Capítulo Nove

A floresta parecia mais densa à medida que o grupo avançava. As primeiras horas do dia já começavam a liderar, pouco a pouco, a luz afugentava a escuridão da noite, indicando que a manhã já estava na porta. Selene liderava o caminho, carregando parte do peso de Elias, enquanto Lucian carregava Willian com uma facilidade que parecia antinatural, como se estivesse carregando a folha que caiu de uma árvore em seus braços. A velha feiticeira caminhava à frente deles, seu cajado de madeira retorcida batendo no chão em um ritmo constante.

Selene olhava para os dois caçadores feridos e sentia a raiva queimando em seu peito. A vontade de se vingar emanava como um vulcão em erupção dentro dela. A visão dos corpos é da cidade destruída ainda estava fresca em sua mente. Ela jurou para si mesma que os vampiros pagariam por aquilo. Ela se vingaria, mesmo que para isso, tivesse que o fazer sozinha.

"Estamos perto." Anunciou a feiticeira, quebrando o silêncio.

Lucian não respondeu, seu olhar permanecia fixo na mulher com o cajado na mão, observando cada movimento com atenção e desconfiança. Ele sabia que velhas feiticeiras eram perigosas, e a energia que sentia vindo dela apenas confirmava suas suspeitas.

A velha também sentia a energia de Lucian, sabia exatamente quem ele era: Um vampiro, filho de Klaus com um amor proibido da juventude do vampiro que deu um golpe no trono e se tornou rei: Uma loba. Por este motivo o homem não era como os outros vampiros. Klaus era de uma linhagem muito forte de vampiros puros, sua força e poder vinham do pai, mas a forma como não se parecia muito fisicamente com vampiros, era de sua mãe. Apesar de não ativar seu lado lobo, Lucian o sentia dentro de si as vezes.

A cabana da feiticeira apareceu no horizonte, cercada por árvores retorcidas que pareciam formar uma barreira natural, fazendo Selene perceber o motivo de a velha feiticeira ter sido a única sobrevivente em um massacre à sua cidade, sem sequer ter marcas de golpes. A estrutura era pequena e simples, mas havia algo nela que fazia os pelos da nuca de Selene se eriçarem.

Ao entrar, o cheiro de ervas é cera de vela dominava o ambiente. Prateleiras cheias de frascos e objetos estranhos cobriam as paredes, e símbolos antigos de magia muito forte estavam gravados no chão e nas portas. Lucian reconheceu alguns símbolos como sendo de proteção, se alguém entrasse na casa da feiticeira com intenção de a matar, morreria na porta. Ele passou pela porta normalmente. A feiticeira apontou para uma mesa longa, coberta por um tecido negro.

"Deitem-nos aqui." Disse ela.

Selene ajudou Elias a ficar sobre a mesa, enquanto Lucian colocou Willian que estava em seus braços. O peito de Willian subia e descia de forma irregular, enquanto Elias gemia de dor, sua pele pálida e úmida de suor.

"Afastem-se." Ordenou a velha. "Eu cuido deles agora." Ela pegou um frasco com um líquido gosmento de uma prateleira.

"Espere." Disse Lucian, dando um passo à frente. "O que exatamente você pretende fazer?"

A feiticeira ergueu os olhos para ele, sua expressão inalterado. "Cuidar deles, é claro. É para isso que os trouxeram até aqui, não é?"

"Mas e o preço?" Perguntou Lucian mais preocupado com Selene, que foi quem se ofereceu a pagar. "Você deixou claro que a magia tem um preço. O que exatamente você quer em troca?"

Selene virou-se para ele, surpresa com sua atitude. "O que está fazendo? Ela está tentando ajudar!"

"A ajuda de uma feiticeira nunca vem de graça, Selene." Retrucou, sem desviar o olhar da velha. "Principalmente alguém experiente como ela."

"Deixe que o preço eu pago." Selene respondeu. "Quanto a ajuda, temos que ser rápidos, não quero perder Willian."

A velha soltou uma risada baixa, como se estivesse se divertindo com sua desconfiança. "Você é perspicaz, vampiro."

Selene ficou rígida na mesma hora. O silêncio que se seguiu foi pesado e eletrizante. Selene congelou. Seus olhos se arregalaram enquanto ela processava a última palavra que saiu da boca da feiticeira.

"Vampiro?" Selene finalmente disse, a voz baixa e carregada de incredulidade. Ela encarou Lucian, que permaneceu imóvel.

Willian ainda estava inconsciente e Elias ainda delirava em sua febre altíssima, alternando entre a vida e a morte.

Lucian não negou. Ele simplesmente encontrou o olhar dela com uma calma desconcertante. "Eu ia te contar... no momento certo."

"Engana-se." Respondeu a velha, sem olhar para ele. "Este é exatamente o momento certo."

Selene sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés e o mundo ao seu redor desaparecesse. Todas as suas suspeitas foram confirmadas. O ferimento que desaparecera em pouco tempo, sua força desumana, o conhecimento sobre os vampiros — ajudou fazia sentido agora.

"Você mentiu para mim desde o começo." Disse, a voz mantendo o tom baixo, mas oscilando entre a raiva e a decepção.

"Eu nunca menti sobre o que realmente importa." Respondeu Lucian, sua voz firme. "Eu nunca te machuquei."

Selene deu um passo à frente, colocando a mão em sua espada, pronta para o atacar naquele instante. Lucian não recuou, ele estava pronto para a imobilizar se fosse preciso. Estava disposto a convencer Selene de que nunca a machucaria.

"Não desembainha sua espada se não for usar, criança." A velha a interrompeu. "Você ainda vai precisar muito desse velho vampiro. Seu futuro se entrelaça ao dele, é ele quem te levará à verdade."

"Eu deveria matá-lo agora mesmo." Disse ela, os olhos queimando de fúria.

"E o que você ganharia com isso?" Lucian retrucou, cruzando os braços. "Seus amigos morreriam antes que você pudesse fazer algo para salvá-los."

"Ele tem razão." Completou a velha. "Os dois tem muito pouco tempo, então escolha: matar o vampiro e perder seus amigos e a verdade com eles, ou salvá-los e deixar seu destino seguir o curso natural?"

Selene respirou fundo, ela sabia que eles não tinham muito tempo. Encarou Willian sobre a mesa, sua pele negra começando a empalidecer. Os lábios quase roxos indicavam que ele logo partiria deste mundo, para o mundo dos mortos. Soltou a mão da espada, voltando a encarar Lucian no fundo dos olhos.

"Isso não acabou." Disse ela, sua voz cheia de determinação. "Mas agora, minha prioridade é salvar Willian e Elias."

"Correta escolha, Selene." A velha disse seu nome sem ao menos Selene ter dito, mas a mulher não se surpreendeu, afinal, ela era uma velha e tinha a magia ao seu favor.

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Comments

Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

A BRUXA E O VAMPIRO, SERÁ QUE REALMENTE SABERAM COMO A ARMA (SELENA) FUCIONA É PODERAM AJUDÁ-LA.

2025-01-02

0

Anonymous

Anonymous

autora amando a autora amando a história mas falta as fotos

2025-01-03

0

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