Capítulo 17

Sofia

- Chegaram suas fotos, estão lindas. _ Maitê chegou e me mostrou algumas fotos do ensaio com o cabelo rosa.

- Prefiro nem ver.

- Que bobagem, estão lindas. Olha aqui John, pode escolher uma para você se quiser kkk

Minha prima e suas gracinhas em plena segunda-feira.

- Maitê, por favor._ minha prima só sabia rir de mim.

E o pior é que John olhou foto por foto, e ouvi ele falando um "essa" para Maitê e guardando algo dentro do seu notebook que estava fechado ao seu lado. Eu não podia acreditar naqueles dois.

Minha relação com John mudou nos últimos dias, chega a me assustar até. Não posso dizer que está como era antes, mas estamos bem próximos.

- Você escolhe as que achar melhor Maitê. E você John, devolve a foto.

- Que foto? Não sei de nada. Sabe de alguma coisa Maitê?_ dissimulado ainda.

- Kkk Nadinha. Vou enviar as fotos para a editora então.

Nossos dias tem sido em climas tranquilos, não posso dizer que somos amigos, mas também não tenho mais aquela necessidade de fingir que John não existe. E ele sempre foi muito fácil de conviver, tanto que se tornou o amigo de todos, diferente dos outros seguranças que sempre se mantiveram à distância.

Voltamos do almoço, estava sentada finalizando o desenho de um vestido de festa de uma cliente. Precisava mandar para ela para decidirmos a cor.

- Filha da puta. _ ouvi John falando baixinho enquanto via alguma coisa no seu notebook.

- Algum problema?_fiquei preocupada, porque geralmente ele usa o notebook para ficar olhando as câmeras de segurança da loja.

- Ah, desculpa por isso. Não é nada não. Vou descer um pouco. _ fechou o notebook, pegou o celular e foi para o elevador. - Já volto.

Fiquei ali sem entender nada, mas deve ser alguma coisa do trabalho ou pessoal dele, então resolvi deixar pra lá e voltei ao meu desenho.

- O que ouve com John? Passou por mim com cara de que vai matar um.

- Não sei. Saiu correndo daqui também. Não entendi nada. E essa caixa?_ Maitê estava com uma caixa nas mãos.

- É seu vestido de noiva. As costureiras precisam que você experimente.

- Agora Maitê?

- Que noiva animada, chega a ser contagiante Sofia._ ela falou com sarcasmo.

- Ok, vamos ver esse vestido. Me ajuda a vestir?

- Se não tem outro jeito.

Estava me olhando no espelho que tenho no ateliê, meu vestido estava ficando lindo, faltava apenas pequenos detalhes, como aplicação de renda, e um ajuste na cintura. Talvez mudasse a alça também por uma mais fininha. Mas eu não estava nada animada.

- Você deveria repensar Sofia. Vou deixar você aí com seu vestido pensando. Se precisar de ajuda para tirar, me chama.

Fiquei ali mais um tempo. No início do noivado, quando comecei a desenhar meu vestido, eu não via a hora de o vestir para fazer as provas. E agora que o processo já está no final, eu não tinha a menor vontade de estar com ele.

Estava perdida nos meus pensamentos, quando senti mãos tocarem meus ombros.

- Esse vestido é da Mavi?_ olhei John pelo espelho atrás de mim, e balancei a cabeça em negativo.

- De alguma cliente?_ novamente balancei a cabeça dizendo não.

Ele baixou a cabeça, suspirou fundo e disse.

- É lindo. Pena que é para usar com homem que não merece.

- O que você está falando John? Não acha que está ultrapassando um limite perigoso?

- Você não ama aquele cara Sofia. Porque está com um vestido de noiva para ele?

- Você não sabe quem eu amo ou deixo de amar. Está falando bobagens.

Eu tentei sair para ir tirar o vestido, mas John me segurou.

- Ele com certeza você não ama. Que noiva que deixa o celular tocando sabendo que é seu noivo? Que faz as caras que você faz quando ele vem aqui? Que deixa um buquê de flores que ganhou do seu amado de lado como se fosse algo insignificante? Acha que eu não vejo que você tenta se livrar dos toques dele? É sempre ele que te procura Sofia, porque se dependesse de você, ficariam dias sem se ver.

- Chega!

- Me diz então que estou falando mentiras. Me diz que você ama aquele idiota perdidamente, que não vê a hora de se casar com ele. Me diz que eu paro.

- Quem você pensa que é para me cobrar essas respostas? Hein? Porque você está fazendo isso John? O que você quer me falando essas coisas? Me provar que eu não mereço ser feliz? Que não mereço ser amada?

- Ele não te ama Sofia.

- Chega! Vamos encerrar esse assunto aqui e fingir que não existiu. E quanto ao meu casamento só diz respeito a mim._me virei novamente para ir à sala onde poderia tirar o vestido.

- Ele tem outra._ congelei no lugar. - Não queria te falar assim. Me desculpa.

Me virei para ele.

- O que você está falando? Quem tem outra?

- Sofia. Desculpa, eu falei no impulso..

- Não enrola John. Diogo está me traindo?_ ele me olhou e balançou a cabeça que sim.

- Você não está inventando isso não é John?

- Claro que não Sofia. Eu mandei investigar ele.

- Como é? Porque você faria isso?

- Porque aquele idiota não é quem ele parece ser. Eu sei que ele te machucou no dia que você apareceu com o rosto todo vermelho. Verifiquei as imagens aqui de dentro e vi ele segurando seu rosto. Depois na casa noturna, além de apertar seu ombro, ainda fez aquela cena. Sem contar todas as outras vezes que eu vi que ele é agressivo nas palavras com você. Tem certeza que você ainda quer usar esse vestido para se casar com aquele babaca?

- O que exatamente você descobriu?

- Ele se encontra praticamente todas as noites com uma moça. E nos finais de semana que você passa com seus pais, ele passa com essa mulher, uma tal Larissa.

- Larissa? A que foi secretaria dele?

- Você já sabia Sofia? Sabia e mesmo assim está com esse cara?

- Eu não sabia. Mas já vi eles numa situação suspeita no escritório dele. O cobrei e ele me convenceu que era ela que vivia dando em cima dele. Mandou ela embora na minha frente, e nunca mais a vi.

- Mandou ela embora realmente. Mas a mantém com todo conforto. Ela não trabalha mais, e vive num apartamento luxuoso. Passa o dia fazendo compras e salão.

- Você tem essas coisas? Provas?

- Sim, o amigo que fez a investigação me mandou.

- Imprima tudo para mim.

- O que você vai fazer Sofia?

- Não faz perguntas. Imprima e me dê.

John fez o que eu pedi. Imprimiu as provas que o amigo investigador mandou para ele. Com os papéis nas mãos, peguei minha bolsa e fui para o elevador.

- Onde você vai Sofia?_ John falou vindo atrás de mim.

- Você sabe onde vou.

Só quando estávamos no carro indo para a empresa do Diogo, é que me dei conta que estava com o vestido de noiva.

Chegamos, eu desci e precisei dar os papéis para John levar, já que eu precisava segurar meu vestido para conseguir andar.

Fui o centro das atenções na recepção.

Como já sou conhecida aqui, só fiz um sinal para as meninas da recepção que ia subir. Elas sorriram para mim e ficaram olhando meu vestido.

Entramos no elevador e estava até calma, se a gente for ver a minha situação.

- Você está bem Sofia?

- Ótima.

Saímos do elevador e eu passei reto pela secretária do Diogo, entrando com tudo em sua sala.

Ele que estava sentado em sua mesa lendo alguma coisa, levantou a cabeça e me olhou assustado.

- Bonequinha! O que você está aqui meu amor. E esse vestido?

- Achou que ia me enganar até quando Diogo?

Ele continuava me olhando assustado e tentando vir em minha direção. John se colocou na minha frente.

- Mantenha distância dela. Se tocar num fio de cabelo que seja dela, te quebro as mãos. E olha que faz tempo que estou planejando isso.

- Que palhaçada é essa aqui? Saia da minha sala segurança.

- John fica. E você vai me ouvir Diogo._ peguei os papéis que estavam com John e joguei na cara do Diogo.

Ele olhou os papéis no chão, fechou os olhos, respirou fundo.

- O que é isso Sofia? O que você inventou contra mim?

- Inventei? Agora eu inventei sua amante Diogo? Você é tão canalha assim a ponto de jogar a culpa para mim?

- Claro que não minha bonequinha. Isso deve ser invenção de alguém, de algum invejoso que quer nos separar._ falou olhando para John.

- O único culpado aqui é você Diogo. Seu canalha. Inventou que mandou aquela mulherzinha embora, mas a mantinha no luxo, como sua amante. Pois bem, agora já pode a promover a namorada, noiva. Falando nisso _ falei abrindo meu vestido. - Vou deixar para a Larissa não só o noivo, como o vestido de noiva também.

Tirei meu vestido e John tentou impedir.

- Sofia. O que você acha que está fazendo?

- Dando meu presente de casamento para os noivos._ joguei o vestido em cima do Diogo.

John tirou seu casaco e me cobriu.

- Sofia, meu amor, se acalma. Manda seu cachorrinho aí sair e vamos conversar bonequinha.

- Não me chama de bonequinha que eu não suporto. E não tenho mais nada para te falar. Aqui _ tirei a aliança de noivado. - Dê para Larissa também e sejam felizes. Nunca mais quero te ver na minha vida Diogo.

- Vou te dar uns dias para se acalmar bonequinha e depois conversamos._ ele ainda teve a coragem de me falar.

- Nunca mais apareça na minha frente Diogo. Vamos John.

- Não vai ser fácil assim segurança. _ John parou e se virou para ele. - Acha realmente que vou facilitar para você? Está enganado. Enquanto eu vou estar casado com Sofia, a comendo bem gostoso, você vai continuar sonhando com ela segurança.

John foi para cima dele e acertou um soco que Diogo caiu longe derrubando tudo que tinha na ponta da sua mesa.

- Isso não é maneira de se referir a uma mulher como a Sofia. Talvez seja da piranha que você mantém.

Diogo levantou e veio para cima do John e levou outro soco.

- Essa é pelas vezes que você a machucou, seu animal._ Diogo tentou levantar novamente. - Se levantar daí vai apanhar mais. Fica longe dela, ou da próxima será bem pior.

- Chega John. Vamos embora.

Estávamos já no corredor quando Diogo gritou.

- Isso não vai ficar assim Sofia.

Enquanto andávamos John ia tentando arrumar o seu casaco em mim para não aparecer nada. A secretária do Diogo que presenciou tudo veio correndo até nós.

- Desçam pelas escadas de emergência, assim ninguém vê a senhorita vestida assim.

- Obrigada dona Sandra. Vou sentir saudades das nossas conversas.

- Eu também senhorita, mas estou feliz que descobriu tudo antes do casamento. Agora vão antes que seu Diogo se recupere.

Quando estávamos descendo as escadas John me falou

- E agora Sofia? Se alguém tirar uma foto sua ou fazer um vídeo?

- Tenho certeza que meu segurança não vai permitir isso.

- Kkk Garota, você continua maluquinha. Agora segura atrás para não aparecer nada e vai de cabeça baixa.

John jogou seu braço sobre meu ombro, escondendo meu rosto em seu peito e foi me guiando até o carro, enquanto eu segurava na barra do seu casaco tentando puxar para baixo. Conseguimos chegar até o carro e ir embora.

- Que ideia Sofia. Tenta não sair mais de casa sem sutiã daqui para frente. Nunca se sabe quando você vai presentear alguém com a roupa que está usando.

- Aquele vestido não pode ser usado com sutiã tá. E tive a ideia de presentear a Larissa na hora. E você ficou me olhando John?

- Eu? Claro que não._ falou nitidamente mentindo.

Fechei mais o seu casaco no meu corpo e fiquei segurando com as mãos. Ele só olhou e deu risada.

- Desce Sofia.

- John e se algum vizinho me ver?

- Tinha que ter pensado nisso antes de presentear a Larissa. Agora vem, nesse horário não deve ter ninguém nesse prédio.

John fala demais e suas previsões sempre são furadas. Primeiro tinha duas senhorinhas no elevador quando entramos, que nos olharam horrorizadas. John eu sabia, estava rindo por dentro. Depois que elas desceram, entraram três adolescentes.

- Se não quiserem ficar cegos, melhor pararem de olhar._ dessa vez John não estava achando tão divertido assim.

Respirei aliviada quando entramos no meu apartamento.

- Eu tinha que morar no último andar. Parecia que nunca íamos chegar.

Quando olhei para John, vi seu olhar voltado para os meus peitos. Esqueci que estava com seu casaco e o soltei. Fechei e segurei firme.

- Vou subir me vestir. Olha para o outro lado._ ele sorriu e se virou.

Quando me olhei no espelho do meu closet fiquei horrorizada. O lado ruim de ser alta, o casaco do John mal cobria meu bumbum. Que vergonha, como vou olhar para ele agora? Se bem que não tem nada aqui que John já não tenha visto. Mas já faz tanto tempo que aquela intimidade que tínhamos se perdeu.

Desci já vestida e agora que a adrenalina passou, a vergonha veio.

- Seu casaco. Obrigada.

- De nada. Não vou nem lavar.

- John!_ fiquei vermelha pelo calor que senti no meu rosto. - Me deixa na casa dos meus pais?

- Kkk Claro, vamos lá.

Fomos o caminho todo sem conversar. Eu estava processando tudo que tinha acabado de me acontecer. Era para estar triste, mas na verdade estava aliviada.

- Chegamos. Você está bem?

- Estou sim. Obrigada pela ajuda hoje, e desculpa por te envolvido nas minhas confusões.

- Gostei, principalmente das porradas que dei naquele idiota, e .._ ele falou olhando para a região dos meus seios.

- E nada John. Esqueça o que você viu.

- Impossível. Se já sonhava antes, agora então.

- John por favor.

- Ok, ok. Me desculpa, mas foi impossível não olhar. Sei que foi errado.

- Tudo bem. Eu também não tinha nada que tirar o vestido daquele jeito.

- Larissa que se deu bem. Ganhou um vestido exclusivo kkk

- E um noivo canalha kkk

- Com dois olhos roxos kkk

Ficamos rindo encostados no banco do carro, até pararmos e ficarmos nos olhando. John colocou meu cabelo para trás.

- Você está realmente bem?

- Estou. Era para estar triste chorando né? Mas eu me sinto aliviada.

- Eu sabia que você não amava aquele idiota.

- Eu preciso ir._ eu ia descer quando ele segurou minha mão.

- Podemos conversar outra hora? Temos uma conversa pendente, lembra?

- Não é o momento John. Mas conversamos outra hora sim. Obrigada por me trazer. Até amanhã.

- Até amanhã Sofia.

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