“As fotos ficaram incríveis. Ele realmente é um excelente fotógrafo.” Nick está revendo as imagens que Max encaminhou. Junto com a Rafa, finalizou o layout da campanha e encaminhou para o designer da equipe dar sequência. Entre o projeto do perfume e as reuniões, o dia passou rápido e agora tudo o que ele queria era descansar. Essa semana foi uma montanha russa emocional e ele precisa de um pouco de paz. Tentando relaxar, se recosta em sua cadeira e fecha os olhos. “Vou dormir o fim de semana inteiro!” A porta do escritório se abre, mas Nick não se move.
Luke – O que está fazendo?
Nick não diz nada e não se mexe, ignorando o amigo. Sabe que isso o irrita e se diverte brincando com ele. Luke se senta na cadeira à frente de Nick e coloca uma lata na mesa. Ele abre os olhos e vê uma lata de cerveja a sua frente.
Luke – Achei que precisava.
Nick sorri. – Obrigado!
Luke – Se não for o suficiente, tenho uma garrafa de whisky na minha sala. Luke ri da expressão irritada do amigo. – O que vai fazer amanhã?
Nick – Dormir!
Luke – Tem algum plano pro fim de semana?
Nick dá um gole na cerveja – Dormir!
Luke – Você não pode fazer isso!
Nick encara o amigo com um ar de deboche. – Não só posso, como farei!
Luke – Preciso de uma ajuda sua!
Nick – Não!
Luke – Vamos cara! Tô nessa faz tempo, agora surgiu uma oportunidade.
Nick encara o amigo por um momento e volta a se recostar na cadeira. – Não!
Luke – Por favor cara! Você não precisa fazer nada, só ir comigo a um lugar.
Nick – Onde?
Luke – No show! Nem precisa ficar até o fim, é só para eu não chegar lá sozinho.
Nick respira fundo, balançando a cabeça em negação. – O que foi dessa vez?
Luke – Ela também irá. Quando comentei sobre o show e disse que tinha os ingressos, ela disse que já havia comprado e que iria com uma amiga. Então não posso chegar lá sozinho, vai parecer que eu a estou perseguindo.
Nick – E não está?
Luke – Para com isso! O Max me deu os ingressos antes de eu saber que ela iria.
Nick encara o amigo, que está brincando com a caneta tinteiro de sua mesa. – É o show do Max?
Luke – A banda dele também vai tocar, mas terão outras bandas. Por favor cara, quebra essa?
Nick – Tá bom, eu vou! Mas a bebida é por sua conta!
Luke – Fechado!
Nick – Agora me deixa em casa! Eu sei que você está de carro.
Luke olha aborrecido para o amigo que o encara de volta. – Ok! Vamos! Se eu negar, você vai desistir de me acompanhar amanhã.
Nick – Bom garoto! Me conhece tão bem! Rindo, acompanha o amigo até a saída.
Olhando aquela camiseta surrada, Nick quer desistir de ir ao show. Não quer lidar com os sentimentos que sabe que virão à tona e não quer que Luke descubra sobre seu passado. Passou o dia todo pensando em como sair “dessa furada”, mas não tem como. Sempre que precisou, Luke estava lá, desde a época da faculdade. Luke é um de seus poucos amigos íntimos e, provavelmente, o mais próximo. Veste a camiseta e coloca uma calça jeans rasgada nos joelhos. Olha no espelho e acaricia o símbolo do Queen, estampado em sua velha camiseta. “Quanto tempo!” Pega seu Converse surrado e o calça, completando o look. “Como a doze anos atrás.” Penteia o cabelo e coloca seus anéis. O pequeno brinco de argola e a corrente prata finaliza o visual. “Acho que dá pra me misturar”. Pensando em Max, ruboriza, o coração acelerando de expectativa. “Será que agora ele vai me reconhecer?” A porta da frente se abre.
Luke – Cara, tá pronto? Vamos?
Nick sai do quarto, encontrando o amigo na sala. – Preciso me lembrar de trocar a senha da porta.
Luke – Você sempre diz isso! Vamos?
Nick – Só vou pegar a carteira e o celular.
Luke – Look daora! Ficou bem rockeirozinho!
Nick – Não enche! Se for começar, nem saio.
Luke – Foi mal, foi mal! Mas está muito bom!
Nick – Vai logo! Vamos antes que eu desista.
Meia hora depois, estavam chegando na arena onde os shows aconteceriam. Nick olhou para o lugar e sorriu. “É bem o tipo de lugar que ele sempre quis tocar!” Nick passa a olhar ao redor, vendo que o local está cheio. – Até que tem bastante gente! Luke assente, olhando ao redor com um olhar de caçador. – Não achou sua presa da noite ainda?
Luke – Para com isso! É amor de verdade dessa vez!
Nick – Até a manhã seguinte. Nick começa a rir da careta do amigo. – Vamos, me pague uma cerveja! Quem sabe ela não está na fila para comprar.
Luke resmunga do deboche do amigo. Eles andam um pouco mais pela arena, até encontrarem o balcão de venda de bebidas. Luke compra duas cervejas e volta, entregando uma à Nick. Eles seguem em direção a pista, que está começando a encher.
Nick – Você quer procurá-la ou curtir o show. Esse lugar está lotando, você tem que decidir se quer caçar ou pegar um bom lugar.
Luke – Vamos procurar um lugar. Não vim aqui só por causa dela.
Nick – Sei! Ele ri e acompanha o amigo até um lugar mais próximo ao palco. Olhando ao redor, percebe que se sair dali, perde o lugar. – Se sairmos daqui, já era!
Luke – Eu sei. Se precisarmos sair, tem que ser um de cada vez, pra guardar o lugar.
Nick assente com a cabeça e dá um gole na cerveja. As bandas ainda estão passando o som e uma nova banda entra no palco. Nick vê Max. Ele está a encarnação do rockeiro, todo de preto, calça de couro e regata, cabelos soltos e guitarra pendurada no ombro. A corrente de prata com o pingente de palheta no pescoço. É uma imagem linda e Nick não resiste e tira uma foto. Em seguida, vê uma mulher de cabelo curto, azul, sentando-se na bateria. Prestando atenção, reconhece Maya, que não mudou praticamente nada, exceto pelo cabelo e algumas tatuagens. O resto da banda entra e Nick não os reconhece. Eles passam o som brevemente e saem do palco. Nick está paralisado com as emoções que vieram à tona, principalmente por rever Maya, mesmo que de longe. A saudade bateu forte e ele virou a garrafa de cerveja, tentando desfazer os pensamentos e sentimentos que acumulavam.
Luke encara o amigo e não entende sua reação. – Deu sede?
Nick – Sim! Pega mais duas pra mim!
Luke – Vai com calma!
Nick – Você quer ir lá toda hora?
Luke encara o amigo. – Vou trazer três pra cada um. Da forma como você está bebendo, não dará tempo de esquentar. Já volto.
Nick faz uma careta para o amigo e volta a olhar para o palco. Agora estavam preparando para iniciarem, com uma movimentação maior no backstage. Nick passa a observar a movimentação antes da entrada no palco e vê Max, que está vestindo uma jaqueta de couro, junto com Maya. Ela realmente não mudou nada. Pela expressão dela, provavelmente está dando uma bronca em Max. Nick ri, sentindo-se nostálgico. “É bom saber que eles conseguiram.” Uma lágrima escorre por seu rosto e ele rapidamente a seca, antes que Luke chegue.
Um tempo depois, Luke volta acompanhado de duas garotas. – Aqui! Entrega duas garrafas de cerveja para Nick. – Deixa eu apresentá-los! Esse é o Nick, meu amigo. Nick assente, e levanta a garrafa, cumprimentando as garotas. – Essas são Jackie e Carol. A Jackie é uma amiga da faculdade e Carol é sua amiga.
Jackie – Acho que lembro de você. Apontando para Nick, que não a reconheceu. – Você andava com o Luke, via vocês juntos na faculdade.
Nick – É provável. Estudamos na mesma turma e eu andava com ele. Jackie sorri e Nick retribui.
Jackie – Gosta de rock?
Luke – Ele gosta. Já até tocou em uma banda na juventude.
Nick fuzila o amigo com os olhos. “Preciso lembrar de mandá-lo parar de contar essa história.” – Na verdade fui o vocalista de uma banda de garagem na época de escola.
Carol – Você se parece mesmo com um rockstar. Todos riem e Nick nega com a cabeça.
Nick – Na verdade o rockstar da banda sempre foi o guitarrista.
Max – Gostaria de conhecê-lo! Nick enrijece ao som daquela voz.
Luke – E aí cara?
Max cumprimenta Luke que oferece a mão. Depois cumprimenta as garotas com um beijo no rosto de cada uma e encara Nick que está petrificado ao seu lado. Max desce o olhar e observa o símbolo na camiseta de Nick, sorrindo.
Max – Amo o Queen! Ele diz isso encarando Nick, com um olhar feroz. Nick morde os lábios e sustenta o olhar de Max, sendo interrompido por Carol, que estava tentando chamar a atenção do guitarrista.
Carol – Também sou fã do Queen. Mas vocês não tocam cover deles, pelo menos nunca vi.
Max olha para a garota, o que deixa Nick com ciúmes. – Você já viu minha banda?
Carol – Claro! Na verdade, viemos nesse show por causa de vocês!
Sorrindo exageradamente, na percepção de Nick, a garota está quase se atirando em Max. Inconscientemente, Nick dá um passo para mais perto do guitarrista, que simplesmente joga o braço sobre seus ombros, abraçando-o, como costumava fazer. Nick fecha os olhos por alguns instantes, aproveitando aquele momento, como se tivesse voltado no tempo. Aquele toque familiar o aqueceu e relaxou, como sempre o fez. Nick abre os olhos, encarando a garota.
Nick – Para um bom cover do Queen o vocalista tem que ter um alcance diferenciado. Não é qualquer um que consegue cantar as músicas e entregar. Max sorri para a resposta, dando um leve aperto no ombro de Nick.
Max – E é exatamente por isso que não tocamos Queen. Nosso vocalista é muito bom, mas, mesmo ele, tem suas restrições. Max sorri para a garota, que está claramente tietando ele. Nick fecha a cara brevemente e Max percebe. Ele então acaricia as costas de Nick, como se o estivesse acalmando. Aquele toque acende o corpo de Nick, que ruboriza.
Luke – Cara, vai devagar com a cerveja! Você está até ficando vermelho.
Nick fuzila o amigo com o olhar e Max ri. As garotas sorriem com a brincadeira.
Nick – Ao invés de me controlar, você deveria ir buscar mais duas pra mim. Ou se esqueceu? Nick olha para Jackie e volta a olhar para Luke, encarando-o com deboche.
Luke – Segura aí, daqui a pouco eu vou.
Max olha de um para o outro querendo entender o que está acontecendo. Ainda com o braço jogado sobre os ombros de Nick, ele observa os dois amigos. – O que tá rolando?
Nick – Nada demais é que... Luke encara Nick, fazendo o rir. – É que Luke perdeu uma aposta e terá que pagar minhas bebidas hoje. Ainda rindo, vira a última garrafa e entrega para Luke. – Ainda estou com sede!
Luke – Cara, você me paga!
Nick – Mas antes, a cerveja!
Jackie – Eu te acompanho. Carol quer alguma coisa pra beber?
Carol – Traz uma cerveja. Ela continuava encarando Max, com um olhar de tiete apaixonada.
Luke – Max, quer uma?
Nick – Ele não bebe antes de tocar. Max encara Nick, sorrindo maliciosamente.
Luke – Como você sabe disso?
Nick percebe que falou demais. Max aperta levemente o ombro dele.
Max – Eu comentei com ele no dia do ensaio fotográfico. Nick observa Max sorrindo enquanto mentia descaradamente para lhe salvar. – Bom, tenho que encontrar minha banda. Minha baterista vai me matar se eu ficar muito tempo sem aparecer. Enquanto se despede do grupo, desliza a mão que estava no ombro de Nick por suas costas, parando sobre sua bunda. Nick não acredita que ele acabou de fazer isso. Olhando ao redor, os demais não parecem ter percebido a carícia de Max. – Depois eu volto! Max dá uma piscada e sai, sendo seguido por Luke e Jackie que foram buscar as bebidas.
Nick respira fundo, tentando se refazer. O coração está acelerado e a pulsação em seus ouvidos é ensurdecedora. Ainda não sabe como lidar com tudo isso, mas desistiu de lutar ou negar seus sentimentos. Carol o observa por alguns instantes, o que o incomoda.
Carol – Vocês se conhecem a muito tempo?
“Há mais tempo que você imagina!” Nick olha para a garota que parecia ansiosa pela resposta. – Nos conhecemos recentemente. Ele fez um trabalho para a minha agência.
Carol – Ahh! Ele compôs um jingle?
Nick ri. “Bem que ele seria capaz de fazê-lo.” – Não. Ele é fotógrafo. Fez uma sessão de fotos para uma nova campanha.
Carol – Ele é incrível.
Nick não responde. Está especialmente irritado com essa garota e com ciúmes. Ele passa a se concentrar na banda que está tocando no palco e Carol faz o mesmo. Algum tempo depois, Luke retorna com as cervejas e segurando a mão de Jackie. “A caça terminou!” Nick ri e pega a cerveja que seu amigo lhe oferece. Puxa o amigo para mais perto, para que só ele possa ouvir. – Meu trabalho terminou. Posso ir agora?
Luke fecha a cara. – Para com isso! Vamos ver a banda do Max, você vai gostar.
Nick ri e assente. Ele quer vê-los tocar. Ainda sorrindo, passa a aproveitar a música, cantando alto. Fazia tempo que não cantava e não se lembrava como era bom. Passou a acompanhar todas as músicas, mesmo aquelas que não conhecia. Estava feliz e relaxado, não sabia que sentia tanta falta de ir a um show. Ele aproveita o momento cantando e dançando a cada banda que sobe ao palco. Max não retornou, mas não importava, o momento que tiveram já foi o suficiente e Nick realmente estava bem pela primeira vez, há muito tempo. O tempo passa voando e logo a última banda iria tocar. Nick vê Maya e Max subindo ao palco e assovia o mais alto que pode. Max olha na direção deles e sorri. “Será que ele nos vê de lá?” Nick sorri e assovia mais uma vez. A banda começa a tocar a antiga checklist deles. Nick acompanha o mais alto que pode, sabendo todas as músicas. Perto do fim, Max pega o microfone e vai até a ponta do palco olhando para a plateia. Na verdade, olhava em direção a ele.
Max – Agora vamos tocar uma música inédita. Eu a compus há alguns anos, com uma pessoa especial, mas nunca a tocamos nas apresentações. Mas agora, essa pessoa está aqui e quero que ele ouça. O público ovaciona e Max toma o lugar do vocalista, empunhando um violão. – Essa música se chama “Para o sempre nós!” e é para você.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments
Verônica Maria
Aí meu Deus autora, chorei até a minha última geração agora com essa declaração kkkkkkkkk
2025-04-01
3
Da Silva Lopes Clinger
aí chorei agora 😿😿😿
2025-02-25
1
Clesiane Paulino
eita Nick... assim o coração não aguenta🥺🥺🥺
2025-02-24
2