Capítulo 9

Sofia

Estava sentada à minha mesa no ateliê e vi que John estava falando ao telefone. Sem querer ouvi o que ele falava.

- Como assim você não pode ir trabalhar hoje Gisele? Minha filha daqui a pouco sai do colégio e preciso que você esteja lá no saída para pegá-la, levar em segurança para casa e ficar a tarde com ela.

- Eu entendo Gisele, mas como vou fazer? A criança não pode ficar sozinha e eu estou trabalhando.

- Não, minha mãe não está em casa. Está no hospital fazendo exames e não tem horário para voltar para casa.

Eu não queria ouvir, mas John estava um pouco alterado e falou mais alto do que ele imaginava.

Permaneci de cabeça baixa mexendo no computador, e como eu esperava, lá vem ele.

- Senhorita Sofia, se não vai sair agora eu preciso resolver um problema e já retorno.

- Não vou sair. Pretendo almoçar aqui mesmo hoje._ mentira, tive essa ideia de última hora, assim ele ia resolver seu problema mais tranquilo.

Mas porque eu me importo com os problemas do John? Affs Sofia, volta para sua realidade.

- Ok então. Não saia do ateliê. Qualquer coisa me liga que volto correndo. Serei rápido.

Fiz sim com a cabeça sem desviar meus olhos do computador.

Mas se eu entendi certo, alguém chamada Gisele cuida da menina a tarde depois que ela sai do colégio. E não vai ir hoje. E a mãe do John está no hospital e não tem horário para voltar. Será que o câncer dela voltou? Enfim, o que John pretende fazer com a criança? Preciso perguntar.

- O que vai fazer com sua filha?

John que estava no meio do caminho em direção ao elevador, parou e olhou para trás.

- Como assim?

Parei o que estava fazendo no computador, me ajeitei na minha cadeira e olhei para ele.

- Bem, você falou alto ao telefone para quase o quarteirão inteiro escutar. Pelo que entendi a pessoa que cuida da sua filha não pode ir trabalhar, e sua mãe não está para ficar com ela. Então, você está indo pegar ela na saída do colégio. Mas depois, o que você pretende fazer com ela?

- Não pensei nisso ainda._ ele falou desanimado, vendo que não tinha resolvido o problema da filha.

- Pode tirar a tarde de folga. Não vou sair da loja hoje e depois peço para alguém vir me buscar.

- Impossível. Seu Stone não admite isso. Só de sair e te deixar aqui sozinha, já vou ter problemas com ele.

- Acredito que se tratando da neta ele não vai se importar. Pelo que me lembro, ele estava muito feliz com a notícia que seria avô na última vez que falei com ele.

💭 - Senhorita Sofia?!

Estava saindo da casa do meu tio Thomas para ir para a casa dos meus pais, quando seu Stone, chefe da equipe de segurança, me chamou.

- Ah, oi seu Stone.

- Oi menina Sofia. Tudo bem com a senhorita? E as aulas nos EUA, como estão?

- Estou bem, e as aulas também. Agora estou de férias.

- Que bom menina.

- E o senhor como está?

- Estou bem e muito feliz. Vou ser avô acredita?

- Avô?_meu coração apertou , eu sabia que John era seu único filho.

- Sim, avô. Meu John e sua namorada vão ter uma linda menininha. Não poderia estar mais feliz.

- Ahhhh, que bom senhor Stone. Parabéns. Agora preciso ir._ falei e fui indo para não chorar na frente do homem.

- Senhorita Sofia?!_ droga, ele ainda queria prolongar o assunto.

Me virei e encarei o homem que eu imaginei que poderia ser meu sogro um dia.

- Sabe menina, você é muito nova, acabou de fazer 20 aninhos não é?_ balancei a cabeça em positivo. - Pois então, agora tudo pode parecer difícil, mas com o tempo vocês vão ver que foi melhor assim. Cada um no mundo que pertence.

- O senhor sabe...

- Não, não sei de nada. Melhor assim não é? Bom estudos para a senhorita nos EUA.

Ele se virou e foi para a mansão do meu tio Thomas. 💭

- Não é bem assim. Senhor Stone mal conhece minha filha.

Isso era uma novidade para mim. Mas não era problema meu.

- Então para não termos problema com seu pai e nem com o meu, que também não vai ficar feliz sabendo que fiquei a tarde toda sem segurança, a traga para ficar aqui com você. Assim você cuida dela e faz seu trabalho.

- Ela vai atrapalhar.

- Se tiver uma ideia melhor, fique a vontade._ falei e voltei ao meu computador.

John respirou fundo e foi para o elevador.

- Não saia desse ateliê por nada. Vou dar ordens as meninas que ninguém pode subir antes de eu voltar.

- Que exagero._ falei mais para mim mesma, mas John ouviu.

- Não saia. É uma ordem.

Não pude deixar de rir sozinha. Adorava quando John me dava ordens e geralmente eu desobedecia só para ver ele irritadinho. Mas agora isso acabou, e hoje não pretendo sair daqui mesmo.

- Eita que John fez um monte de proibições antes de sair correndo. Aconteceu alguma coisa?

- Nada de mais. Só a filha dele que não tem com quem ficar agora a tarde.

- Ele vai fazer o que com a menina?

- Mandei trazer ela para passar a tarde aqui.

- Sério prima? E está tudo bem para você isso?

- Claro Maitê. A criança não tem culpa do pai que tem.

- Isso é verdade. Agora vamos lá fazer as provas no vestido da Mavi? As costureiras precisam dos ajustes para dar continuidade.

Era o vestido que Mavi vai usar no seu casamento civil, e como ela está em NY e temos as mesmas medidas de corpo, eu faço as provas para os ajustes serem feitos.

Estava com vestido em frente a um espelho, Maitê estava colocando alfinetes para marcar as medidas, quando o elevador chegou e dele saiu John e uma linda menina.

- Olha que fofura de menina. Parabéns John. _ Maitê falou a eles.

Eu fiquei ali olhando a menininha. Realmente muito linda. Os cabelos castanhos, ondulados, e os olhos meio esverdeados. Com certeza uma mistura do pai e da mãe.

A menininha também ficou me encarando, até finalmente falar.

- Nossa, como você é linda. Parece a Frozen._ a pequena me falou e eu sorri para ela.

- Obrigada, você também é muito linda._ cochichei para Maitê - Quem é Frozen?

- Como você não sabe quem é a Frozen? _ Maitê gritou para todos ouvirem e a menina dava risada. - Olha aqui lindinha. Como é seu nome mesmo?_ Maitê estava abaixada na altura da criança.

- Maria Júlia.

- Então Maria Júlia, eu me chamo Maitê, e essa linda princesa aqui, se chama Sofia. E você não acha um crime ela não saber quem é a Frozen?

- kkk Sim, ainda mais que ela é igualzinha a Elsa.

- Meu Deus, eu não era parecida com a tal Frozen, agora você acha que já sou parecida com outra pessoa Maria Júlia?! Assim eu fico confusa kk

- Kkk Elsa e a Frozen são a mesma princesa.

- Ah, é uma princesa?

- Sim. Da Disney. Não acredito que você não conhece.

- kkk Minha prima está desinformada das princesas. Está precisando ter uma filha Sofia, assim se atualiza._ ela falou e piscou para mim. - Bom, vou deixar você atualizar minha prima sobre as princesas atuais. Agora vou lá trabalhar. Até depois Maria Júlia.

Maitê deu um beijo no rosto da menina e desceu, me deixando sozinha com John e sua filha. Depois que Maitê saiu, o clima ficou estranho, e nos três ficamos em silêncio, até Maria Júlia falar novamente.

- Esse vestido é de noiva? Você vai se casar?

Olhei rapidamente para John que deu um suspiro e olhou para o lado.

- Bem, eu vou me casar sim. Mas esse não é o vestido que vou usar. Ele é de uma amiga, e eu estou com ele só para poder ver se está ficando bom.

- Entendi. É lindo. Você parece realmente uma princesa com ele.

- Obrigada Maria Júlia. Sou eu que desenho eles sabia?

- Pode me chamar de Maju. Você desenha os vestidos de princesa? Pode desenhar um para mim também?

- Maria Júlia!_ John a repreendeu.

- Kkk Posso sim. Mas tem uma condição.

- O que?_ ela me olhava com os olhinhos brilhando de espectativa.

Me abaixei na altura dela assim como Maitê havia feito, e falei.

- A condição é você me apresentar a Frozen. Fiquei curiosa agora para saber quem é.

- Sim. Só preciso de um celular. Meu pai não me deixa ter um.

- Ah, ele faz bem. Você é muito pequena ainda para celular. Mas sabe de uma coisa? _ falei baixinho para ela. - Não conta para seu pai, mas eu tenho celular, tablet e computador bem ali, e podemos usar todos eles para pesquisar a vida da Frozen.

- Ebaaaaa.

Levantei, peguei a pequena pela mão e fomos para minha mesa.

- Por enquanto você pode ir desenhando aqui nesses papéis. Preciso tirar esse vestido para não estragar, e já volto para você me mostrar a Frozen. Certo Maju?

- Certo Sofia. Nunca vi tantos lápis assim na minha vida. Tem cores aqui que eu nem sabia que existia.

- Filha por favor não mexe em nada, olha o que combinamos.

- Pode deixar ela. Maju pode usar os lápis que você quiser para desenhar. Já volto.

Fui para tirar o vestido e aí tive um problema. O zíper fica nas costas e não consegui abrir. Voltei para minha mesa para pegar meu celular e ligar para Maitê subir me ajudar. John e Maria Júlia estavam lá. Enquanto a menina desenhava, John tinha um dos meus desenhos em sua mão e o observava.

- Você desenha muito bem. Parabéns._ ele me falou e pousou o papel com cuidado sobre a mesa.

- Obrigada.

Peguei o celular e liguei dali mesmo enquanto observava Maju desenhar. A pequena também tinha talento para o desenho.

- Maitê sobe aqui rapidinho. O vestido, não consigo abrir sozinha para o tirar.

Ela me respondeu que estava ocupada atendendo e as meninas não haviam voltado do horário do almoço delas.

- Ah, entendi. Assim que puder sobe por favor. Não posso ficar com o vestido, sem contar que os alfinetes estão me machucando.

Ela me disse um ok, e eu voltei a olhar o desenho da Maju.

- Que lindo Maju. Você tem talento para desenhar. Quem é?

- Você vestida de Frozen.

- Ah que legal. E você vai me dar esse desenho de presente?

- Vou sim.

- Então quero com autógrafo.

Ela pensou, se virou para seu pai e perguntou.

- Pai o que é atografo?

- O correto é autógrafo Maju. E é uma assinatura do seu nome. Pessoas famosas fazem isso.

- Então eu sou famosa?

- kkk Quem sabe um dia você fica famosa, e aí eu serei a primeira pessoa a ter recebido um autógrafo seu.

Ela ficou toda feliz e escreveu seu nome no desenho que estava fazendo. E aquele alfinete estava me espetando. Tentei colocar a mão no zíper e ver se conseguia abri-lo, quando senti John se aproximar por trás e segurar minha mão que tentava abrir o zíper.

- Se me permitir, posso ajudar._ ele me falou bem próximo ao meu ouvido por trás de mim.

- Não precisa. Maitê já vai vir me ajudar.

- Está se contorcendo por causa do alfinete que está te machucando. Vou abrir só um pouquinho para facilitar, aí o resto você consegue sozinha.

Ele retirou minha mão do zíper, e eu não fiz mais nenhuma objeção.

Senti seus dedos tocarem suavemente minha pele nas costas, e de forma lenta, John abriu um pouco do zíper. Segurei o vestido na parte dos seios para que não caísse.

- Obrigada._ o agradeci ainda de costas para ele e fui para o provador que tinha ali, para tirar o vestido da Mavi.

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