CAPÍTULO X

Aquele ano passou rápido, entre as aulas e o trabalho, os ensaios eram o momento de diversão de Nick. Como dissera, Max acabou estudando na mesma sala que Nick e se tornaram inseparáveis. Max sentava-se na carteira atrás dele e, sempre que tinha oportunidade, cutucava o amigo, provocando-o. Depois da aula, Nick passou a trabalhar no mercado como empacotador, por meio período, para ter seu dinheiro. Aos fins de semana estavam sempre juntos, ou ensaiando, ou fazendo um passeio, ou simplesmente não fazendo nada, apenas ouvindo música no chão do quarto de Max. A cumplicidade dos dois era tamanha, que Maya os considerava um, quando se tratava das decisões da banda.

Ao fim do ano letivo, Nick decidiu tirar um ano sabático, para fazer alguns cursos e decidir qual faculdade realmente queria fazer. Também aproveitaria para juntar dinheiro, para custear seus gastos iniciais quando fosse para a faculdade. Max estava interessado em fazer Jornalismo ou Comunicação, se inscrevendo para as duas. Maya havia passado para o segundo ano de Ciências da Computação e estava odiando a faculdade. Eles começaram a fazer planos para o verão, pensando em aumentar as sessões de ensaio, já que começaram a fazer pequenos shows, em alguns barzinhos e festas da escola. Andie os avisou que precisaria se afastar da banda por três meses, pois recebeu uma bolsa de intercâmbio e não poderia perder a oportunidade. Ela apresentou o Dex para a banda, que além de baixista também entendia de percussão. Assim, Dex passou a fazer parte da banda e quando Andie voltou, ele continuou como percussionista.

Ficou decidido que ensaiariam, pelo menos, três vezes por semana e manteriam os shows que faziam de fim de semana, começando na noite de sexta. Mesmo sem ensaio, Nick estava todos os dias na casa de Max, estudando violão ou ajudando-o a compor. Aquele era seu momento de felicidade, o momento que compartilhava com o amigo. Naquela época já sabia o que sentia por Max, mas nunca se declarou, pois ter sua amizade já era o suficiente. Era difícil controlar o ciúmes, quando as garotas chegavam no amigo ou pediam sua ajuda para conquistá-lo, mas sempre tentou se segurar, pois não queria que o amigo percebesse. A intimidade entre eles também era especial para Nick. Max sempre o estava abraçando, ou aceitava seus abraços sem nenhuma limitação.

Uma noite, depois do ensaio, estavam todos bebendo e rindo, quando Max o puxou para seu colo. Estava em pé, próximo a Max, e o puxão o pegou de surpresa. Se acomodando no colo de Max, sentiu que ele estava duro. Max abraçou sua cintura e recostou a cabeça em seu ombro, continuando a conversa normalmente com os demais. Ninguém pareceu se importar com isso, e apesar de ter corado, manteve-se ali, aproveitando aquela proximidade com sua paixão secreta. Max de vez em quando acariciava seu abdômen ou sua coxa, geralmente após gesticular algo com as mãos. A conversa então começou a girar em torno de relacionamentos.

Maya – Tenho uma declaração a fazer! Todos encaram Maya que está com um ar sério. – Tô querendo pegar a Andie. Todos riem, Max joga uma latinha vazia nela.

Max – Vocês já estão se pegando! Todo mundo sabe disso!

Andie – Foi só uma vez!

Max encara a amiga com tom de deboche. – Foram, pelo menos, três!

Maya – Mas e você? Quando vai desencantar?

Max – Não vou! Gosto do encantamento. Rindo, dá um leve aperto no quadril de Nick que continuava em seu colo.

Andie – Não aguento mais receber os bilhetinhos para esses dois. No último show foram mais de dez.

Max – Pode jogar fora, não tenho interesse neles.

Maya encara o amigo maliciosamente. – E onde está seu interessa?

Max – Aqui! Novamente pressiona o quadril de Nick, que abaixa a cabeça ruborizando.

Maya ergue uma sobrancelha e Max ri. – Meu interesse é a banda, somos nós. Não é?! Ele agarra Nick, balançando-o em seu colo. Maya ri debochadamente e Max a encara por alguns instantes.

Andie – E você Nick? Quantas fãs você já pegou depois do show?

Nick cora, negando com a cabeça. – Nenhuma!

Maya – Ahh, para com isso! As meninas babam em você! Na verdade, tem até uns caras que babam em você. Maya encara Max e ri.

Nick – Mas não rolou nada.

Max está encarando Maya com “cara de poucos amigos”, o que a faz rir e provocá-lo ainda mais.  – Mas tenho certeza de que tem alguém perto de você que te quer.

Nick – Para! Vocês estão exagerando. As meninas só querem saber do Max. E o Dex também não fica pra trás.

Dex – Oohh! Eu estou quieto aqui! Todos riem.

Maya – Mas tem alguém de quem você goste Nick? Max fuzila a amiga com o olhar, o que a faz cair na gargalhada. Nick cora e não responde. – Vamos fazer assim, vamos jogar verdade ou desafio.

Nick se levanta. – Não tenho ninguém Maya. Eu vou indo nessa, tá ficando tarde e amanhã preciso sair cedo, vou sair com minha mãe.

Max encara Maya, que dá de ombros. – Fica um pouco mais.

Nick – Melhor eu ir.

Max – Acompanho você. Max sai com Nick. Na rua, ele encara o amigo que parece chateado. – Você está chateado pelo que a Maya disse?

Nick – Hãmm?

Max – Você parece chateado. Foi pela brincadeira da Maya?

Nick – Não! Não estou chateado não. Acho que estou cansado. Não tenho dormido muito. Eles chegam ao portão da casa de Nick. Max o encara e acaricia seu rosto. Ele se aproxima mais um pouco de Nick, que entra em pânico. Abrindo o portão, Nick entra, se despedindo do amigo. – Te vejo amanhã! Nick fecha o portão e corre para seu quarto, ainda sem conseguir controlar a respiração. “O que foi isso?”

Nick ficou muito confuso com tudo que aconteceu na noite passada. Max o puxar para seu colo, as carícias, aquilo na frente de casa. Não sabia como lidar com os sentimentos que estavam fervilhando dentro dele. Depois do trabalho, decide ir direto pra casa. Em seu quarto, pega o violão e começa a dedilhar, sem prestar muita atenção. Agora sabia tocar e até ajudava nas composições de Max. Brincando com as cordas, passou a tocar uma balada suave, cantarolando com as notas que iam saindo. Não percebeu, mas Max o observava da porta.

Max - Toca novamente!

Nick leva um susto. – O que você está fazendo aqui?

Max entra no quarto. – Toca novamente! Nick obedece e toca novamente a balada que acabara de criar. Max pega um bloco de notas e uma caneta que estavam na escrivaninha e passa a anotar os acordes. – Mais uma vez. Nick sorri com a seriedade do amigo. Ele toca mais uma vez. Ele observa Max que está com um brilho no olhar. – Posso? Max gesticula para pegar o violão e Nick o entrega. Max dedilha as notas e continua acrescentando alguns acordes à composição de Nick. Esse o observa, encantado com a facilidade do amigo em compor. Max anota as notas, a cada pausa e reinicia. Depois de um tempo, Max sorri, segurando a composição deles.

Max – Assina! Essa é sua composição.

Nick – Só criei o início. O mérito é seu.

Max – Para com isso! Você sempre se subestima. A música é sua, eu só complementei. Nick nega com a cabeça e Max parece chateado. – É sério, essa composição é nossa. Assina!

Nick ri da chateação do amigo. Pega o bloco de notas de suas mãos e assina abaixo da composição. – Agora você! Ela também é sua. Max ri e assina abaixo do nome de Nick.

Max – Aêê! Vou emoldurar. Max começa a rir e abraça o amigo. – Por que você não foi lá pra casa?

Nick – Fiquei um pouco cansado hoje, vim pra casa tomar um banho, mas acabei pegando o violão e não vi a hora passar. O resto você já sabe.

Max sorri para o amigo. – Pensei que estava chateado comigo.

Nick nega com a cabeça. – Por que eu estaria?

Max encara Nick, o que o faz segurar o ar. Então sorri – Por nada não. Mas, sei lá...

Nick sorri e joga os braços sobre os ombros do amigo. – Você está pensando demais. “E eu também!” Nick suspira, lembrando do que aconteceu ontem.

Max pega o violão de Nick e começa a rodá-lo. – Precisamos de um nome para essa canção.

Nick sorri. – Deixo com você!

Max se levanta e pega uma caneta com tinta permanente que vira na mesa de Nick. Sentando-se novamente ao seu lado, pega o violão e escreve “Para o sempre nós! M.”

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