Capítulo 19

Maya

Não consegui dormir essa noite, preocupada com o Aza. Pela manhã tomei um banho, vesti um vestido preto soltinho da cintura para baixo de alças finas.

Assim que desço vejo Celine e Lysandro na sala conversando. Quando eles percebem minha presença se afastam, ela com seu rosto ruborizado.

— Bom dia, pequena. Comece pela sua consulta, depois tomaremos café da manhã e sairemos. — Lysandro fala ao se sentar no sofá.

— Tudo bem, você conseguiu falar com o Aza? — ele me olha e segundos depois desvia o olhar.

— Sim! Ele está bem.

— Maya, onde podemos iniciar a consulta? — Celine pergunta.

— Aqui mesmo!

— Maya, é melhor vocês duas irem para a biblioteca. Lá é confortável e privado. — Lysandro aconselha e eu apenas concordo.

Caminhamos em silêncio para a biblioteca, chegando lá olho tudo à minha volta e percebo que quando o Aza me trouxe aqui não olhei para nada além dele. Só agora noto que é agradável e aconchegante.

— Maya, podemos começar? — Celine pergunta — Lembrando que você pode falar apenas coisas que se sinta confortável, não precisa se esforçar tanto se te faz mal.

Respiro fundo algumas vezes, tento não lembrar das torturas, mas tudo vem de um jeito tão intenso que começo a sentir meu corpo doer e começo a chorar.

— Ei, Maya, tudo bem. Vamos mudar as coisas. Me fale do que te faz bem.

— Não. Se eu continuar assim, não vou superar nunca. — limpo as lágrimas do meu rosto com as costas das mãos e encaro a doutora — Eu tinha seis anos, naquele dia eu não sabia, mas hoje sei que estava no velório do meu avô. Minha tia segurou minha mão e disse que iria me levar para tomar sorvete, era tudo mentira. Ela me vendeu para um homem chamado Niklaus Huber.

— Ele abusou de você nessa idade?

— Não! Pelo contrário, me deu um mundo de princesa cor de rosa. Meu pesadelo começou aos quinze anos, foi quando de princesa virei escrava de um mestre sádico de BDSM.

— Maya, você realmente quer continuar? Você está tremendo.

— Ele não tirou minha virgindade vaginal, mas a anal usou brinquedos de todos os tamanhos. Foi ruim, doloroso, infernal. Ele me batia com varas grandes, com palmatórias, com chicote. Uma vez estava entediado e tentou enfiar um taco de beisebol em mim, ficou frustrado por não conseguir e me bateu com ele. Me fez andar nua usando uma coleira na frente de estranhos. Me fez lamber seu… päu nojento. — falo gritando e Celine me segura pelos ombros.

— Isso tudo aconteceu quando?

— Desde os meus quinze anos! Fiquei nua a maior parte da minha vida lá, fui suspensa por cordas, algemada numa cama, presa numa cruz em formato de X. Não importava onde eu estava sempre era punida simplesmente porque ele queria.

— Maya, vamos encerrar por aqui. Vou passar um remédio que te ajude a dormir, isso por enquanto. Você dorme bem?

— Só quando estou com o Aza, sem ele tenho pesadelos e passo um bom tempo acordada!

Celine me passa um remédio para tomar a noite antes de deitar. Ela não parece estar bem, mas vai embora depois que me despeço dela. Vou para a sala e Lysandro está à minha espera.

— Preciso mesmo tomar café?

— Sim! O Aza quer que você se alimente direito.

— E eu quero ouvir a voz dele. — Lysandro desvia o olhar do meu mais uma vez e passa a mão no cabelo.

— Toma seu café da manhã e sairemos para comprar seu celular, te prometo que o primeiro número que terá no seu celular será o dele. Vamos?

Ele aponta para a sala onde fazemos as refeições e eu sigo ele. Tomamos café juntos, Lysandro é muito animado e gosta de conversar. Quando pensei que iríamos sair ele me pára e pergunta:

— Onde pensa que vai?

— Para fora! Nós vamos sair, não é?

— Sim! Mas você não pode sair assim.

— Então como eu vou sair?

— Vai até o seu closet e vista um casaco de capuz, óculos escuro e máscara preta. Te espero aqui.

Vou até o meu quarto e no meu closet encontro tudo o que ele disse, assim que termino desço e pergunto:

— Podemos ir agora?

— Agora sim, está perfeito!

Quando entrei no carro Lysandro fala que tem um dia perfeito programado para mim. Assim que compramos o celular ele me ensina a mexer e coloca o número do Aza assim como prometeu, mas quando me vê ligando desliga e pega meu celular.

— O que foi agora? Só quero ouvir a voz dele.

— Não faz isso agora, deixa para noite. Vamos, vou te levar no MC Donald's e depois no parque de diversões.

— Vai me levar onde?

— Você não sabe o que são essas coisas que mencionei?

— Minha vida se resumiu ao quarto em que fiquei na mansão do Niklaus. Ele não me levava para lugar nenhum e quando me levou cai no mar e fui salva pelo Aza. Também vivi um tempo na mansão do pai do Niklaus, dentro de um quarto pequeno.

— Você realmente não conhece os prazeres da vida. Vamos entupir esse corpinho lindo de porcaria porque você é jovem e pode comer o que quiser.

Ele me puxou para fora da loja, caminhamos por uma longa calçada até que vi o tal McDonald's que ele mencionou. Chegando lá ele fez o meu pedido.

Eu já tinha comido batata frita antes, mas aquela estava uma delícia. Lysandro me deu um copinho com ketchup, olhei para ele que molhou sua batata no molho e depois comeu. Fiz o mesmo e amei ainda mais.

Ele colocou um pouco do molho no seu hambúrguer e eu apenas imitei o gesto, amei ainda mais. Era tão gostoso que não consigo acreditar que vivi sem isso. Acabei comendo dois hambúrgueres e duas porções de batatas.

Depois ele me levou para um lugar muito animado. Tinham vários tipos de brinquedos, pessoas sorrindo, com ursos e outros brinquedos nas mãos. Eu comecei a girar para ter uma noção de tudo à minha volta e Lysandro sorria para mim até que ficou sério, me puxou e colocou as mãos nos meus ombros protetoramente.

— Vão ficar olhando para a minha filha? Perderam algo aqui além do amor à vida?

Somente agora vi um grupo de garotos olhando para as minhas pernas. Lysandro me puxa mais para ele e os garotos acabam se afastando. Puxo o óculos e olho para ele ao perguntar:

— Por que disse que sou sua filha?

— Estou cuidando como se fosse, de qualquer jeito tenho idade para ser seu pai! Não vou deixar esses marmanjos ficarem babando em você quando o Aza não está por perto.

Meus olhos saem de Lysandro e vão para a enorme roda com gaiolas que está girando devagar. Sinto um enorme desejo de saber como é estar no topo.

— Você quer ir lá? — ele pergunta e eu digo que sim com a cabeça — Espero que não tenha medo de altura… Porque eu tenho.

Mesmo um homem do tamanho dele tendo medo de altura, me acompanhou. Enquanto eu olhava para todos os lados lá do alto tendo uma visão inteira do parque, Lysandro estava de olhos fechados sentado se segurando no banco.

Eu jamais imaginaria um dia assim. Pipoca doce e salgada, cachorro quente, pizza, algodão doce, pretzel, sorvete… Comi tanta coisa, experimentei tanta coisa. Ganhei um urso gigante no jogo de tiro, Lysandro é bom de mira. Ganhei orelhas de gatinha, ganhei um peixinho dourado que o Lysandro disse para eu não me apegar porque sempre morre depois de alguns dias.

Esse dia só seria mais perfeito se o Aza estivesse aqui comigo, mesmo assim eu sorri tanto que voltei para casa com as bochechas doendo e um desejo maior ainda de ouvir a voz do homem que eu amo, eu amo o Azazel.

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Comments

Josigg Gomes Galdino

Josigg Gomes Galdino

Gosto muito do Lysandro, não dá para imaginar ele assim, sorridente, brincalhão e divertido,para um mafioso e ainda é amigo do Aza , que é muito sério, protetor, responsável e ainda tem nome de anjo

2025-04-17

1

Josigg Gomes Galdino

Josigg Gomes Galdino

mais é claro, Celine deve estar, horrorizada com o que acabou de ouvir, até eu estou

2025-04-17

1

Thaliaa Vieira

Thaliaa Vieira

Que bom que Lysandro está cuidando e protegendo ela como um pai, ele está mostrando tudo a ela, tudo que ela precisa

2025-02-14

0

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