Capítulo 15

Maya

Ele me abraçou e meu mundo cinza e frio ganhou cor e calor. Meus olhos não deixam o chão que se afasta cada vez mais, quando olho para o rosto do meu salvador ele está sorrindo e tem lágrimas nos seus olhos.

— Isso está mesmo acontecendo? Aquele monstro não vai mais tocar em mim?

— Enquanto eu estiver vivo, não!

— Então que você viva para sempre, Aza.

Volto a olhar para fora, agora estou admirando as nuvens, saio do abraço do meu salvador e começo a olhar em cada janelinha deste avião apenas para ter certeza que isso está mesmo acontecendo.

Estou saindo do inferno e contemplando o céu. Aza está de pé com as mãos nos bolsos me assistindo correr de um lado para o outro como se eu fosse uma criança agitada.

— Maya, serão oito horas e trinta e cinco minutos de voo até os Estados Unidos. Você pode dormir, quando chegarmos te acordo.

— Não posso dormir, Aza. Eu estou livre, estou livre. — falo chorando e rindo ao mesmo tempo.

— Se você dormir vai ter a sensação de chegar mais rápido.

— E também perderei cada segundo dessa noite perfeita. Mesmo que eu deite não irei dormir.

Ele sorri e me faz sentar para comer alguma coisa, mas minha cabeça toda hora vira para a janela admirando a vista.

O dia amanheceu, foi o amanhecer mais lindo de toda a minha vida. Jamais irei esquecer esse momento. O sol com todo seu calor e luz atravessando as nuvens que parecem feitas de algodão e em seguida a voz que está guardada em meu coração me avisa:

— Vamos pousar em trinta minutos. Viva a sua nova vida intensamente, conheça pessoas da sua idade, apaixone-se e seja a mulher mais feliz que esse mundo já viu.

Me apaixonar? Como se ele não sai dos meus sonhos, pensamentos e coração? Eu apenas abro meu melhor sorriso para o Aza e observo o lugar de onde fui arrancada quando criança se aproximar.

O avião pousou, eu estou nervosa. Quando saímos de dentro do avião parece que é a primeira vez que vejo a luz do sol. Como se eu estivesse presa em um lugar escuro por muito tempo e agora que posso ver isso dói, de um jeito bom. Tampo o sol com a minha mão e mesmo a luz escapando entre meus dedos eu admiro.

— Vamos, você ainda não pode ficar exposta por muito tempo. — Aza olha para frente e tem um carro estacionado, encostado nele um homem muito bonito — Lysandro, fez tudo como te pedi?

— Velho amigo, ainda duvida da minha capacidade? Está tudo pronto para sua protegida, a propósito, ela é linda.

Acabo me segurando no braço do Aza e me escondendo atrás dele. Tudo isso é novo para mim, principalmente interagir com pessoas desconhecidas.

— Maya, fica calma, esse é o Lysandro. Nele você pode confiar, somos parceiros no submundo e trabalhamos juntos. Temos uma máfia juntos aqui nos Estados Unidos.

— Tudo bem. — falo de cabeça baixa e logo Aza me coloca dentro do carro.

Apesar de seus vidros escuros consigo ver tudo lá fora. Logo pessoas em movimento, comércios agitados aparecem para mim. Toco o vidro da janela como se eu pudesse tocar nas pessoas que estão lá fora, um sorriso surge e uma lágrima rola na minha bochecha.

Então eu vivi aqui? Nasci aqui? Como teria sido a minha vida se eu não tivesse sido vendida para aquele carrasco? Me perco nos meus pensamentos.

— Maya? — Aza toca no meu ombro — Nós já chegamos, esse é o seu novo lar.

Ele está com a mão estendida para mim e a porta do carro está aberta. Seguro firme a mão do Aza e saio do carro até que observo a casa de três andares bem a minha frente.

— Aza, isso não pode ser verdade. Eu não mereço algo tão grande assim, vivi presa no quarto por tanto tempo que vou acabar me perdendo em algo assim.

— Essa é a sua casa, você merece até mais que isso. Por tudo que passou uma nova vida ainda é pouco pra você.

Nós entramos, ele me apresentou aos funcionários da casa, os seguranças, me mostrou cada cômodo e no terceiro andar ficam os quartos. O meu quarto tem meu nome na porta em letras douradas.

Aza apenas me observa enquanto coloco minha mão trêmula na maçaneta, ao abrir a porta me perco em tanto luxo e delicadeza. É um quarto bem feminino onde o lilás, rosa e branco predominam no ambiente.

A cama é tão grande que cabem seis de mim e ainda sobra espaço. Tem duas portas, uma é o closet que é enorme, a outra o banheiro que também me surpreende com sua grandeza.

— Senhor Dwight, a doutora já está lá embaixo à espera da senhorita Adler. — uma senhora simpática avisa e logo sai.

— Doutora? — pergunto curiosa.

— Sim! Você precisa passar por uma psicóloga e psiquiatra. Você passou por coisas que nenhum ser humano suportaria passar. Precisa cuidar da sua saúde mental, a doutora virá todos os dias até que ela mude essas visitas para duas ou três vezes na semana conforme a sua melhora.

— Acha mesmo necessário?

— Tenho certeza que sim!

Aza diz que posso tomar um banho e trocar de roupa, ele desce para receber a doutora. Toco no lençol suave da minha cama, depois no banheiro após o banho sinto a maciez da toalha. Parece que é a primeira vez que experimento algo bom, sei que não é a primeira vez só que agora parece diferente.

Vou para o closet, aqui tem tantas roupas que não sei se serei capaz de usar todas. Tem jóias, perfumes, maquiagens, sapatos, bolsas, cintos, relógios. Não sei por onde começar.

Então pego um lindo vestido preto e um tênis baixo, depois de pronta eu desço. A doutora está na sala à minha espera, ela abre um sorriso gentil ao se apresentar para mim.

— Olá, Maya. Sou a doutora Celine Sanchez, hoje quero apenas te conhecer. Na próxima consulta poderemos conversar mais.

— A próxima consulta pode ser apenas na segunda? Quero um tempo para mim e o meu amigo. — olho para o Aza sem graça.

— Tudo bem, agora, podemos conversar um pouco sozinhas?

Eu olho para Aza mais uma vez e ele sussurra que vai ficar tudo bem saindo da sala em seguida.

A doutora não me faz perguntas absurdas, pelo contrário, me deixa confortável e pergunta apenas como anda meu sono e se estou me alimentando direito. Parece querer criar um círculo de confiança comigo.

Assim que ela sai procuro por Aza que estava conversando com o tal Lysandro, mas não consegui ouvir o que estavam falando.

— Maya, vamos tomar café da manhã e depois quero que você descanse um pouco.

— Você vai ficar aqui comigo? — pergunto insegura.

— Tenho que voltar para Genebra no domingo à noite! Niklaus não pode saber que eu saí para tão longe.

Sinto vontade de chorar, mas sei que ele precisa ir.

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Comments

Josigg Gomes Galdino

Josigg Gomes Galdino

Interessante,Aza mora em uma casa simples, e compra uma casa grande e chique, para Maya

2025-04-17

1

Rosilene Narciso Lourenco Lourenco

Rosilene Narciso Lourenco Lourenco

pra Maya ser feliz junto com Aza aquela família demoníaca precisa morrer pra os dois serem livres pra sempre.

2024-12-24

0

🌹

🌹

Ela só vai ficar segura quando o monstro morrer

2024-12-13

3

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