Capítulo dois

A alvorada trouxe consigo uma calmaria momentânea, mas o peso da noite anterior ainda pairava sobre o grupo. O campo de batalha agora era apenas uma lembrança sangrenta, com corpos de vampiros reduzidos a cinzas espalhados pelo chão. Os caçadores começaram a desmontar o acampamento, preparando-se para seguir em frente.

Selene, sentada em um tronco próximo, afiava sua lâmina com movimentos precisos. O som do metal contra a pedra era hipnotizante, mas sua mente estava em outro lugar. O que aconteceu na noite anterior não fazia sentido. A força, a velocidade, aquele calor inexplicável em suas veias... algo dentro dela estava mudando, e isso a assustava.

“Selene,” a voz de Willian interrompeu seus pensamentos. Ele se aproximou, carregando um cantil de água. “Beba. Temos uma longa caminhada pela frente.”

Ela aceitou sem questionar, mas seus olhos analisaram o rosto de Willian. Ele parecia mais tenso do que de costume, como se algo o preocupasse profundamente.

“Você está estranho,” ela disse, direta como sempre.

“Não é nada,” ele respondeu rapidamente, desviando o olhar.

“Você sempre me diz para não ignorar meus instintos, Willian. E meu instinto me diz que você está escondendo algo.”

Willian respirou fundo, mas não respondeu. Ele sabia que Selene era perspicaz, mas a verdade que ele guardava era perigosa demais para ser revelada. Pelo menos, não ainda.

“Concentre-se no que está à sua frente,” ele disse finalmente, mudando de assunto. “Estamos nos aproximando de um território mais perigoso. Precisamos estar alertas.”

O grupo seguiu por uma floresta densa, os passos abafados pelas folhas secas no chão. Selene manteve-se próxima de Willian, mas não deixou de notar os olhares furtivos que alguns caçadores lançavam em sua direção. Era como se ela fosse um enigma que ninguém ousava decifrar.

“Por que eles estão me olhando assim?” ela perguntou em um sussurro para Willian.

“Estão apenas impressionados com sua habilidade,” ele respondeu, sem parar de andar.

Selene sabia que era mentira, mas não insistiu. Ela aprendera ao longo dos anos que Willian só revelava o que considerava absolutamente necessário.

Enquanto o grupo avançava, um barulho vindo do leste chamou a atenção de todos. Era o som de algo grande se movendo rapidamente entre as árvores.

“Armas prontas,” Willian ordenou, erguendo sua espada.

Selene puxou sua lâmina, sentindo o mesmo calor familiar nas veias. O grupo se espalhou, formando um círculo defensivo.

Do meio da floresta, uma figura emergiu. Era um vampiro solitário, mas diferente dos outros que haviam enfrentado. Ele era alto e esguio, com olhos vermelhos brilhantes e uma expressão arrogante.

“Vocês não deveriam estar aqui,” disse o vampiro, sua voz como um sussurro mortal.

“E você deveria estar morto,” Selene respondeu, avançando antes que Willian pudesse detê-la.

A luta foi rápida. Selene se moveu com uma velocidade que surpreendeu até a si mesma, desviando dos ataques do vampiro com facilidade. Mas no momento em que estava prestes a matá-lo, ele sorriu.

“Você realmente não sabe quem é, não é?” ele disse, segurando sua lâmina com uma força inesperada.

Selene congelou, surpresa pela pergunta. “O que quer dizer?”

“O sangue que corre em suas veias… É uma abominação, mas também é uma arma. Um dia, você entenderá.”

Antes que pudesse dizer mais, Willian interveio, cravando sua espada no peito do vampiro. O corpo dele desabou no chão, transformando-se em pó.

Selene olhou para Willian, esperando por respostas, mas ele apenas a encarou com seriedade.

“Não escute os sussurros de um inimigo,” ele disse. “Eles mentem para confundir você.”

Mas Selene sabia que havia verdade nas palavras do vampiro. E pela primeira vez, ela sentiu que sua confiança em Willian começava a vacilar.

A poeira da batalha havia assentado, mas nas sombras da floresta, um par de olhos vermelhos ainda observava. Um vampiro, que vinha com o que enfrentou o grupo e foi morto, se esconderá durante o confronto, permaneceu imóvel, acompanhado cada movimento de Selene. Ele a vura lutar, virá a força incomun com a qual ela derrotava seus semelhantes. Mas o que realmente chamou sua atenção foi algo que ele não via há muito tempo: o brilho azul gélido nos olhos dela, que herdara de seu pai.

"Não pode ser..." Ele sussurrou para si mesmo, escondendo-se entre as árvores.

O vampiro sabia o que aquilo significação. Os relatos de décadas atrás, sobre a filha de um vampiro com uma bruxa. A criança cuja a existência ameaçava tanto vampiros quanto humanos. Ele se lembrava das ordens diretas de Klaus: "Eliminem todos que se aproximem da linhagem herdeira do trono. Se encontrarem a criança, tragam-na para mim viva."

A jovem mulher no campo não podia ser outra. A combinação de força, velocidade e aqueles olhos... Era ela. Apesar de seu lado vampiro ainda não estar completamente ativado, mas era ela.

Com passos rápidos e silenciosos, ele começou a recuar pela floresta. Ele não poderia enfrentá-la ou o grupo de caçadores sozinho, mas sabia exatamente o que fazer. Klaus precisava saber que a criança havia sobrevivido ao massacre em Ashwood.

O castelo de Klaus era um monumento ao poder. Seus corredores de mármore negro e vitrais de cores escuras refletiam a grandiosidade de um reinado consolidado pelo medo. No centro do grande salão, Klaus estava sentado em um trono adornado com ossos de inimigos humanos derrotados. Seus olhos vermelhos profundos e ameaçadores, observavam cada movimento ao seu redor.

O vampiro entrou no salão, ajoelhando-se imediatamente diante do rei. "Meu senhor, trago notícias urgentes."

Klaus o encarou com frieza. "Fale. E que valha o meu tempo."

"A criança... A herdeira do trono. Ela está viva."

Por um breve momento, o silêncio tomou conta do salão, então, um sorriso lento e perigoso se formou no rosto de Klaus.

"Você está absolutamente certo disso?" Ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de perigo.

"Eu a vi com meus próprios olhos, meu senhor. Ela estava lutando ao lado dos caçadores. A força dela, os olhos... Não há dúvidas. "

Klaus se levantou, duas presença dominando o ssla. Ele caminhou até o vampiro ajoelhado e segurou seu rosto com uma mão fria. "Você entende o que isso significa?"

"Sim, meu rei. Ela precisa ser eliminada."

"Não apenas eliminada. Ela precisa ser trazida a mim." Klaus corrigiu, seu tom mortal. "A linhagem dela é uma ameaça à minha existência e ao equilíbrio do poder. Mas também pode ser... aproveitada."

Klaus se virou para um de seus homens mais próximos. "Preparem um grupo. Quero que tragam a criança até mim, viva. E destruam qualquer um que tentar impedi-los."

O vampiro ajoelhado abaixou a cabeça. "Sim, meu senhor. Farei o que for necessário."

Enquanto o mensageiro se retiravam Klaus voltou ao trono, seu sorriso sombrio permanecendo em seis lábios. "Então a herdeira finalmente apareceu... Vamos ver se ela é tão poderosa quanto dizem."

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Ana Regina Fernandes Raposo

Ana Regina Fernandes Raposo

ELA VAI SURPREENDER VC KLAUS

2025-01-01

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