CAPÍTULO XIII

A exaustão tomou conta de Nick. Ele chega em casa tira a roupa e “cai” na cama. Simplesmente quer dormir e esquecer tudo aquilo. Esquecer ele. Adormece rapidamente, mas é um sono agitado. Ele acorda às quatro da manhã e não consegue voltar a dormir. Olhando o celular, percebe que está descarregado. Coloca rapidamente para carregar e o liga. Na tela começam a pipocar mensagens de Luke, que estava preocupado por ele ter saído e não ter dado notícias. “Eu estive na sua casa, mas você não estava”, “Nick me avisa que você está bem!”, “Cara me dá notícias!”. Nick sorri para a tela, para a preocupação do amigo. Imagina o susto que Luke tomou quando ele sumiu. “Vou pagar por isso mais tarde!” Mesmo sendo de madrugada, resolve mandar notícias para o amigo. “Desculpe, dei umas voltas para espairecer e quando cheguei em casa cai na cama direto. Estou bem! Não se preocupe!”

Perdendo o sono, ele vai para a sala e liga a tv, deixando rolar vídeos aleatórios do Youtube. Só precisa do barulho para não se sentir só. O cansaço ainda o dominava, mas não conseguiria dormir agora. Voltou a olhar o celular. Havia uma mensagem de um número desconhecido. Ele leu a mensagem e foi como um soco em seu estômago. “Me desculpe por hoje! Mas, por favor, não fuja novamente! Não suma. Podemos conversar? Quero te explicar tudo. Quero te explicar por que agi da forma que agi nos últimos dias. Por favor, me dê mais uma chance?”  Ele salva o número de Max, mas não responde. Não sabe o que responder. “Não tem o que eu responder”. Nick coloca o celular de lado e vai ao escritório, pegando seu violão. Lê a frase mais uma vez, como fizera milhares de vezes antes. Acaricia àquela letra que está gravada na madeira e no seu coração. “Nunca deixei de amá-lo. Nunca o esqueci de verdade. Só estava no armário. Estava escondido, esperando para sair novamente.” Abraçando o violão, se deita no sofá e passa a assistir, o que quer que seja, que estava na tela de TV.

O cheiro de café inunda o ambiente e Nick se senta, esfregando os olhos e se espreguiçando. Olhando em volta, vê seu violão escorado em uma das poltronas e vê seu amigo de costas, mexendo no fogão.

Luke – Até que enfim acordou! Pensei que tivesse morrido. Se bem que morto não ronca.

Nick – Eu não ronco. Se levantando, vai à bancada da cozinha, onde Luke lhe serviu uma xícara de café e alguns pãezinhos que acabara de esquentar na frigideira.

Luke – Você bebeu ontem?

Nick – Só quando estava com você.

Luke assente. – Você vai me contar o que aconteceu?

Nick paralisa. Não quer se lembrar e não sabe como o amigo vai reagir. – Ele me encontrou no estacionamento. Luke apenas assente, encorajando o amigo a seguir. – Ele me beijou. Luke fica surpreso, mas logo volta ao seu ar de naturalidade. Ainda sem dizer nada, gesticula para que o amigo continue. – E eu fugi. Mais uma vez eu fugi.

Luke – Ele te disse alguma coisa?  Te deu alguma explicação?

Nick – Só que sentiu minha falta. Não conversamos. Mas ele me mandou uma mensagem. Nick passa o celular para Luke, que lê a mensagem franzindo o cenho.

Luke – Já sabe o que vai fazer?

Nick – Meu único plano, no momento, é voltar pra cama e dormir.

Luke – Você não pode fugir para sempre. Não esqueça que ele é o fotógrafo da sua principal campanha no momento.

Nick – Só vou esquecer por hoje. De qualquer forma, ele é profissional, não vai misturar as coisas. Mas vou pedir para a Rafa acompanhar o set amanhã. Ainda é muito cedo.

Luke – Se precisar de algo, é só pedir. Nick assente agradecendo o amigo. Luke sempre foi um bom ouvinte e sempre respeitou suas decisões, mesmo que discordasse.

Nick – Desculpe ter estragado seu encontro ontem.

Luke – Não estragou nada. Vou encontrá-la mais tarde. De qualquer forma não rolaria nada, pois a Carol está na casa da Jackie esse fim de semana. Nick faz uma careta ao ouvir o nome da Carol. – O que foi isso?

Nick – Garota chata do cacete! Se jogando como uma adolescente pra cima do Max. Insuportável.

Luke gargalha com a careta do amigo. – Foi isso ontem, então! Você estava com ciúmes!

Nick – Que ciúmes o que?! Luke ri novamente.

Luke – Você estava fuzilando a garota com os olhos! Pensei que era coisa da minha cabeça.

Nick – E é coisa da sua cabeça!

Luke – Esqueceu que te conheço há anos? Só não sabia a história toda. Mas tenho que reconhecer que aquela garota é chata. Ela é uma prima distante da Jackie e veio de outra cidade para assistir a banda de Max tocar. Nick faz outra careta e toma um gole de seu café. Luke ri do ciúmes estampado na cara do amigo. – Bom, agora que eu me certifiquei que você está vivo e não está morrendo, vou indo nessa. Tenho algumas coisas para resolver e vou me encontrar com a Jackie mais tarde.

Nick lança um olhar irritado para o amigo que ri. – Obrigado por ter vindo me ver. Desculpa por ter te preocupado.

Luke dá a volta na bancada e abraça o amigo. – Se precisar de mim, me liga! Não se afunde sozinho. Nick sorri e dá uns “tapinhas” na mão de Luke.

Nick – Valeu! De verdade!

Luke solta o amigo. – Vou indo nessa! Me liga se a barra apertar.

Nick sorri e se despede do amigo. – Pode deixar!

Depois de tomar um banho demorado, Nick decide que não ficará em casa. “Preciso de ar fresco e aqui vou me afundar mais uma vez!” Nick se arruma e sai. O dia está quente e ensolarado. Num rompante, decide alugar um carro e ir para a praia. É uma viagem de três horas, então acha que consegue voltar a noite. Passa em casa e pega uma muda de roupas e segue para sua viagem. Aproveitando a brisa que entra no carro ao acelerar, coloca sua playlist de rocks clássicos, cantando bem alto, como se quisesse exorcizar os pensamentos que o rodeavam. Uma sensação de tranquilidade o domina e ele consegue relaxar um pouco. “Preciso ver o mar!”

Nick estaciona na beira da orla e corre pela areia quente, tirando os sapatos, para que possa molhar seus pés. Abrindo os braços e olhando para cima, respira fundo e a maresia toma conta de seus sentidos. O sal e a água tocando sua pele, aquele cheiro de mar inundando suas narinas. Ele sorri e fica ali por algum tempo, aproveitando todas as sensações.  Andando rente a água, avista um quiosque e aproveita para comer alguma coisa. Pede algo para comer e uma cerveja. Sentando-se de frente para o mar, tira uma foto da cerveja, com o oceano ao fundo e manda para Luke. “Curando minha tristeza.” Alguns instantes depois recebe uma mensagem do amigo. “Você pirou de vez! Você foi para a praia?” Nick ri e responde que à noite volta. “Não bebe demais. Você está muito longe para eu ir te buscar!” Nick faz uma careta para o celular e volta a rir.

Pegando mais uma cerveja, volta a andar à beira do mar, deixando a água alcançar seus tornozelos e sentindo o sol em sua pele. Apesar de estar mais calmo, Max ainda não saiu de seus pensamentos. Aquela cena lembrava seu primeiro amor. O cheiro, o calor, tudo remetia ao Max. O fato de gostar tanto do verão é porque ele era o seu verão. Nick se senta na beira do mar, deixando as ondas o banharem enquanto deixava as lágrimas rolarem. “Uma coisa é certa, eu ainda o amo! E o James? Eu também o amo. Mas o que vou fazer?!” Nick passa a observar o sol, que está se pondo no horizonte. Quer que aqueles sentimentos se ponham, junto com o sol. Ainda com lágrimas em seu rosto, sorri para aquela cena à sua frente. A confusão de sentimentos e sensações estão o sobrecarregando, mas espera que aqueles breves momentos possam o “recarregar”. Então ele se deixa ficar ali, sendo tocado pela água morna e pelos últimos raios de sol.

A noite cai rapidamente e é iluminada pelas estrelas que surgem no céu. Ele se levanta e faz o caminho de volta para o carro, sem pressa, apenas aproveitando o momento. Havia algumas pessoas ainda na praia e perto de onde estacionou, avistou um grupo de amigos. Não aparentavam mais de vinte anos e estavam montando uma fogueira. Uma das garotas empunhava um violão, enquanto alguns rapazes se esforçavam para carregar um grande cooler que estava cheio. Nick engole em seco, a pontada dessa vez foi dolorosa demais, com as memórias daquele último verão o acertando em cheio. Sem condições de pegar a estrada novamente, decide procurar um lugar para passar a noite.

Nick está se segurando. Achou uma pequena pousada ali perto, que tem vagas disponíveis. Faz o check-in e vai direto para o quarto. Seu primeiro impulso é ligar para o amigo, mas se lembra que ele tinha um encontro. Tentando se controlar, respirando fundo, manda uma mensagem para Luke, explicando que decidiu não retornar hoje e que ficará em uma pousada. Lembrando da sessão de amanhã, manda uma mensagem para Kate informando que precisará se ausentar e pedindo a ela que auxiliasse a Rafa e o Max no que eles precisassem. Em seguida pede para que a Rafa o cubra no set. Depois desse último sopro de sanidade, Nick despenca na cama, deixando-se inundar pela dor e saudades que aquelas lembranças traziam.

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Comments

vanja Débora

vanja Débora

tá besta a história,se não desenrola neste próximo capítulo eu paro,só lembranças oxe ,eu quero é o romance,só lembranças não

2025-02-23

0

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

a história vai acabar e ele só nas lembranças 😥😥😥 prq ele não se permite ser feliz 🥺🥺🥺

2025-02-25

2

vanja Débora

vanja Débora

a história não desenrola oxente

2025-02-23

0

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