Capítulo 6

John

Sexta-feira, a nossa semana estava terminando como começou. Sofia não olhava diretamente para mim e só falava o necessário. Mas era educada, sempre muito educada.

Estava sentado na poltrona que fico todos os dias, a observando trabalhar, era umas 15:00 da tarde. O elevador parou e se abriu.

- Oi minha bonequinha. Vim te buscar._ era o babaca do Diogo.

Ele se virou para mim.

- Segurança, pode sair. Quero conversar a sós com minha noiva.

Vontade de arrebentar a cara desse imbecil.

Olhei para Sofia que fez um sinal com a cabeça me falando que poderia sair. Levantei e desci para a loja, contra minha vontade. Não sei porque, mas não fui com a cara desse idiota. Ciúmes?! Será?

Fiquei em torno de meia hora do lado de fora da loja, encostado no carro da Sofia, quando vi o idiota do noivo dela saindo, sozinho, o que é estranho, já que ele falou que tinha vindo a buscar.

Recebi uma mensagem no meu celular da Sofia falando que já estava descendo.

Quando ela apareceu, vi que estava com o rosto vermelho, na região do seu queixo e um pouco na bochecha.

Sofia tem a pele branquinha de mais, qualquer toque deixa marca. Lembro bem disso, tinha que tomar muito cuidado nos nossos encontros escondidos para não marca-lá e alguém desconfiar.

💭 - John encosta o carro aqui.

- Não posso Adam, é perigoso parar assim no meio da estrada.

Estava levando Adam e Sofia para a fazenda do seu Thomas. Adam tinha uma competição de polo e ia ficar uns dias na fazenda treinando com seu cavalo de competição que ficava lá. E Sofia ia para ficar com a sua prima Maitê. As duas eram inseparáveis.

- É rapidinho John. Quero dirigir.

Adam havia tirado sua carteira de habilitação a pouco tempo, e era apaixonado pela direção. Eu como seu segurança não deveria deixar, ainda mais numa estrada. Mas eu deixava. Acho que eu era mais irresponsável que ele. Inclusive fui eu que levei Adam para um hotel com uma moça profissional para que o garoto tivesse sua primeira relação sexual. Adam tinha apenas 14 anos e eu 21. Então eu era irresponsável. Mas ele teria feito de qualquer forma, eu apenas ajudei e o ensinei coisas básicas, como por exemplo nunca deixar de usar camisinha e sempre tratar as mulheres com educação. Não se apaixonar não significa maltratar uma mulher. Independente se era no 0800 ou pagando. Se tem uma coisa que eu abomino é homem que maltrata mulher. Talvez porque minha mãe sofreu nas mãos do meu pai quando eram casados.

Parei o carro no acostamento e desci para que Adam fosse na direção. Quando ia para o lugar do passageiro, ele me segurou pelo braço.

- Vai atrás com a Sofi e aproveita um tempo juntos. Só não exagera John. Ela é minha prima, quase irmã, e eu vou estar no carro também._ ele colocou seu óculos escuros e entrou no carro.

Deveria me sentar atrás com Sofia? Claro que não! Mas eu resisto? Claro que não! Kk

Entrei pela porta de trás do carro e me sentei ao seu lado. Só ouvi ela falando para o primo um "valeu galã".

Adam já tinha 18 anos, e Sofia faria seus 18 dali uns dias. Eu já tinha 25 e me sentia totalmente culpado por ela ser menor de idade. Mas nunca passamos de apenas beijos escondidos quando tínhamos alguma oportunidade. E Adam sabia e sempre dava um jeito de ajudar, como naquele dia do carro, onde fui sentado com Sofia atrás e pudemos aproveitar a viagem e dar uns beijos e conversar um pouco. Adam colocou uma música alta e ia prestando atenção no trânsito, e eu além de dar atenção a Sofia, também prestava atenção nele, que era recém habilitado,mas já dirigia dentro da fazenda a muito tempo. Ensinei Lucas, Felipe e as meninas a dirigir dentro da propriedade também. Acho que por isso eu era o segurança preferido deles. Era tão irresponsável quanto aqueles moleques, mas nos divertiamos também, e nunca deixei eles fazerem besteiras, principalmente Adam, que uma vez até ofereceram drogas para ele e eu tive que dar uns tapas no falso amigo e umas boas broncas nele. Mas infelizmente não pude impedir o seu acidente, onde Adam quase morreu e ficou numa cadeira de rodas. Me sinto muito, muito culpado por isso. 💭

- Está tudo bem?_ não resisti e tive que perguntar.

Que se dane o profissionalismo e não me envolver novamente com Sofia. Quando saí do seu ateliê ela estava com o rosto normal, e agora está toda marcada.

- Só faça seu trabalho e me leve para meu apartamento.

- Estou fazendo meu trabalho. E saber porque minha protegida está com o rosto todo marcado faz parte do meu trabalho.

Ela passou a mão pelo rosto, me olhou e fez um movimento com a sobrancelha como se quisesse dizer "até parece que se preocupa", abriu a porta do seu carro, entrou e fechou a porta, me deixando ali sem resposta. Respirei fundo, entrei no carro e dei a partida.

Pelo retrovisor eu via ela olhando pela janela, com o olhar perdido.

Aconteceu alguma coisa no período que eu saí e deixei ela sozinha com seu noivo. Sofia não estava triste antes. Muito pelo contrário, a vi conversando com Maitê e as meninas que trabalham na sua loja, e estava bem, sorrindo.

Vou ter que ficar de olho naquele imbecil. Se ele fez o que eu acho que fez, eu juro que quebro aquela mão asquerosa dele.

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