CAPÍTULO XIV

Aqueles últimos meses foram estranhos. Max continuou sendo o mesmo, mas desde o beijo, passou a manter uma distância de Nick, como se tivesse traçado um limite. Por conta da correria com os estudos e trabalho, a banda se encontrou cada vez menos, fazendo poucos shows naquele semestre e mal ensaiando. Nick acabara de prestar o vestibular para Publicidade e Propaganda para algumas faculdades e seu curso de inglês entrou em recesso. Agora teria um pouco mais de tempo para descansar. Sentia muita falta de Max, mas não sabia como se reaproximar dele. Maya havia comentado em um dos ensaios sobre uma garota que ele estava ficando, mas ele simplesmente negou. Isso corroeu Nick por dentro. Estava mais apaixonado que nunca e agora sabia que tinha perdido sua oportunidade, naquele dia.

A banda marcou um ensaio para sexta à noite, pois surgiu um show para fazer no domingo à tarde. Nick estava ansioso, fazia mais de quinze dias que não via o amigo.  Chegando à garagem para o ensaio, Nick se depara com Maya, Max e uma garota que não conhece, entretidos em uma conversa. A garota estava sorrindo e tocando Max toda vez que tinha oportunidade. Nick se irritou com aquela cena. Maya o vê e cumprimenta, o chamando para a roda de conversa. Max o encara e dá um breve aceno, voltando a conversar com a garota. Isso fere Nick, que estava magoado e com ciúmes.

Maya – Essa é Camille. Ela é colega de classe do Max e vai ficar para assistir o ensaio. Max observa a reação de Nick. Esse sorri e cumprimenta a garota, tentando controlar o ciúmes. Ele pede licença e vai a cozinha pegar um copo de água. Maya o segue.

Maya se recosta na geladeira e observa Nick. – E aí, o que você achou?

Nick – Do quê?

Maya – Eles não formam um lindo casal? Nick se engasga, cuspindo a água que acabara de beber. Ele limpa a camiseta e não diz nada, apenas encara a amiga. – Acho que eles não estão juntos, mas está perto. Nick assente com a cabeça e sai, voltando para a garagem.

Um tempo depois, Maya está dando uma bronca em Nick, por errar mais uma vez a deixa. - Nick! O que tá acontecendo cara? Já é a terceira vez que você erra.

Nick – Desculpe!

Andie – Maya não seja tão dura! Todo mundo tem os seus dias.

Maya – Eu sei! Mas faz tempo que não ensaiamos e vamos tocar no domingo.

Nick – Eu vou me concentrar, me desculpe.

Max – Vamos fazer uma pausa. Ele tira a alça da guitarra e a coloca apoiada no amplificador. Indo até a nova amiga, oferece algo para beber.

Camille – Está ficando tarde, é melhor eu ir embora.

Max – Se quiser ficar, te acompanho mais tarde.

Camille – Não, tudo bem. Eu preciso mesmo ir.

Max acompanha a garota até o portão e Nick fica atordoado com o turbilhão de sentimentos que o inundam. Ele nunca sentiu tanto ciúmes de Max. “Não tenho mais chances! Eles estão juntos. E se não estão, vão ficar!” Segurando as lágrimas que apareceram do nada, Nick corre para o banheiro. Respira fundo algumas vezes, se controlando. Andie bate na porta, perguntando se ele está bem e ele sai sorrindo para a amiga.

Nick – Tõ sim. Só é o cansaço desses dias.

Andie – Ele gosta de você!

Nick – Hãmm?

A amiga sorri e sai. Ele a segue até a garagem, sentando-se ao lado de Maya. Max retorna da cozinha com algumas cervejas e joga uma lata para a amiga.

Maya – E a regra de “sem cerveja até o fim do ensaio?”

Max – E o ensaio já não acabou?

Nick se sente culpado. – Me desculpem por eu não conseguir me concentrar hoje.

Maya fuzila Max com o olhar. – Fica em paz! Não é sua culpa.

Nick – Acho melhor eu ir nessa! Max o encara e Nick abaixa o olhar.

Maya – Espera aí! Tenho algo importante para conversar com vocês. Ela dá um longo gole na cerveja. – Então, esse semestre foi punk e não conseguimos ensaiar direito nem compor. Mas agora vai ficar mais tranquilo e eu queria propor uma viagem para que pudéssemos criar algumas músicas e gravar. Minha família tem uma casa na praia e um dos amigos do meu pai tem um pequeno estúdio lá perto. Ele nos ofereceu para que possamos gravar. O que vocês acham?

Andie e Dex soltam um grito e se jogam em Maya. Max sorri, assentindo. Nick não sabe se irá. As coisas estão estranhas entre ele e Max e ele não quer piorar para a banda. Maya o encara.

Maya – E você?

Nick abaixa a cabeça. – Não quero atrapalhar.

Maya se levanta e vai até o amigo, o abraçando. – Mas quem disse que você vai nos atrapalhar. Se você não for, aí vai atrapalhar. Não quero a voz do Max na nossa primeira gravação. Nick olha para a amiga, que sorri para ele. – Decidido! Vamos para praia. Pelas datas que esse amigo do meu pai me passou, a melhor é daqui a duas semanas. A praia ainda não estará cheia e poderemos aproveitar mais.

Andie – Mas vamos gravar ou vamos para a praia.

Maya sorri maliciosamente e dá uma piscada. – Uma coisa não exclui a outra. Acham que dá? Todos concordam. Max está de canto, observando Nick. Apesar de ter concordado, ele está chateado pelo que ocorreu no ensaio mais cedo e está com medo de falhar com os amigos novamente. Ele percebe que está sendo observado e quando levanta o olhar, Max desvia. Isso o chateia, pois nem a amizade é igual a como era antes.

Maya joga os braços sobre os ombros de Nick. – Não fica assim não gatinho. Como a Andie disse, todo mundo tem seu dia. Eu sei que você vai dar o seu melhor! Nick abraça a cintura da amiga e agradece. Max os observa, ainda de canto, sorrindo quando vê o sorriso de Nick. Eles ficam mais um tempo bebendo e conversando, fazendo os planos para a viagem. Ficou decidido que passariam uma semana na casa de praia e que teriam dois dias para o estúdio. Então gravariam algumas músicas que já tinham e comporiam mais algumas.

Duas semanas depois, Maya aparece no portão de Nick em uma minivan. Colocando sua mala e o estojo do violão na parte de trás, ele questiona a amiga como levará a bateria.

Maya – Eu tenho uma pequena lá. Meus pais me deram, depois que eu quase coloquei a casa abaixo, usando as panelas como bateria. Ela ri e Nick a acompanha. – Vamos! Andie e Dex já estão na casa do Max nos esperando.

Nick sente uma pontada ao ouvir o nome dele. Desde o último ensaio não o viu e não falou com ele. Quer resolver essa situação, quer ter seu amigo de volta, mas não sabe como.

Maya – Nick, passa pra trás, deixa a Andie sentar aqui comigo.

Nick sai e vai para trás, sentando-se ao lado de Max, o único lugar livre. Dex já havia se apoderado do último lugar, ao lado de alguns dos instrumentos. Max estava lindo como sempre, com uma camiseta branca, calças jeans, o cabelo preso em um coque e óculos escuros. Ele dá um breve aceno para Nick e volta a olhar para fora, pela janela. Nick o observa por um tempo, mas não quer que ele fique chateado, então coloca seus fones de ouvido e pega um livro em sua mochila. Apesar de tentar, não consegue se concentrar na leitura, guardando o livro depois de um tempo. Passa então a observar as meninas no banco da frente. Maya estava com uma mão no volante e outra na perna de Andie, que colocara uma das mãos na nuca da namorada. Elas não oficializaram, mas estavam juntas já faz um tempo. “Eu também poderia estar assim!” Nick ri sarcasticamente e Max o encara. Ele disfarça, olhando para a outra janela.

Maya – Vamos fazer uma parada. Preciso esticar as pernas e ir ao banheiro. Ela para em uma lanchonete na beira da estrada e todos saem do carro. Depois de fazerem um lanche, decidem continuar, mas agora Max iria dirigir. – Nick, passa pra frente com Max. Eu e a Andie vamos para trás. Max fuzila a amiga com o olhar e Nick percebe.

Nick – Dex, quer ir na frente?

Dex – Não. Prefiro ir lá trás, melhor pra dormir.

Max encara Nick, que desvia o olhar e entra na van. Max assume o volante e eles voltam para a estrada. Nick evita olhar na direção do amigo, não quer ser rejeitado. Max está com uma mão no volante e outra apoiada na janela, o olhar sempre na estrada. Em um determinado momento, quando foi trocar a marcha, ele toca de relance na coxa de Nick. Aquele toque foi como uma pequena faísca, suficiente para incendiar todo o corpo dele, arrepiando-o. Ele ruboriza e disfarça, olhando para fora. Max o observa brevemente, a ponta de um sorriso nos lábios.

Um tempo depois chegam à casa de praia. Maya entra na frente, abrindo as portas e janelas. Na parte de trás da casa, tem uma grande área, com uma piscina e churrasqueira. Dentro da casa, tem três quartos, dois banheiros, a cozinha e sala de estar. Atrás da piscina tem uma edícula, onde está a bateria de Maya. Ela orienta o pessoal a colocar os instrumentos lá. Voltando para a casa, ela separa o pessoal nos quartos.

Maya – Eu e a Andie vamos ficar com esse quarto. Dex, você fica naquele. Nick e Max vocês vão dividir esse. Maya abre a porta de um quarto grande, com uma cama de casal e um sofá. – Vou deixar o Dex sozinho, porque ele ronca demais. Ninguém vai conseguir dividir o quarto com ele, tudo bem? Max entra no quarto e coloca sua mochila no sofá. Nick assente para a amiga e também guarda suas coisas. – Vou ao mercado buscar algumas coisas. Fiquem à vontade! A piscina está limpa e pronta para ser usada. Já volto.

Max olha para Nick. – Pode se trocar. Depois eu me troco. Dizendo isso, ele sai e deixa Nick sozinho no quarto. Nick está chateado. Ele se senta na cama e esfrega o rosto com as mãos. “Não sei se vou aguentar essa situação.” Pouco tempo depois ele chega na área da piscina, vestindo apenas um pequeno shorts e Max o encara, medindo-o de cima a baixo. Max morde os lábios e Nick cora. Ele se senta em uma das cadeiras de praia e passa um pouco de protetor solar. Max continua o observando. Nick tem dificuldade em passar o protetor nas costas e Max, sem dizer nada, pega o tubo e pinga um pouco em suas mãos, espalhando pelas costas de Nick. O toque de Max acende Nick, que tenta disfarçar sua ereção. Max acaricia sua nuca, arrepiando-o pelo toque. Nick encara Max, que se aproxima um pouco mais dele. As garotas chegam do mercado e Maya chama Max, fazendo-o recuar. Ele vai até a amiga, deixando Nick mais confuso ainda. “O que foi isso?”

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