Após a saída da feiticeira, a cabana mergulhou em um silêncio inquietante. Apenas o som das respirações tranquilas de Willian e Elias quebrava a calma tensa do ambiente. Selene estava sentada ao lado de Willian, sua mão segurando a dele enquanto sua mente fervilhava de perguntas sem resposta. Ela se sentia ansioss para ver Willian acordar, suas mãos suavam, seus pés não paravam de balançar. Soltava um respirar fundo a cada segundo.
Lucian, encostado na porta, mantinha os olhos fixos na floresta do lado de fora, esperando pela chegada da Feiriceira. Sua desconfiança em relação à feiticeira crescia a cada momento. Ele sabia que nada vinha de graça, especialmente de alguém como ela. Ele também sabia qual seria o preço. A mulher iria querer se fortalecer na magia de Selene, mas a única forma de fazer isso seria ativando sua força, isso para o homem seria muito ruim, pois atrairia muitos tipos de criaturas para perto dela, querendo sugar sua energia e roubar a magia. Lucian não via benefícios em Selene finalmente saber quem era, pois até o próprio pai dele queria usurpar os poderes da mulher.
“Você acha que ela vai voltar?” Selene perguntou, a voz baixa.
Lucian virou o rosto para ela, os olhos carregados de ceticismo. “Provavelmente. Mas não porque ela é confiável. Feiticeiras não abandonam seus interesses.”
Ele acreditava que a feiticeira preparava algo que fizesse Selene finalmente colocar para fora aquilo que ela queria.
“E o que você acha que ela quer?”
Lucian hesitou antes de responder, não diria de imediato, pois pensava em uma maneira de evitar. “Algo que talvez nem você saiba que tem.”
Selene sentiu um arrepio, mas não respondeu. Sua mente voltou para o que sentiu durante o ritual: a pressão, o calor, o brilho nos olhos. O que estava acontecendo com ela?
O dia passou como demoradas horas dentro daquela cabana, Selene não saiu de perto de seu mentor. A tarde, Lucian havia preparado algo para ela comer, a mulher apenas deu algumas mordidas na carne de tatu que ele havia preparado, mas a ansiedade a atormentava, ao ponto de a deixar sem fome.
A noite já havia se transformado em uma madrugada fria quando Selene decidiu sair da cabana a procura da feiticeira. A sensação de confinamento a sufocava, e ela precisava de ar fresco. Queria respirar, mas ao mesmo tempo temia que a velha não voltasse para salvar os dois que ainda se recuperavam e dormiam tranquilamente, no estado de transe que foram colocados.
“Vou dar uma volta,” disse ela, levantando-se.
Lucian a observou com atenção, não queria ver a mulher andar por aí sozinha no meio da noite em uma floresta densa e perigosa como aquela. “Não é seguro.”
“Não vou longe,” respondeu Selene, pegando sua espada.
Lucian suspirou, mas não tentou impedi-la. Ele sabia que Selene era teimosa e que não adiantaria discutir. Encarou a mulher passar pela porta e sair floresta afora, como se o céu estivesse claro e não houvessem perigos por aí.
Selene caminhava pela floresta próxima, seus passos leves sobre o solo coberto de folhas, ela tebtava ser silenciosa. O frio da madrugada mordia sua pele, mas ela não se importava, o feio nunca foi algo que a incomodasse. Além do mais, sua mente estava ocupada demais com os eventos recentes.
De repente, um som chamou sua atenção, ela parou para observar mais atentamente, mas a escuridao da noite limitava-a. Era um barulho baixo, como um farfalhar de folhas, como se fossem passos, em sua direção. Ela parou, segurando a espada com firmeza enquanto olhava ao redor. Um calafrio percorreu sua espinha, a fazendo ficar em estado de alerta.
“Quem está aí?” ela chamou, sua voz firme ecoando entre as árvores.
Nenhuma resposta. Mas o barulho continuou, mais próximo desta vez. Selene girou rapidamente, desembainhando sua espada e apontando-a para a direção de onde vinha o som. O que viu a surpreendeu: uma figura alta e encapuzada emergiu da sombra das árvores, seus movimentos lentos e deliberados.
“Você não devia estar sozinha, garota,” disse a figura, a voz grave e carregada de um tom ameaçador. "A floresta traz muitos perigos a noite."
“Quem é você?” exigiu Selene, avançando um passo em sua direção.
O encapuzado deu um passo à frente, e Selene percebeu algo incomum: seus olhos brilhavam com uma intensidade sobrenatural, como se estivessem iluminados por dentro. Era como se pudesse veemente iluminar.
“Você é diferente das outras criaturas.” continuou ele, ignorando a pergunta. “Eles sabem disso. E virão atrás de você.”
Selene apertou os dentes. “Quem são ‘eles’?”
"Você ainda não entende, não é? Seu sangue... Sua magia... É o que todos querem. Um poder tão grande que até mesmo o rei teme."
O encapuzado não respondeu completamente. Em vez disso, ergueu uma mão, e Selene sentiu um frio intenso tomar conta do ambiente. Sua espada parecia mais pesada em suas mãos, como se algo estivesse drenando sua energia. Ela caiu de joelhos, soltando a espada e seus olhos voltaram a brilhar. O homem encapuzado parecia sugar sua força apenas com uma das mãos levantadas. Ela tentou reunir todas as suas forças, mas era impossível.
Antes que Selene pudesse reagir, uma sombra veloz passou por ela. Era Lucian. Ele surgiu da escuridão como um vulto, empurrando o encapuzado para longe. Seus corpos se colidindo e caindo no chão, rolando juntos, como duas pedras.
“Eu sabia que algo estava errado,” disse Lucian voltando tão rápido quanto foi, colocando-se entre Selene e o estranho.
O encapuzado se levantou rapidamente, seu sorriso revelando presas afiadas. “Ah, o príncipe dos vampiros. Finalmente te reencontro.”
"Revele-se" Lucian estreitou os olhos. “Se quer lutar comigo, deixe-a fora disso.”
O estranho riu, uma risada fria e cruel. “Ela é o motivo de eu estar aqui. Você acha que pode protegê-la para sempre?”
Sem dar chance para mais palavras, Lucian avançou sobre ele. Os dois lados desferido golpes intensos um contra o outro. O confronto entre os dois foi rápido e feroz, com golpes e movimentos quase impossíveis de acompanhar. Ambos eram rápidos demais. Selene observava, tentando entender o que estava acontecendo, mas sentiu que seu corpo começava a reagir de forma estranha novamente.
O calor retornou ao seu peito, mais intenso desta vez. Ela sentiu uma energia crescente, mas não sabia como controlá-la. Os olhos da mulher voltavam à brilhar como duas lanternas azuladas, emanando de dentro dela. O corpo reagia com leves calafrios e arrepios intensos, era como se algo se remexesse dentro dela, querendo sair.
Após um golpe certeiro de Lucian, o encapuzado recuou, desaparecendo na escuridão com uma promessa: “Voltarei por ela.”
Lucian virou-se para Selene, visivelmente irritado. “Eu te disse que não era seguro sair.”
Selene tentou responder, mas a pressão em seu peito a fez deixar seu corpo colodir-se contra o chão por completo.
“Selene!” Lucian correu até ela, segurando-a pelos ombros. “O que está acontecendo com você?”
“Eu não sei,” ela sussurrou, ofegante. “É como se... algo dentro de mim está tentando sair.”
Lucian a pegou em seus bracos, se levantando e a levou de volta para a cabana rapidamente, usando sua velocidade de vampiro. A feiticeira já havia retornado, e seus olhos brilharam ao ver o estado de Selene. Era exatamente o que queria ver.
“Ah, você está começando a sentir, não está?” disse a velha, um sorriso enigmático em seus lábios.
“O que está acontecendo comigo?” perguntou Selene, quase em um grito, começando a se contorcer. Lucian a colocou sentada em uma cadeira.
A feiticeira colocou a mão em seu ombro. “Você está despertando, menina. E isso é apenas o começo.”
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
NOSSA ADORRI A HISTÓRIA AUTORA MUITO BOM.
2025-01-02
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