Anos atrás..
Segara, um dos reinos mais prósperos da terra de Midirin, nasceu de uma necessidade e de uma visão extraordinária de Mitaris Jarvem. Após anos de discussões intensas entre as casas, Jarvem e Argan, Mitaris, um dos fundadores de Vasques, tomou uma decisão que muitos consideraram uma loucura. Com coragem inabalável, ele reuniu sua família, seus servos e seus animais, além de alguns nobres dispostos a segui-lo. Mas muitos outros, não o seguiram e em Vasques permaneceram.
Com os reinos de Tunskard e Hiskan a norte, Mitaris escolheu seguir um caminho diferente. Em vez de se dirigir para o norte, ele optou por ir para o litoral. E após dias de viagem, chegaram ao destino. As ondas do mar batiam nas rochas que cercavam quase toda a praia, criando uma paisagem intacta, ainda não destruída pelas mãos humanas. Para muitos, aquilo representava o início de uma nova era.
Mitaris, porém, sabia das dificuldades que viriam pela frente. Imediatamente, organizou seus homens em grandes grupos, distribuindo tarefas com precisão. Sabia que a água dos rios próximos não seria suficiente para todos. Então, com confiança e determinação, disse:
“Cavaremos. Onde há terra, há água escondida.”
Sob sua liderança, os homens começaram a cavar poços, desafiando a dureza do solo e a incerteza do que encontrariam. Enquanto isso, outros grupos iniciaram a construção das tendas e currais para os animais, preparando o terreno para o futuro. Um terceiro grupo, sem experiência em pesca, criou lanças improvisadas e começou a pescar nas águas rasas, conseguindo alimentos.
Ao final daquele primeiro dia, os acampamentos estavam montados, os animais já estavam presos em segurança, e havia alimento disponível — tanto o que haviam trazido quanto o que haviam pescado. Alguns poços já estavam com água, um alívio para os que temiam o calor.
Assim se passavam os dias. A cada amanhecer, os trabalhadores seguiam incansavelmente, cavando mais poços, erguendo mais estruturas, e, com o passar dos meses, Segara tomava forma. O primeiro passo foi dado: casas começaram a ser construídas, e o castelo que abrigaria a realeza começou a surgir, imponente e estratégico. O porto da cidade também foi projetado, essencial para o comércio que se vislumbrava.
Muitas mãos estavam envolvidas, mas nada disso teria sido possível sem a liderança de um homem visionário, inteligente e sábio. Mitaris possuía uma estratégia única: pensava no futuro enquanto resolvia os desafios do presente. Graças a ele, Segara tornou-se o reino mais próspero de Midirin, com um desenvolvimento que impressionou todos os outros reinos.
Dois anos depois, os primeiros navios de Segara já navegavam em rotas comerciais entre Midirin e Aderon (Uma terra depois do mar de Segara), trazendo riquezas e um crescimento econômico surpreendente. Era apenas o começo de uma nova era para aquele reino.
As principais dificuldades para o reino durante o reinado de Mitaris, eram os piratas, e um deles o mais temido:
Raekor, conhecido como “O Sanguinário”, foi um temido pirata ativo durante os primeiros anos do reinado de Mitaris Jarvem. Ele liderava uma frota pequena, mas extremamente ágil, e sua estratégia era baseada na pilhagem rápida e eficiente de embarcações mercantes.
Raekor era conhecido por sua habilidade excepcional com espadas e por sua crueldade implacável. Em seus ataques, ele não destruía os navios, mas roubava tudo o que podia. Seu nome tornou-se sinônimo de medo nos portos de Segara, onde seus ataques causaram grande apreensão.
Um de seus feitos mais notórios foi o ataque ao armazém de Segara, durante uma noite silenciosa. Raekor e sua tripulação invadiram o local e roubaram grandes quantidades de provisões e riquezas. Quando os marinheiros e senhores do reino acordaram pela manhã, o armazém estava quase vazio, e no horizonte podia-se ver o navio de Raekor se distanciando rapidamente. Apesar das tentativas de Mitaris de reforçar a segurança no porto, Raekor desapareceu das costas de Segara após esse ataque, nunca mais sendo visto.
Raekor teve uma série de vitórias contra o reino, roubando três cargas de navios vindos de Aderon e matando vários soldados de Segara, mas, após o roubo do armazém, ele desapareceu sem deixar rastros. Alguns rumores afirmam que ele foi afogado durante um naufrágio, outros acreditam que ele tenha morrido em algum lugar remoto, sem ninguém saber ao certo.
Hoje, Raekor é lembrado apenas como uma lenda sombria dos mares de Midirin. Seu nome foi gravado na memória dos navegadores e daqueles que viveram durante seus ataques. Contudo, há muito tempo ele já partiu deste mundo, e sua história vive apenas nos relatos de outrora, como um aviso aos que ousam navegar nas águas traiçoeiras de Midirin.
Contudo, o reino se fortalecia cada vez mais, e Mitaris reinou durante vinte e oito anos.
Mitaris, quando era mais novo era um dos maiores gladiadores de Aderon.
Na imensa arena de Ateris, a capital de Aderon, uma multidão de espectadores se aglomerava, esperando ansiosamente pelo combate que seria lembrado por gerações. O sol estava forte, e o calor parecia aumentar à medida que as duas figuras lendárias se preparavam para o confronto. A arena era uma vasta estrutura de pedra, rodeada por muralhas altas, com um campo de combate preenchido por marcas de batalhas passadas e o cheiro de suor e sangue no ar.
Do lado direito, com sua armadura reluzente e espada de lâmina afiada, estava Mitaris Jarvem, o príncipe de Ateris. Ele era conhecido por sua habilidade em combate e pelo estilo refinado de lutar, herdeiro da realeza, mas ainda jovem e desejoso de provar seu valor.
Do outro lado, surgia Thalros Ardentis, um homem de estatura imponente, musculoso e com cicatrizes que contavam a história de incontáveis batalhas. Seu rosto, endurecido pela guerra, não mostrava emoção, mas seus olhos brilhavam com a intensidade de um predador. Sua arma, uma gigantesca lança de metal forjado, parecia quase pesada demais para qualquer homem comum, mas para Thalros, ela era uma extensão de sua própria força.
O clima estava tenso, e a multidão estava em um silêncio reverente. O juiz da arena, um homem de voz grave, ergueu sua bandeira e anunciou:
— "Em nome de Aderon, que a batalha comece!"
Com um rugido de força, Thalros foi o primeiro a avançar. Seus passos ressoaram pesadamente no chão, e sua lança cortou o ar com precisão mortal. Mitaris, mais ágil e leve, esquivou-se com destreza, desferindo um golpe rápido e certeiro com sua espada. A lâmina de Himaris, como era chamada, brilhou como uma estrela no sol, cortando o ar com uma velocidade impressionante.
Porém, Thalros era um guerreiro selvagem, movendo-se com a força de uma tempestade. Ele bloqueou o golpe de Mitaris com a lança e, em um movimento brutal, deu uma estocada contra o príncipe. Mitaris foi forçado a saltar para trás, quase caindo no processo. A multidão se estremeceu, mas o príncipe não vacilou, recobrando sua postura rapidamente.
O combate seguiu de forma feroz, com ataques trocados em uma dança mortal. Thalros usava sua força bruta, tentando esmagar a defesa de Mitaris, mas o príncipe esquivava-se habilmente, usando sua velocidade para atacar com precisão. No entanto, cada vez que Thalros a alcançava, sua força parecia esmagadora. O som das lâminas se chocando e o estrondo dos passos de Thalros eram ouvidos por toda a arena.
À medida que a batalha prosseguia, Mitaris começou a sentir o peso de seu próprio cansaço, algo que Thalros parecia ignorar. Ele estava em sua zona de combate, onde sua resistência não tinha igual. Então, foi no momento mais inesperado, quando a batalha parecia decidir-se a favor de Thalros, que Mitaris fez algo surpreendente. Com um movimento rápido, ele lançou um feixe de poeira para os olhos de Thalros, cegando-o momentaneamente.
Aproveitando a brecha, Mitaris fez um movimento ousado, desferindo um golpe certeiro no ombro de Thalros com sua espada. O guerreiro de Aderon gritou de dor, mas logo se recompôs, preparado para continuar. Contudo, a astúcia de Mitaris prevaleceu, e, com um movimento sutil, ele conseguiu desarmar Thalros, usando um golpe preciso para derrubar sua lança e, com um último esforço, acertar o ponto vital no peito de Thalros, fazendo-o cair de joelhos.
A multidão ficou em silêncio por um momento, antes de explodir em aplausos. Thalros, ferido e exausto, olhou para Mitaris com respeito nos olhos. Ele sabia que havia sido superado, mas também reconheceu a força do príncipe. Com um suspiro, Thalros se ergueu, oferecendo sua mão a Mitaris, que a apertou firmemente.
— "Você venceu, príncipe. Mas saiba, a batalha nunca acaba, e um dia nossos caminhos se cruzarão novamente."
Porém isso nunca aconteceu..
Mitaris, já o campeão da arena, assentiu com um sorriso contido. Ele sabia que essa vitória não apenas o consolidava como um grande guerreiro, mas também lhe dava o respeito de um dos maiores combatentes de Aderon.
Naquele dia, enquanto a multidão celebrava a vitória do príncipe, ninguém sabia que, no futuro, Mitaris deixaria Aderon em busca de novos desafios, rumo a Midirin, onde seu destino tomaria rumos mais surpreendentes.
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Atualizado até capítulo 45
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