Sofia
Dormi muito mal essa noite. Depois do nosso quase beijo ontem na porta do meu apartamento, entrei correndo e fiquei um bom tempo encostada na porta me recuperando.
Dona Emília me fez uma salada com frango para jantar, e quando estava me preparando para dormir, Diogo me ligou para saber se tinha recebido as flores.
Em outro tempo eu ia ligar na hora que recebesse o buquê para o agradecer, mas agora tudo mudou.
Não sei o que estava acontecendo, mas parece que minha vida capotou, e o cara que eu estava prestes a me casar, passei a sentir repulsa, a ponto de nem uma ligação sua ter vontade de atender. Enquanto o cara que eu deveria odiar por ter me usado e jogado fora, eu queria ver toda hora, sem contar a vontade de beijar aquela boca. E os sonhos que tive essa noite? Acordei até suada.
John começou a trabalhar com Adam quando nos dois tínhamos acredito que uns 14, 15 anos. Eu nessa época não reparei em John. Era apaixonadinha em um garoto da minha sala. Mas esse garoto começou namorar com a garota popular do colégio assim que fiz 15 anos. Depois disso passei a frequentar festas, sempre supervisionada, e ficava com os garotos, nada sério. Quando Adam e eu fizemos 16 anos, tio Thomas permitiu que meu primo desse festinhas para os amigos, na sua casa, e eu frequentava, assim como minhas primas. Era nessas festas que eu e o Lucas ficávamos muitas vezes, mesmo Lucas sendo um ano mais novo que eu, já tinha experiência. Ele e Adam sempre foram mulherengos, desde a adolescência. Mas Lucas me respeitava e nunca passava dos limites como os outros garotos queriam fazer, por isso a gente se beijava, só por curtição mesmo. E foi numa dessas festas que um dia, assim como passe de mágica, eu olhei para John e o enxerguei de forma diferente. Ele me pareceu mais bonito que antes, não sei explicar. Só sei que passei a sentir uma sensação estranha no estômago toda vez que o via. E como eu era adolescente e não tinha nada a perder, passei a flertar com John. Primeiro com olhares, que o deixava totalmente desconcertado, sem saber se me olhava de volta ou me ignorava. E aquilo era divertido. Depois passei a dançar sempre olhando para ele. John engolia sua bebida e fazia um gesto com seu ombro e cabeça, nitidamente incomodado. Depois passei a beijar Lucas ou outro garoto qualquer, na frente dele, e John ficava vermelho, parecendo que ia explodir. Percebi que eu mexia com o meu lindo segurança, como passei o chamar. Era divertido, e eu passei a contar os dias e as horas para uma festa onde pudesse encontrar John e o provocar. E para minha sorte, Adam me levava em todos os lugares com eles. As provocações a distância viraram provocações com toques em sua mão ou com palavras.
- Vamos dançar John?
Ele me olhava de lado e sempre dava a mesma desculpa.
- Estou aqui a trabalho. Dança com seus primos.
- Não posso beijar meus primos como posso beijar você se aceitar dançar comigo.
- Se comporta garota. Nem idade tem para isso.
- Já tenho 16 anos John.
- Saiu ontem das fraldas e ainda cheira a leite. Agora vai que não quero problemas para meu lado.
Era sempre assim, e eu adorava o provocar. Quando fiz 17 anos continuei o provocando, mas John já não aceitava me ver beijando outros garotos. Ele sempre dava um jeito de impedir ou interromper. Teve até ocasiões que ele me jogou nas costas e me levou até a porta da casa dos meus pais.
- Entra Sofia, ou eu entro e conto para seu pai o que anda aprontando nas festas do Adam.
- Ciúmes John?
- Garota, entra! E acabou festa para você hoje.
Foi assim, ameaçando que ia beijar Lucas em uma dessas festas, que consegui meu primeiro e tão desejado beijo do John. E depois disso não paramos mais. Era difícil a gente conseguir ficar sozinhos, e John realmente tinha medo de ser pego com uma garota menor de idade. Então tive paciência até meus 18 anos. Aí John não tinha mais desculpas.
- Estou esperando meu presente John.
- Sofia, alguém vai ouvir. E eu te mandei flores, não recebeu?
- Recebi sim. Lindas por sinal, obrigada. Mas estou falando de outro presente. Antes eu era menor de idade, e você usava a desculpa de não querer ir preso. Pois bem, estamos na minha festa de 18 anos. Qual vai ser sua desculpa para fugir agora?
- Não é tão simples assim Sofia. É algo sério e definitivo. Você pode se arrepender depois.
- Corta essa John. Se não for com você, será com outro.
- Você não é nem doida garota. Mato o infeliz, fique sabendo.
John achou que ia me enrolar. Mas eu consegui seu endereço, e fiz uma visitinha para ele.
- Sofia?! O que você está fazendo aqui?
- Vim te ver John. Saudades dos seus beijos._ falei e pulei em seu colo atacando sua boca com um beijo.
John me segurou pelo bumbum para eu não cair, enquanto eu o abracei e entrelacei minhas pernas em volta a sua cintura. Ele fechou a porta com o pé e nos levou até seu sofá.
- Sofi, alguém sabe que você está aqui?
- Meu segurança, mas ele não vai falar nada. Agora me beija John.
Eu queria muito perder minha virgindade com John. Mas ele me enrolou por alguns meses após meu aniversário. Nesse tempo John me mostrou outras formas de sentir prazer, e nossos encontros eram maravilhosos.
- Calma linda, vamos parar por aqui.
- Vai me enrolar até quando John? Eu quero, você quer. Qual o problema?
- Precisa ser com calma Sofia. Será sua primeira vez e eu tenho experiência, posso te machucar. Vou te mostrar outras coisas antes que você vai gostar também.
E assim foi, John me fazia ir às nuvens com seus toques, beijos. Assim como ele fazia em mim, ele me ensinou fazer nele também. E eu estava enfim pronta para nossa primeira vez.
- Você tem certeza Sofia? Se eu começar não vou conseguir parar.
- Tenho John. Estou esperando por esse momento a muito tempo. Chega de me enrolar.
- Tá bom linda. Vou te fazer minha mulher hoje Sofia. E você será para sempre minha, e só minha.
Estávamos em seu apartamento, mas precisamente em sua cama. John já havia me feito ter dois orgasmos, mas eu queria mais, e ele também queria.
Estava deitada com John sobre mim, ele me beijava e eu sentia nossas intimidades se tocarem, e aquilo estava me enlouquecendo. John parou de me beijar e se esticou para pegar algo na gaveta do seu criado mudo. Era um pacote de camisinha, que ele rasgou com os dentes e a vestiu.
- Vai doer no início. Vou ser o mais cuidadoso possível, mas posso perder o controle. Então se estiver doendo muito, me pare para não se machucar.
- Tudo bem.
Ele sorriu para mim e me beijou.
- Te amo garota. Agora relaxa.
John se posicionou entre minhas pernas e voltou a me beijar. Senti uma pressão em minha intimidade e senti John me invadindo. Ele ia fazendo aos poucos e de forma lenta, enquanto tentava tirar a minha atenção da dor com seus beijos e palavras que dizia no meu ouvido.
- Que delícia que você é minha loirinha. Tão apertadinha que estou ficando louco. Ahh Sofia.
Eu queria tanto que estava completamente entregue, de forma que senti dor sim, mas não foi nenhum absurdo.
- Está tudo bem linda? Está doendo muito?
- Está ardendo um pouco, mas está suportável.
- Ok, daqui a pouco esse desconforto passa e você começa sentir prazer. Vou continuar tá.
John fez mais alguns movimentos e senti uma dor mais forte, e ele estava todo dentro de mim. Depois, seus movimentos que eram lentos, começaram a ficar mais rápidos, e como John havia dito, depois da dor, veio o prazer.
E foi muito, mas muito melhor do que eu imaginava. John foi cuidadoso ao mesmo tempo que foi viril, me fazendo sentir muito prazer já na nossa primeira vez.
Apesar de não ter sentido muita dor, acredito eu por estar com muita vontade, eu sangrei bastante, deixando John até preocupado.
- Eu te machuquei Sofia? Por que você não me parou? Quer ir ao médico?
- Calma John. Não te parei porque a dor que senti não foi forte. Estou bem. Você foi maravilhoso. Gostei tanto que quero mais._ falei indo para seu colo, com uma perna para cada lado do seu corpo.
Começamos a nos beijar e já estávamos ficando excitados novamente, mas John interrompeu.
- Não Sofia. Por hoje chega. Vem, vou te dar um banho.
Ele levantou, me pegou em seu colo e me levou até o banheiro. Ligou o chuveiro em uma água bem morninha. Primeiro ele lavou meus cabelos, depois ensaboou meu corpo. Quando sua mão tocou minha intimidade para a lavar, senti uma ardência. Realmente acho que não aguentaria uma segunda vez.
John tomou seu banho e saímos. Enquanto eu fiquei secando meus cabelos no banheiro, ele foi trocar o lençol da sua cama. Quando saí do banheiro, o quarto já estava todo arrumado. Nem parece que dois furações haviam passado por ali momentos atrás.
- Deita aqui linda. Toma esse remédio, é um relaxante muscular, vai te ajudar a não sentir tanta dor.
John ficou apoiado com suas costas na cabeceira da cama , me puxou para ficar deitada em seu peito, enquanto ele fazia um carinho gostoso nos meus cabelos. Acabei dormindo por um tempo. Quando acordei fizemos um lanche, John ligou para Jorge, que era meu segurança na época e pediu que ele fosse me buscar.
E assim nos passamos a nos encontrar e a namorar escondidos. Sim, John me pediu em namoro, mas não teve coragem de assumir abertamente nossa relação. Então namorávamos escondidos. Apenas meus primos sabiam, e muitas vezes eles nos ajudaram. Os nossos principais cupidos foram Adam e Maitê.
E seguimos assim por mais de um ano. Dos 18 anos eu passei para os 19, e ia morar nos EUA, onde ia ficar um tempo estudando. E combinamos que assim que eu voltasse, íamos contar para todos sobre nosso namoro e íamos nos casar. Eu não queria esperar mais, por mim teria contado desde o início. Mas John sempre arrumava uma desculpa, e eu ia deixando.
Mas alguns dias antes da minha viagem, tudo mudou. John simplesmente veio com a história que era melhor a gente terminar antes da viagem, assim ficávamos livres para nos relacionar com outras pessoas. Eu o pressionei, pois não estava aceitando aquela história de ficar livres, sendo que o combinado era mantermos o namoro mesmo a distância e assim que eu voltasse íamos nos casar.
- O que você queria Sofia? Eu sou homem e você era uma ninfeta se oferecendo para mim. Não resisti e aproveitei a oportunidade.
- Por que está fazendo isso comigo John? Por que está me machucando assim? Eu não me ofereci para você, eu te dei meu coração. E se me entreguei a você foi porque te amo.
- Você teve o que tanto queria e eu também. Agora perdeu a graça Sofia. Ou melhor, senhorita Sofia.
- Perdeu a graça John? Até outro dia estávamos falando sobre casamento, você dizia que me amava, e agora me diz que perdeu a graça?
- Precisava falar aquilo que você queria ouvir, diferente você não ia se entregar a mim.
- Está me dizendo que tudo que me falava era apenas para me levar para a cama John? Que as juras de amor que me fez era tudo mentira? É isso?
- Você é muito inocente, imatura. Só tem 19 anos e ainda vai aprender muita coisa. Acreditar em tudo que te falam não é uma boa ideia.
- Não foi isso que te perguntei. Me fala John. Fala na minha cara que tudo que me falava era apenas para me levar para a cama. Que as juras de amor que me fez era tudo mentira. Fala John!
- Se você concluiu isso, que seja.
- Eu não acredito em você. Tem algum motivo para você estar fazendo isso com a gente.
- Não tem motivo nenhum além do fato de agora que consegui o que queria, você perdeu a graça para mim. Agora vai embora e esquece tudo isso Sofia. Me esqueça e vai viver sua vida. Você vai morar nos EUA, estudar, conhecer novas pessoas, quem sabe um namorado da sua idade e da sua classe social. É assim que tem que ser.
A boca de John me falava uma coisa, mas seus olhos falavam outra. Eu sabia que ele estava mentindo. Mas não sabia o motivo, não conseguia entender porque que ele fez aquilo.
Adam me falou um tempo depois que John teve seus motivos, mas ele não ia me falar, já que era algo que o amigo o confidenciou, mas me falou que um dos motivos era a nossa diferença social.
Eu iniciei tudo isso por uma brincadeira de adolescente, mas acabei completamente apaixonada por John.
Era uma menina que entregou seu coração e foi duramente desprezada. Mas ainda assim mantive minhas esperanças. Achei que era só um momento de dúvidas do John, por causa da nossa diferença social, como Adam disse.
Estava com minhas malas prontas, na manhã seguinte ia viajar para os EUA e ia ficar até o final do meu curso. E não poderia ir sem falar com John e tentar mais uma vez. Sabia que ele me amava, e meu coração esperançoso me fez ir até seu apartamento aquela noite.
Estava nervosa, com o coração acelerado, quando apertei a campainha. Demorou um pouco e ela se abriu. John a abriu e ficou completamente surpreso comigo ali na sua porta. Ele estava apenas de calça moletom, sem camisa. Por um momento me perdi olhando aqueles músculos.
- Sofia?! O que está fazendo aqui?
- Podemos conversar John? Vou viajar amanhã e queria falar com você antes de ir.
- Me espera aqui, vou pegar uma camiseta._ ele nem me convidou para entrar e me deixou parada ali na porta.
Quando ele estava voltando vestindo sua camiseta, uma moça apareceu no corredor, vestindo apenas uma camiseta larga, meio descabelada, parecia que estava dormindo ou coisa assim.
- John, vai sair?_ ela falou em inglês com ele.
Ele congelou no lugar quando ouviu sua voz e ficou me encarando.
Meu cérebro logo entendeu o que estava acontecendo ali. John estava com outra mulher, isso um pouco mais de um mês que ele havia terminado comigo, aqui mesmo nesse apartamento.
Dei um passo para trás e comecei a ir em direção ao elevador. Queria sair o mais rápido possível dali. Mas John correu atrás de mim e me alcançou antes do elevador chegar.
- Espera Sofia. Não íamos conversar?
- Eu sou uma idiota mesmo. Vim atrás de você depois de tudo que me falou. Estava em casa sofrendo enquanto você estava aqui se divertindo._ eu chorava e gesticulava com as mãos em direção a seu apartamento.
- O que? Me divertindo?_ o descarado ainda fazia cara de que não sabia o que eu estava falando.
- Você é livre como queria, pode fazer da sua vida o que quiser e com quem quiser.
- Não é nada disso Sofia. Vamos conversar, eu posso te explicar._ ele tentava me segurar mas eu não permitia.
- Não me toque.
- Sofia por favor, eu posso te explicar. Vem , vamos para um lugar tranquilo conversar.
- Ah não, não deixe sua...sua..sei lá o que te esperando. Eu estou sobrando aqui. Adeus John.
- Sofia você não pode ir assim. Por favor me deixa explicar.
- Você morreu para mim hoje John. E mortos a gente não vê, não ouve, não conversa. Talvez, e só talvez, você seja como um fantasma, me assombrado, que eu vou ter o desprazer de cruzar por aí. Adeus John.
O elevador chegou e eu fui embora. A última imagem que me lembro é de John parado ali, me olhando enquanto a porta se fechava.
Tempos depois, acho que quase um ano, fiquei sabendo que John seria pai.
Eu voltei a vê-lo nos encontros de família onde ele ia acompanhando Adam. Mas nunca mais olhei em sua cara. John virou realmente um fantasma para mim.
Depois quando Adam sofreu o acidente de carro, eu me obriguei a ficar mais próxima a ele, já que ele não saia da porta do quarto do Adam para nada. E depois nas visitas que eu fiz a Adam em seu apartamento em NY, onde John o ajudava em tudo, ficando muitas vezes muito próximo a mim. Mas eu fazia de conta que não estava o vendo.
E agora estou eu aqui, sonhando com John novamente após quase beija-ló na porta do meu apartamento e ainda na frente da sua filha.
Eu preciso retomar meu juízo. Não sou mais uma adolescente como naquela época.
Vamos lá Sofia, hora de ir trabalhar e ver John novamente. Me olhei uma última vez no espelho e passei um pouco mais de perfume. Pronta para mais um dia.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 55
Comments
Ester menezes
reconheço que as palavras que ele falou foram duras, mas convenhamos ,não precisa ser tão inteligente pra saber que os pais dela não aceitariam de jeito nenhum e provavelmente poderia até cometer injustiça contra ele , infelizmente o preconceito existe em tds as formas 😔 não entendi pq não fala se ele tem alguma formação
2025-02-13
13
Jucileide Gonçalves
De fato ela se jogou o quanto pôde para ficar com ele e através dessa brincadeirinha acabou se apaixonando de verdade. Já ele usou aquelas palavras nada legal como uma forma de se afastar dela, pois ele também a amava e não deve ter sido nada fácil para ele falar tudo aquilo.
2025-03-15
1
Eliane🌻
Os dois tem que conversar...
2025-02-19
1