perguntei.

— Ambas registradas no nome de Gael Levistons. Ainda precisamos verificar se uma delas foi disparada por Amanda, mas pela posição em que foram encontradas, parece que houve algum tipo de luta ou confronto.

Assenti, processando as informações.

— Certo. Avisem assim que a perícia tiver mais detalhes. Vou levar Amanda para o hospital para o corpo de delito. — Minha voz saiu firme, mas internamente eu estava preocupado com o que mais poderia ser descoberto.

— Entendido. — O policial deu um passo para trás, me deixando seguir.

Entrei na viatura, ajeitando meu cinto e olhando pelo retrovisor para Amanda. David me lançou um olhar questionador.

— E aí? — Ele perguntou.

— Encontraram o corpo de Gael. — Falei baixo, para que Amanda não ouvisse, embora não parecesse que ela estava prestando atenção em qualquer coisa. — Morto a tiros. Precisamos descobrir se ela estava envolvida ou se foi outra pessoa.

David soltou um longo suspiro e assentiu.

— Ela está muito abalada, Antony. Mal conseguiu beber água. — Ele abaixou a voz. — Você acha que... pode ter acontecido algo pior com ela?

Meu estômago revirou com a insinuação. Era uma possibilidade que não podia ser descartada. O estado de Amanda — suja, ferida e emocionalmente devastada — levantava muitas suspeitas.

— Não sei. — Admiti, arrancando com a viatura em direção ao hospital. — Mas não vou descartar nada. Precisamos fazer o exame de corpo de delito o quanto antes.

A viagem até o hospital foi silenciosa. A chuva havia diminuído, mas o vento ainda soprava forte, fazendo as árvores balançarem ao longo da estrada. Eu apertava o volante com mais força do que deveria, minha mente girando com as possibilidades do que Amanda poderia ter enfrentado naquela noite.

Quando chegamos ao hospital, estacionei a viatura e desci rapidamente, indo até a porta traseira. Amanda ainda estava encolhida, o olhar vazio e perdido. Inclinei-me para falar com ela.

— Amanda, estamos no hospital. — Minha voz saiu baixa, mas firme. — Vamos entrar para que os médicos possam cuidar de você, tudo bem?

Ela não respondeu, mas seus olhos me encararam por um breve momento antes de desviarem. Estendi a mão, oferecendo apoio, e, hesitante, ela segurou. Aquele simples gesto parecia ser um esforço enorme para ela.

Enquanto a ajudava a sair do carro, percebi que sua respiração estava irregular. Olhei para David, que já estava do outro lado, pronto para ajudar.

— Vamos devagar. — Disse, guiando Amanda para dentro do hospital.

Agora era o momento de descobrir a verdade. O que quer que tivesse acontecido naquela noite, Amanda era a chave para entender tudo. E eu precisava garantir que ela estivesse segura antes de qualquer coisa.

Encostei na parede do corredor do hospital, cruzando os braços enquanto tentava controlar meus pensamentos. Lá dentro, duas policiais femininas acompanhavam Amanda na sala de exame. Era o protocolo, mas também era o melhor a ser feito. Ela precisava de cuidados médicos e psicológicos, além de toda a sensibilidade que a situação exigia.

David estava ao meu lado, mexendo no celular. Ele provavelmente estava tentando manter-se ocupado enquanto aguardávamos.

— E agora? — Ele perguntou, sem tirar os olhos da tela.

— Agora esperamos. — Respondi, sem muito ânimo. — Ela não disse nada até agora. Nem uma palavra sobre o que aconteceu. Precisamos dos exames e do laudo para entender melhor.

David suspirou e guardou o celular no bolso.

— Isso é complicado, cara. A garota está destruída. Seja lá o que aconteceu naquelas horas, não foi coisa pequena.

Assenti, apertando os braços cruzados contra o peito. Ele estava certo. Amanda estava em um estado tão abalado que era difícil imaginar a gravidade do que havia acontecido.

De repente, a porta da sala de exame abriu, e a médica saiu, acompanhada por uma das policiais. Ela olhou para nós com uma expressão que eu não soube decifrar de imediato.

— Como ela está? — Perguntei, dando um passo à frente.

A médica tirou os óculos e os segurou na mão antes de responder.

— Fisicamente, ela está machucada, mas não encontramos sinais de abuso sexual. — Sua voz era calma, mas firme. — Foram feitos exames complementares, mas, até o momento, não há indícios de violência nesse sentido.

Soltei um suspiro que eu nem percebi estar segurando. Era um alívio saber que, pelo menos nesse aspecto, Amanda não havia sofrido mais do que já parecia carregar.

— E emocionalmente? — Perguntei, tentando manter a calma.

— Muito fragilizada. Ela precisa de acompanhamento psicológico urgente. Está em estado de choque e ainda não conseguiu falar nada coerente. Apenas algumas palavras desconexas. — A médica olhou para mim e para David. — Seja lá o que aconteceu, foi extremamente traumático.

Assenti lentamente.

— Posso vê-la?

— Sim, mas peço que mantenham a calma e tentem não pressioná-la. O ideal seria que ela descansasse antes de qualquer outra coisa.

— Obrigado, doutora. — Respondi antes de ela se afastar pelo corredor.

Olhei para David, que deu de ombros.

— Vai lá. Eu fico aqui, qualquer coisa me chama.

Abri a porta da sala com cuidado, encontrando Amanda sentada na maca. Ela estava enrolada em um cobertor hospitalar, os olhos fixos no chão. As duas policiais que a acompanhavam estavam num canto da sala, dando-lhe espaço.

— Amanda. — Falei baixo, aproximando-me devagar.

Ela levantou o olhar lentamente, os olhos vermelhos e inchados pelo choro. Parecia reconhecer minha voz, mas ainda havia algo vazio em sua expressão.

— Sou o detetive Antony. — Continuei, tentando soar o mais tranquilo possível. — Estou aqui para ajudar você. Não vou te forçar a falar agora, mas quero que saiba que você está segura, tudo bem?

Ela não respondeu, mas suas mãos seguraram o cobertor com mais força, como se aquilo fosse a única coisa que a mantinha firme.

Sentei-me em uma cadeira próxima, mantendo a distância para não intimidá-la.

— Você está no hospital, Amanda. — Expliquei. — Vamos garantir que você fique bem e, quando estiver pronta, pode nos contar o que aconteceu.

Por um breve momento, pensei ter visto seus lábios se moverem, mas nenhuma palavra saiu. Era claro que a situação era mais complicada do que parecia.

Eu só esperava que o tempo e a segurança a ajudassem a encontrar sua voz novamente. Afinal, a história que ela guardava era a peça-chave para desvendar esse quebra-cabeça.

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Comments

Andressa Lopes

Andressa Lopes

posta mais autora por favor

2025-01-09

1

Dulce Gama

Dulce Gama

nossa oque Gael queria fazer com ela 🎁🎁🎁🎁🎁👍👍👍👍👍🌹🌹🌹🌹🌹❤️❤️❤️❤️❤️

2025-01-10

1

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