CAPÍTULO XIX

Aquelas palavras o pegaram desprevenido. Ele se afasta de Max, se levantando e indo ao banheiro. Respirando fundo algumas vezes, Nick tenta lidar com as emoções que estão tomando conta. “Ele não disse isso. Não agora.” Ele entra no chuveiro, e tenta se acalmar, deixando a água cair. Depois de um tempo, sai do banheiro e encontra Max sentado na beira da cama, o esperando. Nick o encara, ainda atordoado por aquelas palavras.

Nick – Você pode ir? Preciso ficar sozinho.

Max – Por favor, fale comigo. Não fuja e não me afaste.

Nick – Não vou fugir. Mas preciso de um tempo.

Max – Eu...

Nick se senta ao lado de Max. – Eu acabei de sair de um relacionamento. Eu ainda estou lidando com isso. Nick encara as próprias mãos. – Eu estou muito confuso. Eu amo o James e... Ele respira fundo... – E tem meus sentimentos por você. É muito... É muita coisa para processar... Por favor, eu realmente preciso de um tempo!

Max abraça Nick, que começou a chorar. Acariciando seu rosto, enxugando suas lágrimas, Max dá um beijo em sua testa. – Me desculpe! Não queria te fazer sofrer. Max abraça novamente Nick, que continua chorando. Depois de um tempo, com Nick mais calmo, Max o beija e se despede. Ele se levanta, pega suas coisas e sai.

Nick observa aquele homem, sua paixão da juventude, saindo. Sufocado por seus sentimentos, Nick dá um berro e se joga na cama. Está completamente perdido, aquelas palavras ecoando em seus pensamentos. “Como ele pôde me dizer isso agora? O que eu vou fazer?” Ele olha ao redor, não consegue mais ficar ali. Após se trocar, arruma suas coisas e fecha a conta. Pegar a estrada na madrugada é reconfortante. A pista vazia a sua frente, permite que ele acelere, aproveitando o ar frio que entra pela janela. Tentando refrear a torrente de sentimentos que insistem em atingi-lo, ele acelera cada vez mais, mal percebendo quando chegou em sua casa.

Após guardar suas coisas, pega uma cerveja e se joga no sofá. Abre a galeria do celular e a primeira imagem é a foto que tirou de Max no show. “O que farei com você?” Ele observa a imagem por um longo tempo, analisando tudo que aconteceu até agora e seus sentimentos. Se existe “Destino”, ele é um deus cruel. Nick está perdido entre o término de seu namoro com James e o retorno de Max. Por mais que pense nisso e tente negar, ele ama os dois, cada um do seu jeito, cada um a seu tempo. Essa confusão, mais o sentimento de culpa, não permitem que ele lide com tudo que está acontecendo. A verdade é que está feliz em rever Max, que o deseja e quer ficar com ele, mas esse não é o momento. Além disso, como ele pode dizer que o ama a mais de dez anos?! Por que agora? Por que não fez quando estavam juntos? Se lembra, como se fosse hoje, das palavras de Max para Maya, dizendo que não estava falando sério sobre a relação com ele, então por que dizer isso agora? Nick sempre foi inseguro, sempre teve esse sentimento de que não merecia. Mesmo em sua relação com James, cedia ao que o namorado queria, pois não achava que merecia ser amado, e não queria perdê-lo. Nick fica ali, no escuro e no silêncio, tentando decifrar seus sentimentos para decidir o que fazer depois. Ele acaba adormecendo no sofá.

Quando acorda, o dia está claro. Já passara das dez horas. Ele toma um banho demorado e prepara seu café. Apesar da confusão de sentimento, ou por causa dela, decidiu o que fazer. Se arruma e manda uma mensagem para Luke, dizendo que está a caminho do set. “Você está de volta? Não ia ficar de folga hoje também?” Nick responde ao amigo, dizendo que achou melhor voltar e enfrentar de vez. Pega as chaves do carro e sua bolsa, vai devolver o carro a caminho da locação onde Max está trabalhando. Um tempo depois Nick desce do taxi, sendo recebido por Kate. Ela o conduz até a Rafa, que está observando as fotos pelo monitor.

Rafa – Esse fotógrafo é realmente incrível, pena que ele é só um freela. Deveríamos contratá-lo.

Nick sorri com o entusiasmo da colega. – Vou contar para a Elle.

Rafa – Não faça isso! A Elle é ótima, mas ainda falta um pouco de experiência. Não precisei dar nenhum direcionamento até agora e as ideias e sugestões do Max são melhores que eu imaginava. Ele conhece o produto e entendeu o que queríamos para a campanha. Precisamos de mais gente assim.

Nick concorda com a cabeça. – Humm. Ele realmente é excepcional.

Nick está olhando para Max, que está deitado próximo a modelo, concentrado com sua câmera. Nick continua o observando, cada vez mais certo de que tomou a decisão correta. Max se levanta, orientando a modelo para a troca de figurino. Ele se vira e vê Nick o observando, imediatamente corre até ele, parando a poucos centímetros.

Max – Está tudo bem?

Nick – Sim. Max o encara, parece tentar decifrá-lo. – Fica tranquilo, está tudo bem. Eu disse que não fugiria. Se concentra na sessão de fotos agora. Eu vou acompanhar o resto do dia. Max sorri para Nick, que retribui. Kate chega perto dos dois, entregando um copo de café para cada um. Max volta para o seu lugar, instruindo as modelos que entraram. Olhando para Nick, ele sorri e pisca. Apesar de ser afetado pelo sorriso de Max, Nick está calmo. Geralmente fica assim após tomar uma decisão. A tarde transcorre sem nenhum incidente. Nick havia liberado a Rafa, que queria aproveitar para adiantar alguns documentos. Ele acompanhou a sessão e foi selecionando as fotos que mais gostou para o catálogo. Tinha certeza de que não teria problemas com o cliente, que já havia aprovado as fotos da semana passada. Max aproveitava qualquer oportunidade para se aproximar de Nick, falar com ele e tocá-lo. Nick estava achando engraçado esse comportamento. No fim do dia, com a sessão encerrada oficialmente, Nick dispensa Kate, dizendo que ficaria um pouco mais. Ele convida Max para um drink, que aceita.

Nick – Vamos conversar. Max assente e oferece um capacete para Nick. – O quê?

Max – Vamos beber e conversar. Eu te levo. Max oferece mais uma vez o capacete e Nick faz menção de pegá-lo, mas Max sorri e coloca o capacete em Nick, acariciando seu rosto. Max sobe na moto e estende a mão para o companheiro, que sorri e a pega, subindo atrás dele. Max puxa os braços do parceiro e os entrelaça em sua cintura. – Segure firme. Ele acelera e sai. Nick está sorrindo, a sensação de estar em uma moto é de liberdade, mesmo que seja como carona. Ele se aproxima um pouco mais de Max, apertando o abraço. Max sorri e acaricia as mãos de Nick em sua cintura. Pouco tempo depois, Max estava estacionando em uma área de prédios comerciais, em um bairro que Nick conhecia muito bem.

2Nick – O que estamos fazendo aqui?

Max – Você queria beber e conversar, achei melhor virmos ao meu estúdio. É íntimo o suficiente para conversamos, mas não tão íntimo para te deixar desconfortável.

Nick olha ao redor. O apartamento de James ficava a poucos metros dali. – Seu estúdio é aqui?

Max – Sim. Se for desconfortável para você, podemos ir a outro lugar.

Nick nega com a cabeça. – Não! Você está certo. Acho que é um bom lugar para conversarmos.

Max sorri. – Vamos! Ele abre o portão e dá passagem para Nick. Após trancar o portão, segue para a porta lateral do estúdio, abrindo-a para Nick. – Por aqui! Ele dá passagem para o parceiro e a fecha, após entrar. Acendendo as luzes, coloca sua bolsa e sua jaqueta em um sofá próximo a porta e segue para o fundo do estúdio, onde tem um pequeno bar. Nick percorre o lugar com o olhar, encantado com a pequena exposição que vê. O local é um pequeno galpão, que Max manteve com um ar industrial, com canos e tijolinhos expostos. Em contraste, as lindas fotografias de Max foram arranjadas, de modo que aparente uma pequena exposição a quem passeie pelo local. Além das fotografias, o local foi decorado com diversos tipos de câmeras e em uma das paredes, mais ao fundo, algumas capas de discos e algumas guitarras penduradas. Nick passa a mão em uma das guitarras, se lembrando dela da juventude. É a primeira guitarra de Max. Max sorri, observando os movimentos de Nick pelo estúdio.

Max – Aqui. Tenho whisky, mas da última vez você disse que não beberia mais. Max entrega uma lata de cerveja para Nick que sorri.

Nick – É sua primeira guitarra. Ficou bem aqui. Ele sorri para Max, que retribui.

Max – Não tenho mais como tocá-la, mas não posso me desfazer dela. Nick o encara e Max aponta para o sofá. – Aqui, vamos nos sentar.

 Nick assente e segue para o sofá, sentando-se. Max se senta ao seu lado, mas não diz mais nada. Pela primeira vez Nick tem a sensação de que Max está nervoso. É algo estranho de se ver. Ele coloca a lata de cerveja no porta copo em cima da mesa e passa a encarar suas próprias mãos. Agora que estava ali, não sabia se era a melhor solução. Max o observa.

Max – Pode dizer. Vou aceitar qualquer decisão que tenha tomado, mesmo que me impeça de vê-lo novamente. Nick encara Max, que parecia sincero. A postura de Max era a de quem está resignado, não importando se perdeu ou ganhou, é a postura de quem aceitará qualquer resolução.

Nick – Já te disse que não pretendo fugir. Não mais. Também não vou mais lutar com meus sentimentos. Eu também gosto de você. Max encara Nick, incrédulo com aquelas palavras. – Sempre gostei de você, desde nosso primeiro encontro, quando você consertou a corrente da minha bicicleta. Nick sorri com a lembrança. – Mas não podemos ficar juntos.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

vc vai se arrepender Nick... quando passamos por algo que não vivemos como deveria,isso nos atormenta a vida inteira 😥😥😥

2025-02-25

2

Marcia Emerich

Marcia Emerich

♥️💔❤️‍🩹

2025-02-24

0

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