Capítulo Dez

A cabana estava mergulhada em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som das palavras estranhas murmuradas pela feiticeira. A velha tinha seus olhos brilhando pela magia que exalava de dentro dela, como se fosse algo que vinha de dentro. Selene estava sentada próxima à mesa, com os olhos fixos em Willian e Elias, acreditando no que a velha poderia fazer, crente que eles estariam melhor assim que terminasse o ritual. Uma luz azulada emanava das mãos da velha, preenchendo o ambiente com uma energia quase palpável. Essa luz era chamativa e atrativa para Selene, que a encarava e sentia como se seus olhos também estivessem brilhando.

Selene sentiu sua respiração acelerar. Algo no ar parecia diferente, mais denso, era como se ela fizesse parte do que wstava sendo feito. Ela não sabia se era o poder da feiticeira ou se era algo que vinha de dentro dela, mas ela conseguia sentir.

“Mantenham o silêncio,” ordenou a feiticeira, sem sequer erguer os olhos. Ela sabia que Selene estava sentindo, era a conexão que feiticeiras e bruxas tinham entre si, quando usavam seu poder. Além do mais, a velha propositalmente despertava o poder de dentro dela.

Lucian estava encostado na parede, com os braços cruzados e o olhar fixo na velha. Ele sabia que ela iria curar os dois deitados naquela mesa, mas preocupava-se com o tal preço que exigiria de Selene depois. Sua postura parecia relaxada, mas Selene sabia que ele estava alerta.

A feiticeira levantou o frasco com o líquido viscoso e o despejou sobre o peito de Elias, também pegou alguns galhos e os quebrou acima dos corpos, os soltando em seguida, mas os galhos não caíram, permaneceram flutuando um pouco abaixo de suas mãos. Em seguida, traçou símbolos no ar, que pareciam se formar em luz e pairar sobre os corpos dos dois homens.

Selene sentiu um calafrio correr por sua espinha quando a luz começou a brilhar mais intensamente. Ela nunca havia presenciado um ritual de cura, na verdade nunca havia visto qualquer ritual. Era como se algo em seu peito estivesse despertando, algo que não pertencia ao mundo comum, o mundo que sempre fez parte, mas que agora parecia não ser mais o seu mundo.

“O que está acontecendo?” Selene perguntou, incapaz de conter a curiosidade e a sensação pulsando no peito.

“A cura exige mais do que simples remédios,” respondeu a velha, sem interromper seus movimentos e sem desviar os olhos. “Isso é magia antiga, e exige energia... muita energia."

A velha encarou Selene brevemente. Seus olhos brilhavam com a mesma cor azulada e seus cabelos pareciam mais brancos.

Enquanto a luz azulada crescia e os símbolos brilhavam, Selene começou a sentir algo estranho. Era como uma pressão dentro dela, um calor que se espalhava pelo peito e pelas mãos. Sua respiração aumentava a frequência, lhe trazendo um leve mal estar.

Ela colocou a mão sobre o coração, tentando controlar a sensação, mas era como se algo estivesse tentando sair, algo que ela não entendia. Como se quisesse sair, mas ela não sabia como liberar.

Lucian encarou a mulher, percebendo que os olhos dela começaram a brilhar como os da feiticeira. Ele engoliu seco, percebendo que ela estava começando a deixar que seu lado mágico despertasse, mesmo que não fosse intencional. Lucian temeu, pois isso poderia chamar mais a atenção de seu pai futuramente, fazendo com que Selene fosse caçada mais assiduamente. Klaus começava usar toda a magia das feiticeiras e manter em cativeiro, antes de as matar.

“Selene, seus olhos.” disse Lucian, percebendo sua inquietação. “Está tudo bem?”

“Não sei,” respondeu ela, com a voz trêmula. “Sinto algo dentro de mim.”

A feiticeira ergueu os olhos por um breve momento, um leve sorriso surgindo em seus lábios, era exatamente o que queria que acontecesse. A velha queria saber o tamanho do poder da mulher. “Você sente, não é? Algo dentro de você. Isso é bom.”

“Bom? O que você quer dizer com isso?” Selene retrucou, sua raiva misturada com confusão. Ela não sabia o que fazer, mas queria parar de sentir aquilo.

“A energia que está aqui não é apenas minha,” respondeu a feiticeira. “Parte dela vem de você.” Sorriu mais. "No começo é incômodo, faz mal. Mas quando aprender a deixar sair, verá que é muito bom, se tornará viciante.

Selene arregalou os olhos, tentando processar as palavras da velha. Mas antes que pudesse responder, a luz ao redor dos corpos de Willian e Elias começou a diminuir e a entrar dentro deles, como se estivessem os curando por dentro agora. As feridas começaram a se fechar e os sangramentos estancaram-se. Selene se surpreendeu com o que viu, tentando entender como era possível que ferimentos tão profundos se curasse a partir da magia, sem deixar cicatrizes.

A feiticeira deu um passo para trás quando tudo se acalmou e a magia se apagou, observando os dois homens sobre a mesa. A respiração de ambos havia se estabilizado, e seus rostos, antes contorcidos de dor, agora estavam serenos.

Selene se aproximou, tocando a mão de Willian, se certificando de que elr realmente estava melhor. Ele estava quente, sua pele já não estava fria e úmida como antes. Seu rosto parecia sereno, como se estivesse apenas dormindo.

“Eles parecem... melhores,” disse ela, a esperança crescendo em sua voz. Sentia a preocupação se esvair de seu peito e o conforto de saber que Willian se salvaria dessa, estabilizava-se em seu peito.

“Eles estão dormindo,” respondeu a feiticeira. “Mas o processo ainda não terminou. Esta é apenas a primeira sessão.”

“O que mais precisa ser feito?” perguntou Lucian, sua desconfiança evidentemente crescendo a cada segundo.

“Há mais escuridão nos corpos deles do que eu imaginava,” explicou a feiticeira. “O primeiro ritual estabilizou suas condições, mas a cura completa exigirá mais.”

Selene olhou para a velha, os olhos cheios de determinação. “Faça o que for preciso.”

A feiticeira assentiu. “Mas o preço será maior do que você imagina, menina. E será cobrado em breve.”

Com Elias e Willian dormindo profundamente, a cabana mergulhou novamente no silêncio. Selene sentou-se ao lado de Willian, observando-o respirar tranquilamente.

Lucian permaneceu próximo à porta, seus olhos ainda fixos na feiticeira. Ele sabia que ela tinha seus próprios motivos para ajudar e que isso poderia complicar as coisas mais adiante.

Selene não podia evitar a sensação de que algo havia mudado dentro dela. A pressão que sentira antes ainda estava lá, como se estivesse à beira de algo que não conseguia explicar.

“Eu não confio nela,” disse Lucian, finalmente quebrando o silêncio.

“Nem eu,” respondeu Selene, sem desviar o olhar de Willian. “Mas se ela pode salvá-los, eu aceito o risco.”

"Vocês não precisam confiar em mim." A feiticeira respondeu, deixando claro que estava ouvindo a conversa de ambos. "Apenas confiar a saúde de seus entes a mim." Ela se virou, indo em direção à porta. "Preciso sair, vou até a floresta para buscar mais ingredientes que utilizarei para o próximo ritual. Fiquem de olho nos dois."

Selene assentiu, mas Lucian ainda sentia a desconfiança crescer. Para conquistar sua confiança, a feiticeira precisaria de muito mais do que apenas curar os dois.

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Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

EU IRIA ATRÁS DELA. NÃO CONFIO .

2025-01-02

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