CAPÍTULO XVIII

Max está paralisado, vendo Nick ir embora naquele táxi. Não imaginava que ele fugiria novamente. Seu primeiro impulso era pegar sua moto e ir atrás, mas não queria assustá-lo ainda mais. Voltando para a arena, encontra Luke e as garotas.

Luke – Conseguiu alcançá-lo?

Max – Sim, mas ele foi embora.

Luke – E você o deixou ir?

Max – Não tive como impedi-lo. Abatido, Max se despede do trio e segue para o backstage onde encontra Maya o esperando.

Maya – Conseguiu se acertar com o Nick? Max nega com a cabeça, abraçando a amiga.

Max – Ele fugiu mais uma vez.

Maya – Não é de se estranhar. Você tem fingido não o reconhecer e do nada se declara assim?! Era óbvio que ele iria fugir.

Max – Estraguei tudo mais uma vez.

Maya – Acho que não. Vocês ainda trabalham juntos. Dessa vez não acredito que ele largará tudo. Maya consola Max, acariciando suas costas. – Vocês vão se acertar.  Max sorri para a amiga, que dá uns “tapinhas” em seu ombro. Eles arrumam os instrumentos e saem.

Chegando em casa, Max se deita, encarando o celular. A cena de Nick indo embora não sai de sua cabeça. “Eu deveria ter esperado. Por que eu cantei aquela música?!” Max leva as mãos à cabeça, negando. “Ele se foi, mais uma vez...” Max olha novamente o celular e decide mandar a mensagem. Olha para a tela do telefone, esperando uma resposta, mas nada. Ele se levanta, vai a cozinha e pega uma cerveja. Olha novamente para a tela do celular e não há respostas. Ele passa a olhar as fotos que tirou outro dia. “Não acredito que te encontrei depois de 10 anos e te deixei ir novamente.” Max continua vendo a foto que tirou de Nick e bebendo. Algumas cervejas depois, ainda sem resposta, ele resolve se deitar. Vai tentar encontrá-lo quando acordar.

Max acorda e envia uma mensagem para Luke, pedindo o endereço de Nick. Alguns minutos depois recebe a resposta do colega. “Ele está bem, mas é melhor deixá-lo sozinho hoje. Ele precisa pensar e se você forçar, vai piorar as coisas.” Max suspira. Conhecendo Nick, como conhece, sabe que ele precisa ficar sozinho. Manda uma mensagem para Maya, perguntando se a amiga está livre. Não quer passar o dia sozinho. Maya o chama para sua casa, Andie ainda não voltou da viagem e não pretende sair. Max se arruma e vai ao encontro da amiga.

Maya – Como você está?

Max – Não sei. Senti tanta falta dele que achei que estar perto já seria o suficiente, mas não foi. Eu o beijei ontem e é como se tivéssemos voltado dez anos atrás. Eu ainda gosto dele como antes.

Maya sorri para o amigo. – Até hoje não entendi o que aconteceu. Vocês pareciam ter se acertado e de repente ele sumiu. Mesmo quando eu ou a Andie tentamos falar com ele, não conseguimos.

Max – Eu também não sei e, para ser sincero, não me importo. Quando eu o reencontrei e o vi com o namorado, eu fiquei mal, muito mal, mas, pelo menos ele parecia bem, parecia feliz. Comecei a fazer os trabalhos para a agência dele, e pude vê-lo de longe. Já era o suficiente pra mim, mas o Luke pediu esse último trabalho, sem me dizer que seria com ele. Quando eu o vi entrar naquela sala, entrei em pânico. Como ele fugiu daquele jeito, achei melhor fingir que não o reconhecia, para não o constranger. E o resto você já sabe.

Maya sorri para o amigo e o abraça. – O que pretende fazer agora?

Max – Luke me disse que ele quer ficar sozinho e é melhor não o forçar. Amanhã começa as sessões da campanha, vou tentar conversar com ele. Maya consola o amigo. Eles passam o dia conversando sobre o passado, relembrando da época em que formaram a banda.

No dia seguinte Max se prepara para a sessão de fotos. Ele está ansioso e preocupado, mas não importa como as coisas saíam com Nick, irá finalizar esse projeto. Ele é o primeiro a chegar à locação como queria, assim poderia arrumar suas coisas com calma e teria tempo para pensar. Um tempo depois chega Kate, a assistente de Nick, acompanhada de uma mulher. Kate apresenta a Rafa e explica que Nick precisou se ausentar e que sua colega iria acompanhar o projeto. Max as cumprimenta e se retira, abalado com a notícia que Nick pediu o dia. “Será que ele fugirá? Será que eu o espantei?” Max vai ao banheiro e lava seu rosto, respirando fundo para se acalmar. O trabalho vem primeiro, já se comprometeu com a campanha e, mesmo que ele não esteja aqui, esse projeto é do Nick. Ele se concentra nas modelos e logo se sente um pouco melhor, focando em suas fotos. Após o almoço Kate mostra o e-mail de Nick aprovando as fotos até o momento e Max fica aliviado. “Ele não fugiu!” Max volta a se concentrar no set, quer terminar a sessão o quanto antes para encontrá-lo.

Na parte da tarde Luke aparece na locação. Assim que Max o vê, pede uma pausa e vai falar com o colega.

Max – Oi Luke. Você tem notícias do Nick?

Luke – E aí cara? As fotos estão incríveis. Max encara Luke, que percebe que não escapará das perguntas. – Ele me mandou mensagem. Disse que estava bem, mas que precisava de mais um tempo.

Max – Me passa o endereço dele, por favor?! Preciso conversar com ele, me explicar.

Luke – Ele não está aqui. Ele foi para o litoral. Ele alugou um carro ontem e foi. Max encara Luke com um olhar desesperado, passando as mãos na cabeça. Luke o puxa para o canto, para que os outros não percebam como ele está agitado.

Max – Eu o machuquei, não foi?

Luke – Acho que ele não está machucado. Ele está confuso. Você sabe que ele acabou um relacionamento faz pouco tempo e você ter voltado mexeu muito com ele. Eu não sei o que aconteceu entre vocês antes, mas quando conheci Nick, ele estava devastado. Ele demorou muito tempo para se erguer e voltar a sorrir, mais ainda para sair com outras pessoas. Foi difícil de ver e não quero que ele volte para aquele lugar. Luke encara Max que parecia atingido pelo que ouvia. – Você, mais que ninguém, deve saber o que aconteceu naquela época e como evitar que aconteça agora.

Max cobre o rosto com suas mãos e nega com a cabeça. Exasperando, encara Luke com tristeza. – Eu não sei! Eu não sei o que aconteceu há dez anos atrás. Ele simplesmente sumiu, do nada. Estávamos juntos e quando acordei ele tinha sumido. Tinha ido embora sem explicar. Mesmo quando o procurei diversas vezes na casa dele, não o encontrei. Então um dia, esbarrei com ele na rua, dez anos depois. Eu não sei o que aconteceu. Não sei por que ele fugiu naquela época e não sei por que ele fugiu agora. Max estava magoado e confuso. Luke aperta seu ombro e sorri.

Luke – Ele não vai sumir dessa vez, então vocês terão a oportunidade de se acertarem. Mas é melhor voltar para terminar a sessão, não podemos segurá-los por muito tempo.

Max assente, apertando o ombro de Luke. – Obrigado! Ele volta para o set e continua a sessão. No fim da tarde, finalizando o dia oficialmente, Max se senta com a Rafa e com a Kate para falar sobre as fotos.

Kate – Já encaminhei as fotos para o Nick. Mas acredito que a escolha dele coincidirá com a sua Rafa.

Rafa – Acredito que sim, concordamos com as fotos de mais cedo. Ele me pediu para acompanhá-lo amanhã também Max, se não houver problema.

Max – Aconteceu alguma coisa?

Rafa – Pelo que eu entendi não, ele só estendeu sua folga. Nick é muito comprometido com o trabalho e mal descansa. Acho que fará bem a ele. Pela nossa agenda, ele só tem compromisso na quarta, por isso decidiu aproveitar esses dias.

Max – Entendi. Max sorri para Rafa que retribui. Luke ainda estava no set, conversando com a figurinista e Max vai até ele, pedindo para conversarem. – Você sabe onde ele está?

Luke – Não.

Max – Por favor! Não vou piorar as coisas. Preciso vê-lo. Preciso saber que ele está bem.

Luke – Eu realmente não sei. Luke percebe o desespero de Max. – Peraí! Luke manda uma mensagem para Nick pedindo sua localização. Alguns instantes depois Nick responde e liga para o amigo. Luke encara Max, mostrando a tela do aparelho. – Devo atender? Max assente e fica próximo. Luke atende o amigo e enquanto conversa com ele, encaminha sua localização para Max. Esse não espera o fim da ligação, pegando sua mochila, corre para o estacionamento.

“Eu sei que ele quer ficar sozinho. Mas não posso deixá-lo fugir. Não posso perdê-lo de novo.” Max sai disparado em sua moto, a caminho do litoral. Não sabe o que fará ou o que dirá a Nick, mas precisa vê-lo. Luke avisa que não descobriu o número do quarto, só a localização mesmo. “Não tem problema, eu descubro.” Ele acelera na rodovia, o coração disparado com a possibilidade de se resolver com seu primeiro amor. Nesses dez anos, Max se envolveu com muitas pessoas, mas nunca teve um relacionamento sério. Seu coração sempre pertenceu a Nick e, mesmo tentando esquecê-lo por diversas vezes, nunca conseguiu. Revê-lo depois de uma década foi um alívio e uma tortura ao mesmo tempo. A primeira vez que reviu Nick, ele estava acompanhado de um rapaz, na cafeteria perto de seu novo estúdio. Max estava caminhando quando viu Nick pela janela. Naquele momento seu coração parou e ele voltou para sua juventude, para o último ano da escola. Nick não mudara nada, era o mesmo de suas lembranças. Max pensou em ir até ele, falar com ele, abraçá-lo, mas desistiu quando o viu beijando o namorado. “Ele está feliz! Ele tem alguém.” Max seguiu andando aquele dia, sem rumo, tentando controlar todos os sentimentos que voltaram de uma única vez. “Ele me esqueceu! Ele nos esqueceu!” Max se sentiu tão perdido que voltou aquela noite para a casa de seus pais. Seu antigo quarto, sua garagem/estúdio... Tudo no mesmo lugar, tudo como era naquela época. Ele não conseguiu “pregar os olhos”, todas as recordações daquele verão o atingindo em cheio. Decidiu que não iria incomodar Nick, mas aquele convite para a campanha de perfumes mudou todos seus planos. Nick é o responsável da campanha e terminou seu relacionamento. “Eu preciso tentar! Eu quero que ele saiba que eu sempre o amei!”. Max está chegando ao litoral. Resolve enviar uma mensagem para Nick, mas ele não responde.

Pouco tempo depois chega à pousada onde Nick está hospedado. Não foi muito difícil descobrir o quarto. Agora, em frente à porta, está paralisado. “E se ele nunca me perdoar? E se ele me odiar?” Respirando fundo, manda uma mensagem para que Nick abra a porta. A mensagem foi lida imediatamente, mas não teve resposta. Max se irrita pela falta de resposta e bate na porta. Nada. Bate mais uma vez na porta e alguns minutos depois a porta se abre. Nick está na sua frente, vestindo um roupão branco e com os cabelos molhados. Seu olhar era de incredulidade. Em um impulso Max o abraça, toda tensão, todo desespero impregnando aquele momento, fazendo-o não querer nunca mais soltar seu amigo. Algum tempo depois, Max afrouxa o abraço, encarando Nick e o questionando por que ele fugiu. Frente a negativa de seu amigo, Max o abraça novamente, mas agora isso não é mais suficiente. Max beija Nick, todos aqueles sentimentos, todo o sofrimento do tempo separados, toda a tristeza da ausência, transbordando naquele beijo. Max conduz Nick pelo quarto e, sem pensar em mais nada, toma Nick para si. O desejo de dez anos esperando, o queima por dentro, a intensidade do encontro o desespera. Deitado ao lado do seu amor de tanto tempo, ele não consegue mais esconder.

Max – Tem algo que eu preciso te dizer há mais de dez anos. Eu te amo!

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