Capítulo 9

Maya

Estou nessa água super gelada e escura, estou nua e meu corpo treme demais. Não sei nadar e se eu perder essa bóia irei morrer afogada. Mas confesso que entre voltar para as mãos de Niklaus e morrer afogada sendo servida de comida para tubarão depois a segunda opção parece o paraíso.

Eu olho para os lados e levo tabefe da água, até aqui eu apanho? Isso é sacanagem. A água salgada é intragável além de extremamente fria. Estou aqui há alguns minutos e não vejo mais o iate ou escuto os tiros. Começo a aceitar meu fim até que algo chama minha atenção.

— Maya? — Azazel chama por mim de algum lugar — Maya, por favor, responde. Maya?

Não sei de onde está vindo ou se é coisa da minha mente exausta. Agora escuto com mais clareza o som de um barco e a voz de Azazel que é a única que reconheço chama por mim mais uma vez.

— Maya? Está me ouvindo? — ele grita até que eu balanço um braço. Assim que ele me vê vem com a lancha na minha direção — Maya, você está bem? Não está ferida? Espera vou te ajudar.

Estou com a cabeça baixa apenas ouvindo a voz dele. Levanto meus olhos por poucos segundos, ele é simplesmente o homem mais lindo que meus olhos já viram.

Azazel está tirando seu casaco e sua blusa, assim que o faz ele mergulha no mar atrás de mim. Fecho meus olhos quando seu corpo encosta no meu corpo nu, ele me abraça e me leva para a lancha.

Me coloca dentro dela com cuidado, quando ele sobe me vê encolhida num canto pega gentilmente sua blusa e veste em mim cobrindo meu corpo. Ele parece parar por um momento até que suas mãos vem para o meu pescoço tirando a coleira e arremessando longe ao dizer:

— Você nunca mais vai usar isso novamente. Eu disse que te tiraria das mãos do diabo, a chance que eu queria chegou. — ele toca no meu queixo e o levanta — Seu rosto parece o de um anjo. Pode olhar para mim, Maya. Prometo que não será mais machucada.

Mas eu não consigo olhar para ele agora, ainda tenho medo que ele me leve direto para as mãos do Niklaus novamente. A lancha fica ali parada até que a noite cai, eu não pergunto nada e sinto o olhar dele em mim.

Ele liga a lancha, não sei por quanto tempo ficamos aqui. Aza me pede para deitar e assim que deitei ele joga uma lona sobre mim.

— Oi, Aza, encontrou a putinha do Niklaus? — um homem fala e eu começo a tremer — Ele vai ficar louco quando acordar e descobrir que não encontramos ela.

— Louco ele ficaria ao ouvir você chamá-la assim. Quer um tiro na cabeça? — Aza intimida o homem.

— Calma, cara, só estou repetindo o que todos aqui falam. Não é uma mentira, viu o que ele fez com ela hoje? Todos que a viram nua já falaram que vão bater uma pensando nela. — me sinto um lixo e choro em silêncio.

Escuto um som estranho, acho que estão brigando, a minha certeza vem quando o homem se queixa:

— Você me deu um soco?

— Considere um presente não ter uma bala alojada em você! Agora quero que todo o pessoal vá embora. Já está tarde e não vamos encontrar mais nada.

Acho que ele saiu da lancha, estou com tanto medo que não saio do lugar. Fico onde ele me deixou e acabo dormindo pesado, nem sabia que estava tão cansada.

Não abri meus olhos ainda, mas tenho quase certeza que estou numa cama. É macio, sinto o lençol com meus dedos, meu Deus voltei para a mansão do Niklaus. Me levanto rápido e abro meus olhos.

— Fica calma, Maya. Você está na minha casa. Aqui não vai acontecer nada de ruim com você. — meus olhos vão para o homem alto e forte sem blusa na minha frente.

Eu abaixo minha cabeça e fico muda por um tempo até que decido perguntar:

— Por que me trouxe para sua casa?

— Sua voz é tão linda quanto você. Trouxe você pra cá para te esconder por uns dias, depois vou te levar de volta para os Estados Unidos. Sei que nasceu lá e foi arrancada de lá pelo Niklaus.

— Por que está me ajudando?

— Olha para mim que eu respondo! — aperto os olhos por alguns segundos e falo para mim que ele não é o Niklaus — Isso, seus olhos são lindos, não olhe mais para o chão.

— Vai responder o que perguntei?

— Porque assim como você eu também fui vendido para essa família sádica de merda. Mas acredito que você sofreu bem mais do que eu.

Os olhos dele desviam para o lado por um momento. Ficamos em silêncio e eu não consigo parar de olhar para ele, pensei que Niklaus era bonito, mas o Aza, é quase um Deus de tão lindo.

— Está com fome? — ele pergunta — Trouxe algumas roupas femininas para você, estão ali naquele guarda roupa. Vai ficar aqui comigo por uns dias, te prometo que logo não estará mais na Suiça.

— Suíça?

Pergunto sem imaginar que eu estava tão longe de casa. Quando ele fala em me levar de volta penso no fato de não ter como me virar e não ter um lar para voltar.

— Vou precisar de um emprego… — sussurro e ele responde:

— Não vai. Vou te dar uma nova vida, uma conta bancária, uma casa e sua liberdade.

— Por que vai fazer algo assim por mim? — pergunto alterando minha voz pela primeira vez — Isso não faz sentido.

— Porque você não mereceu o que fizeram com você e talvez te ajudando eu consiga me sentir bem comigo mesmo depois de toda a maldade que eu fiz em nome dessa família maldita.

Ele me deixa sozinha depois de dizer isso. Ambos fomos vendidos para esses monstros, e eu fui esfolada viva por Niklaus, mas… E ele? Pelo que passou para ser assim?

Vou até o guarda roupa, olho para mim e ainda estou usando a blusa do Aza. Sendo sincera estou confortável assim, mas preciso vestir algo já que estou nua por baixo.

Meus olhos gravam cada detalhe desse quarto, ao julgar pelo que estou vendo acho que ele dorme aqui. A cama tem o seu perfume, pude sentir quando estava acordando.

Eu acabei derrubando algo que estava em cima do guarda roupa ao esbarrar nele. Estou aqui nas pontas dos pés tentando colocar no lugar até que sinto o corpo do Aza encostar no meu por trás e pegar a caixa das minhas mãos colocando lá em cima.

Eu me viro devagar e dou de cara com seu peito nu e tatuado, olho para cima devagar e ele está sorrindo para mim.

— Eu trouxe sua refeição, pode dormir aqui no quarto, eu me viro na sala. Até amanhã.

Ele se afasta e eu sinto falta do calor do seu corpo no mesmo instante. Estou tão inebriada que mal consigo assimilar o que acabou de acontecer.

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