O céu estava escuro, com apenas a pálida luz da lua iluminando o cenário à frente. Selene e Lucian finalmente chegaram ao local do confronto entre os caçadores e vampiros. Eles estavam atacando uma cidade e os combatedores deveriam chegar ao local para tentar evitar que devastaram completamente a cidade. Selene sentia que deveria ter estado lá, deveria ter ido e combatido juntamente com eles.
A visão que os aguardava era sombria: corpos de caçadores espalhados pelo chão, o cheiro de sangue e cinzas enchia o ar. Não havia sequer um sinal de que os vampiros também haviam sido mortos, apenas corpos de humanos. Tudo era ruínas naquele lugar.
Selene parou, seu coração disparando enquanto seus olhos percorriam a cena. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som de seus próprios passos ao avançar. Não havia sinal de vida enquanto caminhavam por ali, em alguns locais, fumaça subia e o cheiro de sangue e destruição exalava em tudo.
“Meu Deus...” ela murmurou, sentindo o desespero crescer em seu peito. Ela procurava entre os corpos algum sinal de Willian. O medo de que ele estivesse morto e que Selene não conseguiu impedir a invadiu imediatamente ao ver rostos conhecidos.
Lucian, mais atrás, permaneceu em silêncio. Ele já sabia o que encontrariam, mas a reação de Selene o deixou inquieto.
Eles continuaram andando até que, mais atrás, perto dos muros da cidade, Selene avistou dois corpos se movendo. Um dos corpos havia acabado de ir ao chão, sem forças. Ela correu, o coração acelerado, até perceber que eram Elias e Willian.
Elias estava encostado em uma parede destruída, segurando o braço ensanguentado e transtornado pelo que haviam acabado de passar, enquanto Willian estava caído ao lado, respirando com dificuldade. Ele mal conseguia manter os olhos abertos por tamanha dor. Sentia a morte se aproximar. Selene ajoelhou-se rapidamente ao lado de Willian, segurando o rosto dele com cuidado.
“Willian!” ela chamou, a voz trêmula. “Você está ferido!" Exclamou, colocando a cabeça do homem em seu colo, enquanto tentava parar um dos sangramentos em seu corpo. Ele tinha marcas de morte.
Os olhos de Willian abriram-se lentamente, mas sua expressão era de pura exaustão. “Selene... você... não devia estar aqui...”
Ele não queria que Selene tivesse vindo e temia que os vampiros voltasse caso soubesse que ela estava ali, com eles. Em um dos momentos de batalha, ele ouviu quando o vampiro mais forte, que comandava o grande grupo, procurava pela "garota". Willian sabia exatamente de quem se tratava e foi aí que notou que era apenas uma armadilha para capturar Selene.
“Eu não podia ficar de braços cruzados,” respondeu ela, a voz embargada.
Elias tentou se levantar, mas caiu de volta no chão, gemendo de dor. “Eles eram muitos... nós não tínhamos chance...”
Selene olhou ao redor, vendo as marcas de batalha: flechas quebradas, espadas abandonadas e sinais de luta que haviam terminado em derrota. O sangue por toda a parte a fazia ver que Lucian tinha razão: tudo não passo de uma armadilha.
“Eles ainda estão por perto?” perguntou, seu tom endurecendo enquanto segurava sua espada. Revolta passava por sua mente naquele momento e a adrenalina ameaçava vir em suas veias.
Elias balançou a cabeça lentamente. “Não... eles já se foram...”
Lucian observava de longe, seus olhos analisando a cena. Estava em estado de alerta, com os olhos e ouvidos aguçados para ver se estavam por perto ou não. Sabia que poderiam voltar, caso desconfiassem que Selene estava a caminho. Ele sabia que Malakai havia liderado o ataque, e a destruição era um lembrete claro do poder dos vampiros sob o comando de Klaus. Aquela era uma marca registrada deles.
Enquanto Selene tentava estabilizar Willian e Elias, um som suave de passos chamou sua atenção. Ela se virou rapidamente, levantando sua espada, mas o que viu não foi uma ameaça, então guardou novamente em sua cintura.
Uma velha, com cabelos brancos como a neve e olhos profundos e misteriosos, aproximava-se. Ela usava um manto escuro, segurando um cajado de madeira retorcida. Em sua pele haviam marcas que denunciavam sua origem: a velha era uma feiticeira e aparentava morar na cidade. Pelo visto, foi a única sobrevivente.
“Você é uma das sobreviventes?” perguntou Selene, sua voz carregada de suspeita.
A velha assentiu, olhando para os caçadores feridos com um ar de preocupação. “Eu moro aqui há muito tempo. Vi o que aconteceu. Eles não terão muito tempo se não forem tratados.”
“Você pode ajudar?” Selene perguntou, desesperada.
A velha inclinou a cabeça, como se estivesse avaliando algo. “Sim, mas minha ajuda tem um preço.” Disse, reconhecendo em Selene algo familiar. A velha via, através de seus olhos, que havia magia dentro de Selene, mas que a garota ainda não sabia disso.
"Qual preço?" Lucian perguntou, desconfiado.
“Qualquer coisa,” respondeu Selene, sem hesitar, temendo que Willian pudesse morrer a qualquer momento.
Lucian finalmente se aproximou, seu olhar desconfiado. “Quem é você?”
“Uma feiticeira,” respondeu a mulher, sem medo. “Meu nome não importa, mas minha magia pode salvá-los. Se você realmente quer que eles vivam, precisará confiar em mim.”
Selene olhou para Willian, que já estava inconsciente, e para Elias, que parecia à beira do colapso e delirava, falando sozinho enquanto seus olhos se fechavam. Ela não tinha escolha.
“Faça o que for preciso,” disse Selene, a voz firme.
A feiticeira assentiu. “Levem-nos para minha casa. Lá poderei começar o processo de cura. Mas saibam disso: a magia sempre cobra um preço.”
Selene não respondeu. Tudo o que importava era salvar Willian e Elias. Ela daria à velha o que fosse necessário, desde que salvasse os dois.
Lucian ajudou a carregar os caçadores, embora Selene fizesse questão de manter sua desconfiança evidente, ele sabia que velhas feiticeiras não eram confiáveis. Seus milhares de anos de experiência já haviam o ensinado disto. Enquanto carregava um dos homens para a casa da feiticeira, ele não podia evitar a sensação de que estavam se envolvendo em algo maior – algo que mudaria o curso de suas vidas para sempre.
Dentro da cidade também havia destruição e cheiro de morte. Selene observava os corpos, não haviam sobreviventes. Eram mulheres, homens e crianças. Até mesmo rebanhos de animais jogados em qualquer lugar, cheios de marcas de garras e mordidas. Isso a fez sentir uma raiva ainda maior. Sele odiava vampiros sem saber que sua linhagem vinha disto.
Selene por sua vez, enquanto estava no chão ao lado de Willian, prometia a si mesma que iria encontrar os monstros que fizeram isso com seu pai e que iria se vingar, matando-os um por um, até que não restasse sequer um vampiro na terra.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
O QUE A VELHA VAI QUERER DE EM TROCA, EU DESCONFIARIA.
2025-01-02
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